gostou de você de primeira

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Atualização tarde da noite porque se fosse cedo não seria eu. Enfim, boa leitura!

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A vida de Gizelly nunca esteve tão bagunçada. A advogada certamente já havia passado por maus bocados, porém essa era a primeira vez que a bagunça de sua cabeça se refletia em sua casa. Todo o pique que teve no primeiro dia de mudança se esgotou ali, e desde então nunca mais se animou para arrumar o novo apartamento. As caixas da mudança ainda estavam espalhadas por todos os lados, mesmo as vazias tinham seu espaço no apartamento pois a mulher não tinha ido descarta-las ainda. Boa parte das roupas estavam fora do guarda-roupa – ainda ocupando caixas –, as louças quase nunca iam pro armário da cozinha e acabavam ficando no escorredor de louça, o escritório estava congestionado com documentos de todos os tipos, e esses são apenas os detalhes mais aparentes. Parecia que um furacão havia passado ali, e por mais que a mulher tivesse um carinho pela palavra isso estava longe de um elogio a sua nova moradia.

A mudança havia dado certo, porém as demais preocupações da mulher ainda estavam ali – assim como algumas novas surgiram por conta de sua distância de Vitória. Gizelly estava a ponto de enlouquecer.

A advogada estava deitada no sofá, com os olhos fechados e as mãos massageando as têmporas quando ouviu seu cachorro, Jack Bacon, chorar. Jackinho estava doente há um tempo, e os remédios que o veterinário de Vitória receitou pareciam não surtir efeito nenhum, o que deixava Gizelly de coração na mão pois odiava ver seu bichinho daquele jeito. A mulher logo tratou de se levantar e pegá-lo no colo, fazendo carinho e fazendo questão de falar baixinho pois sabia que ele estava com dor nos ouvidos.

— Ô meu deus tadinho do meu filho...

Jack continuava chorando mesmo no colo de sua dona, o que não era comum. Quando Gizelly o pegava no colo ele costumava parar de chorar, pois o motivo do choro geralmente era metade a dor e metade carência – tal mãe, tão filho diriam os mais íntimos. Preocupada, a advogada pegou o telefone e pesquisou a clínica veterinária mais próxima no Google. Infelizmente, por conta do horário, já estava tudo fechado. Olhou mais uma vez para Jack abatido e tentou a sorte, discando os números das clínicas e ligando para cada uma delas para checar se alguma estava aberta. Ligou para várias, até que finalmente foi atendida.

— Mcgowan's Clínica Veterinária, com o que posso ajudar?

— Aí moça graças a Deus que você atendeu, eu já tava perdendo as esperanças. — Gizelly diz atropelando as palavras. — Meu cachorro, Jackinho, tá doente e eu não sei o que fazer com ele. Os remédios não tão adiantando e ele tá chorando muito.

— Desculpa moça, mas já encerramos as atividades de hoje. — Gizelly murcha e suspira. A voz do outro lado faz uma pausa antes de prosseguir. — Em quanto tempo você consegue chegar aqui?

— Dez minutos. — Gizelly diz esperançosa.

— Ok. Pode trazer o Jackinho.

— Muito, muito, muito obrigada!

Gizelly diz e logo desliga o telefone, pegando Jack e indo correndo para o elevador. Ela nem sabia se conseguiria chegar na clínica em dez minutos pois não conhecia direito o seu novo carro, mas havia prometido e teria de cumprir. Estava usando moletom cinza e com o cabelo desarrumado, mas nem se importou com isso, afinal estava indo para o veterinário e não para um encontro. A advogada se contentou em apenas fazer um coque de qualquer jeito e seguiu seu rumo até o seminovo. Colocou o endereço no Maps e agradeceu a todas as entidades possíveis quando viu que o trajeto duraria exatamente dez minutos, o que queria dizer que chegaria na clínica em no máximo sete minutos pois sabia que consegue correr quando quer – só esperava que o veículo aguentasse o tranco. O cachorro havia parado de reclamar, porém tinha seu semblante abatido e estava prestes a cair no sono. Gizelly o cutucava vez ou outra para o bichinho não dormir, com medo dele não acordar mais. Digamos que a advogada é um tanto quanto dramática.

see you againOnde histórias criam vida. Descubra agora