Sem pensar, me movo com destreza dentre a multidão desesperada. Finjo que estou com medo, finjo que posso ser uma vítima de Farley. Mesmo no meio do caos, me desloco pelos diversos nobres em fuga, não para me proteger, mas para proteger outras pessoas.
Eu disse para Maven que não conseguiria fazer isso, que não conseguiria ver essas pessoas morrendo sem nem ao menos saber o que fizeram para merecer tal destino cruel.
De repente, as luzes oscilam no teto. Piscam e piscam até se apagarem por completo. Mare. Não me surpreendo, mas também não me agrado. Ela é como Farley. Quer acabar de vez com a soberania prateada, custe o que custar. Esbarro nas pessoas, enxergando apenas vultos coloridos sombreados pela escuridão repentina. Posso ouvir os gritos dos guardas, que se assemelham a rugidos ferozes.
— Nos vãos! — Alguém grita. — Estão correndo!
— Encontrem-nos!
— Detenham-nos!
— Matem-nos!
A última ordem me causa calafrios, e decido apertar o passo para ir atrás de quem quer quer seja, tanto vermelho quanto prateado. Mare, Kilorn, Walsh, a coronel, Belicos, Reynald... Tantos nomes, tantas vidas. Não sei se darei conta sozinha. Por isso quero ir atrás de Maven. Ele vai me compreender. Tem que compreender. Querendo ou não, são seus semelhantes também.
Como numa explosão, uma enorme língua de fogo ilumina o ar, uma mistura de calor e raiva. Por causa disso, consigo ver os diversos rostos assustados que correm ao meu redor. Infelizmente, não identifico Maven na bagunça. Nem Kilorn ou Walsh ou Mare. Meu estômago revira quando penso na possibilidade de... Não! Balanço a cabeça, determinada da minha convicção. Eles são espertos demais para falharem assim.
Um grito terrível e familiar irrompe sobre os outros. Ao meu lado, Sonya chora e esperneia em cima do cadáver de Reynald, seu primo. Seus olhos não se fecharam antes da morte, dando-me uma visão macabra de seu corpo que jaz sobre o piso de mármore e do seu próprio sangue.
Com movimentos incrivelmente ágeis, Lady Ara faz de tudo para arrastar Sonya para um lugar seguro. A jovem silfo, claro, não quer abandonar Reynald, mesmo depois de morto. Um já foi. Por favor, que eu tenha mais tempo.
Tento andar mais rápido para evitar me lamentar junto delas. A bainha do meu vestido, ainda que não seja completamente rodada, atrapalha minha locomoção e me vejo obrigada a rasgá-la para andar melhor. Isto vai doer mais em mim do que em vocês, minhas criadas. Em algum lugar do salão, sob a iluminação sinistra da língua de fogo, posso enxergar Tiberias ser arrastado para longe daqui. Ele grita, tenta se desvencilhar das mãos de seus sentinelas, porém, é em vão. Em outro evento, talvez, seus homens o obedeceriam. Mas hoje não. Agora, jamais. Sua segurança é a prioridade deles.
Logo atrás, aos tropeços, Elara e Maven os seguem. Noto que ele olha para trás diversas vezes, procurando alguém. Me procurando. Sinto-me mal por fazê-lo ficar com medo, mas tenho que seguir meus instintos. Não serei capaz de ficar dentro de um esconderijo sabendo que várias pessoas inocentes morreram ou morrerão esta noite.
Os agentes correm contra o tempo e o fluxo desesperado, procurando os invasores e protegendo os convidados. Temo pelas vidas dos meus companheiros. Tomara que estejam bem. Nenhum deles me nota, nenhum deles ousa chegar perto de mim e me levar para um esconderijo, para junto da minha suposta família. Estão mais concentrados em apaziguar a multidão aflita. Ou estão com medo. Medo de tudo que está acontecendo. Eles não imaginavam que poderia ocorrer um atentado justamente no Palacete do Sol. Nem eu.
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A Mais Forte (What If...?/AU) [CONCLUÍDO]
ФанфикE se a vermelha que caísse na arena da Prova Real não fosse Mare Barrow, mas sim uma outra sanguenova tão forte e poderosa quanto? Uma garota com poderes de ardente que é capaz de criar as suas próprias chamas? Essa é a história de Ravenna Sylvester...