O domingo havia sido tão divertido quanto o dia anterior para a advogada. Ela e os amigos haviam ido a praia, de dia dessa vez, e curtido o final do verão da melhor forma possível. Tomaram banho de Sol e de mar, comeram milho e chuparam sorvete, ficaram em quiosque e no meio da faixa de areia em seu próprio guarda-sol. Passaram horas lá, já que saíram de casa por volta das dez da manhã e só deixaram a praia assim que o astro rei começou a se pôr. A advogada havia recuperado toda a vitamina D que ela havia deixado de pegar durante os meses que passou em São Paulo.
Na hora de ir embora todos foram juntos para casa de dona Márcia. Gizelly voltaria pra casa ainda naquele dia para a infelicidade de todos, até dela mesma. A advogada tinha que trabalhar no dia seguinte, então estender a estadia não lhe era uma opção. Ivy a ajudou a arrumar a mala e VH ficou responsável por levá-la até o aeroporto. Pyong teve de ajudar Sammy em casa, por isso se despediu da capixaba por FaceTime.
Despedidas. Essas com certeza não eram coisas queridas pela advogada. O momento de dizer tchau foi dolorido, recheado de lágrimas e palavras bonitas. Mais uma vez, a capixaba quis não ir para São Paulo, mas ela não tinha mais escolha. A mulher se despediu de Ivy e sua mãe na casa de dona Márcia, de modo que apenas VH a acompanhou até o aeroporto. O clima no carro durante o percurso era de melancolia, mesmo que os dois tentassem ameniza-lo. Ver sua melhor amiga partir novamente era difícil para Vitor, e ele não era o melhor ator do mundo.
— Promete voltar logo? — O psicólogo pergunta assim que eles chegam ao aeroporto.
— Prometo voltar assim que eu conseguir. — Gi diz com um sorriso triste e VH a abraça.
— A gente te ama demais.
— Eu amo muito vocês também.
Os amigos se separam do abraço e Gizelly deixa o carro, se dirigindo ao porta-malas para pegar sua bagagem. Com sua bolsa em mãos ela observa o carro preto de VH partir, a deixando sozinha mais uma vez. O resto da viagem para São Paulo foi solitária, de modo que só se encontrou com Manoela e Mari no outro aeroporto para pegar uma carona. As três foram conversando pra casa e atualizando a morena sobre tudo que tinha rolado na cidade durante o tempo em que ela esteve fora. Infelizmente, a única atualização que a advogada queria não lhe foi dada.
A capixaba até tinha colocado em sua cabeça que ligaria para a veterinário assim que chegasse em casa, mas a única coisa que seu cansaço a permitiu fazer foi dormir.
Marcela teve um domingo nada cheio, em contrapartida. Passou o dia fazendo suas malas e refletindo sobre como sua vida estava prestes a mudar pra sempre. Conheceria um novo país, novas pessoas, uma nova cultura, tudo novo. Ela estava radiante, e, embora a tristeza de ter de deixar sua vida no Brasil no escanteio por um tempo estivesse ali, ela não deixava o pensamento ruim lhe atingir. Queria ter uma experiência boa do começo ao fim.
Nenhum dos amigos da veterinária havia ido vê-la, porém isso não a incomodava. Ela tinha ciência de que todos as amavam e de que a amizade deles era assim mais desleixada mesmo, mas isso não tornava o que tinham menos especial. Eram todos adultos, não tinham tempo para picuinhas.
Quando a noite tomou conta da grande São Paulo a loira percebeu que não poderia mais fugir de sua última responsabilidade pendente. Ela tinha que avisar Gizelly que estava indo. A paulistana pega seu celular e fica encarando o contato da advogada por mais tempo do que poderia imaginar, pensando como contaria a novidade. Pensou em ligar, mas não sabia se as palavras sairiam, e uma chamada de vídeo poderia fazê-la perder a coragem de falar. Após muito refletir, ela resolveu escrever uma mensagem.
"Oi Gi! Tudo bem?" Escreveu na primeira mensagem. A loira esperou alguns minutos para ver se obtinha alguma resposta, mas nada chegou até ela. Respirou fundo e continuou escrevendo.
"Não sei bem quais palavras usar pra te dizer isso, mas eu tô indo pra Davis. Aceitei a vaga, começo em setembro." Mandou a segunda mensagem e, mais uma vez, aguardou alguma manifestação da advogada. Sem sucesso, obviamente, já que a capixaba dormia.
"Tô partindo pros EUA amanhã de manhã, então quando você ler isso eu provavelmente já estarei no meu voo." Uma lágrima solitária caiu de seu olho e a loira logo tratou de limpa-la.
"Te vejo na próxima."
Marcela bloqueia o celular e o joga longe, querendo fugir do sentimento ruim que aquelas mensagens haviam lhe causado. Fugir, um verbo que ela estava utilizando muito ultimamente. Se sentia covarde quando se tratava de Gizelly. Uma fraca. Estúpida. Um ser humano horrível. O que se tratava de uma única lágrima se transforma num pranto incessante, vergonhoso de tão intenso, e a loira chora até que suas forças acabam e ela cai no sono.
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Oi gente! O capítulo de hoje foi bem curtinho por ser mais uma ponte entre o anterior e o próximo.
Não acredito que finalmente chegou o momento, mas a fanfic tá oficialmente acabando (sim eu quero chorar). Faltam uns três capítulos pro fim e é um sentimento agridoce. Sempre tive muito medo de postar aqui e só posso agradecer pelo feeedback de vocês, porque se eu consegui chegar até aqui foi por vocês. Obrigada, obrigada e obrigada!
Desde já peço pra que preparem o coração porque teremos emoções fortes nos próximos capítulos, mas não esqueçam da minha promessa (e não me matem por favor).
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see you again
FanfictionHá quem diga que nós viemos a esse mundo com um propósito, seja ele social, próprio, ou até mesmo amoroso. Mas o que acontece se você não conseguir atingir seu objetivo? Será que temos uma segunda chance? Gizelly Bicalho já viveu uma vez, porém sent...