quero um beijo

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A advogada estava em seu escritório, e por mais que a equipe estivesse reduzida, aquele lugar nunca pareceu tão agitado. Todos corriam para terminar suas tarefas e conseguirem sair o mais cedo possível. Era dia 24 de dezembro, véspera de natal. A morena olhava todos se matando de trabalhar para encontrar as famílias e amigos o quanto antes e não pode deixar de ficar triste, com um pouco de inveja até. Gostaria de estar apressada, de ter motivos para estar apressada, porém não estava. Ela não tinha jantar pra ir ou família pra visitar, então trabalhava no seu ritmo habitual.

Sua família estava a mais de 700km de distância dela, e por um momento Gizelly se permitiu pensar o que eles estariam fazendo no momento. Conseguiu visualizar sua mãe arrumando a decoração da casa, enquanto sua vó briga com ela por estar adiando a preparação da ceia. Imaginar a cena a faz rir, mas logo o riso morre e se converte em vontade de chorar. A capixaba então foca no trabalho, afastando as lágrimas ou qualquer outra emoção que possa vir a sentir. Não era uma coitadinha. Estava longe de ser, então não devia se comportar como uma.

Ela é a última a deixar o escritório. Já era por volta das seis da tarde e o som nem sequer apresentava sinais de que iria se pôr, benefícios do verão, pensou ela. Gizelly sempre amou o sol, com certeza era uma pessoa diurna. Acordar cedo nunca foi um problema para ela, desde que pudesse vislumbrar o astro rei assim que abrisse os olhos. Seu carro havia dado problema de manhã, e como o mecânico estava "fechado para festividades" ela teve que ir trabalhar andando. Não era exatamente um problema, mas ela sentia falta de voltar para a casa com a vista da orla em vez da visão de vários prédios. São Paulo é linda, só não é a beleza de preferência da jovem advogada.

Quando chega em casa é muito bem recebida por Jackinho, que já estava praticamente sarado da otite. Tira seus sapatos não adequados para caminhada e sente o sangue voltar a fluir por seus pés inchados pela caminhada. Aquele definitivamente não era seu dia. A advogada caminha até o banheiro deixando as peças de roupas que usava pelo caminho, entrando direto na água gelada do chuveiro. Queria relaxar e espairecer. Aproveita o máximo de tempo que consegue na água, até que sai e vai colocar uma roupa fresquinha. Não era exatamente religiosa, então não via porquê colocar uma roupa muito bonita para o Natal já que passaria sozinha.

Liga a televisão e começa a assistir uma de suas séries preferidas: How to Get Away with Murder. Não tinha muito o que fazer, então aquele era o passatempo mais prático que tinha em mãos. Pensou em ligar para alguns de seus amigos, mas não queria incomodá-los. A loira também cruzou seus pensamentos, mas como ela sabia que ela estaria com a família não queria ser inconveniente. Então, focou na televisão para ver se as horas passavam mais depressa – assim como aquele dia, que ela não via a hora de acabar.

Marcela, por outro lado, estava tentando aproveitar cada segundo que passava com sua família. Não tinha a oportunidade de vê-los sempre por conta do trabalho, então estava tirando todo o proveito possível daquele tempo com as pessoas que ama. No momento, ela estava conversando com sua sobrinha, Alessia. Ela estava sentada no sofá e a menina estava em seu colo, brincando com uma boneca.

— Matéia, Matéia! — A pequena a chamou.

— Oi meu amor. — Marcela disse fazendo carinho em seu cabelo.

— Sabe o que eu pedi pro papai Noel?

— Hum... Uma boneca?

— Não! — A menina sorriu sapeca, balançando a cabeça.

— O que, então? É muito difícil adivinhar.

— Eu pedi um carro.

— Um carro? — Marcela riu da ousadia da criança. — Pra que você quer um carro, Alessia?

— Porque outro dia eu pedi pra mamãe me levar no parque e ela não me levou, aí se, se eu tiver um carro eu posso ir sozinha. — Alessia disse enquanto penteava o cabelo da boneca e Marcela arqueia as sobrancelhas.

— Ah é? E quem vai dirigir o carro?

— Hum... — A menina olhou para o nada, pensando na resposta. — No próximo Natal eu peço um motorista. — Marcela ri mais ainda da imaginação da garota. — E você tia Ma, pediu o que?

— Eu não pedi nada, meu amor. — Disse fazendo um biquinho.

— Ainda dá pra pedir. — A menina olha pra tia. — O que você quer de Natal?

— Eu quero um beijo bem gostoso. — A veterinária diz e vira o rosto, apontando pro próprio rosto.

Alessia agarra seu pescoço com os braços e dá um beijo demorado em sua bochecha, a fazendo fechar os olhos ao sorrir. Ela amava aquela menina como se fosse sua própria filha. A pequena sai de seu colo e vai correndo até a cozinha porque sua mãe havia a chamado para comer. Já passavam das oito da noite, então sabia que sua sobrinha não iria aguentar muito mais tempo acordada.

Marcela se levanta do sofá e vai até a cozinha ajudar com o jantar. Não tinha muitos dotes culinários, mas era uma ótima assistente.

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Curtinho, né?

Só escrevi esse pro natal não passar batido mesmo, então segura ae que hoje tem atualização dupla.

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