DEZESSEIS

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*una musiquita para dar um up no capítulo, que vai ser, ó, DAQUELES*

*creio que o capítulo será bem longo*

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Nenhuma outra notícia é cochichada além da do Baile de Despedida. Será uma festa e tanto, já que estarei junto. Uma filha perdida dos Calore retornando com eles para a capital. Soa irônico dizer e até pensar isto, sendo que eu prometi a mim mesma que nunca me aproximaria da família real. Quero acreditar que essas palavras saíram da minha boca quando eu ainda era uma criada, porque não faria sentido ser uma princesa e viver isolada por aí. Eles — os prateados — desconfiariam na hora.

Por isso, luto para me manter rija, intocável e inabalável, como Raven Calore, a princesa ardente.

Mas esta tarefa anda mais difícil de superar do que o esperado.

A rainha Elara, como nunca tinha feito antes, me levou para mais almoços e jantares, mais eventos, mais festas. E, em todos, me senti sufocada. Uma menininha prestes a abrir a boca e chorar. Mas sei que isso é um teste de resistência. Elara quer provar que posso ser de ferro e fogo quando quero e uma dama sensível e delicada quando ela quer. Não estou muito diferente de um fantoche. Um fantoche feito de carne humana e um poder semelhante aos dos deuses.

Contudo, o plano de Farley é o que me faz querer levantar da cama todos os dias e encarar as pessoas. O Baile está próximo demais para o meu gosto; Maven e eu continuamos a compactuar a favor do futuro "atentado". Eles nem imaginam que o próprio príncipe é um exímio simpatizante da Guarda. Quando descobrirem, será um dia interessante...

Eu estou ocupada demais pensando na nossa pequena reunião na estufa que nem me importo de receber uma bronca da Lady Blonos, alegando que estou distraída demais. Em outros casos, eu lançaria um vago olhar feio para ela. Mas hoje estou num estranho bom humor, então isso não se torna problema meu — tirando o fato de que eu realmente preciso aprender essa maldita dança.

Tudo vale para nunca levantar suspeitas. E a dança é uma excelente estratégia.

No treino, não reclamo tanto quanto antes. Eu até já estou pegando o jeito da coisa, independente de qual seja o estilo dos exercícios que o instrutor Arven muda repentinamente. Muitos vêem meus progressos nos treinos de tiro ao alvo, saltos e corrida. Tenho a impressão de que eles temem isso. Deve ser esse o motivo do assistente Provos viver pegando no meu pé na frente de todos os outros jovens.

Para a minha sorte, Evangeline não está mais enchendo o meu saco. Acredito que dei uma boa lição nela no meu primeiro dia, ainda que eu receba quase todo o seu estoque de olhares cortantes. Mas hoje ela não está fazendo isso. Assim como o resto do pessoal, Evangeline se dedica ao máximo no aquecimento. Fico surpresa quando Maven faz o mesmo. Parecem se preparar para algo não muito agradável. Posso ver as expressões nervosas em cada rosto presente.

— O que está havendo? — Pergunto pela primeira vez, lutando para não manter um olhar invejoso sobre Cal, que faz uma série de flexões perfeitas.

— Você vai descobrir num minuto — Maven responde incrivelmente seco. Fico confusa, mas não surpresa. Viver aqui é estar apto para presenciar cada coisa incomum...

Como Maven preveu, o instrutor Arven e o telec Provos adentram o salão, caminhando de um jeito diferente. Ao invés de logo nos mandar correr como sempre fez, ele se aproxima. Desta vez, não sinto o peso do silêncio. Meu poder continua aqui. Suspiro aliviada e meio assustada ao mesmo tempo. Hoje o dia não acabará bem.

A Mais Forte (What If...?/AU) [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora