Decision

1.6K 63 48
                                    

P.O.V JADE 

Salgado era o gosto que eu sentia do suor escorrendo até a minha boca. Meu corpo caiu sob a cama em exaustão, eu podia sentir o meu coração latejando nos meus ouvidos. Eu só conseguia ouvir a minha respiração, e os gemidos de cansaço do velho babão, parecia que não fodia alguém há séculos.
Levantei-me da cama sem dizer nada e fui até a ducha, em alguns longos segundos eu já havia terminado, queria ir embora, só Deus sabia o quanto.
— Quando vai ser a próxima? — quem vê essa animação toda, até pensa que não fui eu que fiz o trabalho todo.
— Isso é com o senhor — sim, chamei-o de senhor, não pude perder a piada. — É só marcar com a Margot, sabe como fazer.. — dei ombros, já com a minha roupa do corpo, finalizei calçando meu salto que insistia em machucar o meu dedinho.

É como um eterno ciclo que não se acaba, novamente comecei a sentir minhas pernas fracas, minhas mãos ficando trêmulas e soadas, quanto mais eu tentava me controlar, mais sentia. Respirei fundo e expirei, várias vezes como num ritual. Nos últimos meses isso têm acontecido frequentemente, e eu sabia o que era. Ocorria sempre que eu ia para a cama com algum cliente, então, acontecia mais do que alguém de fora poderia imaginar.

Chegando na boate, fui correndo até ao banheiro dos clientes, o meu estava longe demais para quem queria vomitar. Segundos após eu avistar a privada soltei o meu vômito imediato, o gosto era amargo e fazia-me repetir o ato até virar água.

Subi para o bordel, onde ficava os quartos, as escadas pareciam não ter fim para quem só queria chegar até o quarto. Retirei meu salto, aliviando meus dedinhos e deixando-os respirar. Separei o meu dinheiro na caixinha e retirei os 80% de Margot. Retirei minha roupa de vadia e coloquei apenas um shorts de moletom, uma blusinha preta de alça, e meu chinelo.

Olhei no relógio e era meio dia, estava atrasada meia hora pra limpar os dormitórios. Mas é claro, aquele velho já devia estar morrendo e dirigia feito um bicho preguiça.

— Eu já sei Margot, que droga, não sou nenhuma criança — Emilly passava feito um furacão no corredor dos dormitórios. Despertou-me uma curiosidade, queria saber o que se passava com minha melhor amiga. Olhei para os lados e nenhum sinal de Margot, então fui breve com o meu balde e rodo na mão, a seguindo até seu quarto.

— Problemas? — entrei no quarto largando o balde de água no chão.
— O que você acha? — a voz dela estava embargada, sabia que estava prestes a chorar, mas até então ela evitava olhar pra mim.
— Você já sabe o que eu vou te dizer, não é? — aproximei-me até ela, me sentando ao seu lado.
— Que eu tenho que ser sangue frio? Que eu tenho que ver pelo lado bom das coisas? — gritava em fúria, e eu não tiraria sua razão.
— Me diz o que houve? — até então estava calma, só queria entender o porquê de ela estar assim, afinal, poucas coisas eram capazes de tirar Emilly do sério. Além de quebrar a unha.
— Sua mãezinha — disse em tom irônico, me fazendo arquear as sobrancelhas — Ela simplesmente não me deixa em paz desde semana passada, quando me recusei a ir para a cama com o presidente, eu venho engolindo os desaforos dela desde então, mas hoje cheguei no meu limite. Sabe o que ela fez? — neguei com a cabeça — Ela simplesmente pegou todo o meu dinheiro, disse que era juros por ter a feito perder dinheiro.
— Nada do que ela nunca tenha feito né? — revirei os olhos
— Eu só queria ir embora, só isso que eu queria. Maldita hora que eu fugi dos meus pais.
— Se pudéssemos prever o futuro, nem eu estaria aqui Emy, eu poderia ter dado meu grito assim que eu a vi no orfanato, com a papelada em mãos, se tornando minha mãe — a encarei com desdém — Mas quer um conselho?
— Seus conselhos não tem resolvido muito — cuspiu as palavras com ódio.
— Faça tudo o que tem que fazer, não faça nada que deixe a Margot com raiva, sabe que é pior. Agora que você a enfrentou, sabe-se lá o que ela vai tramar pra você agora. — bufei — Pode ser um dos piores castigos que já sofreu aqui, você recusou o presidente — a encarei, ela estando cabisbaixa — Quanto o presidente iria pagar? — perguntei, não obtendo respostas. Ok, já sabia que tinha sido muito dinheiro, dinheiro no qual ela fez Margot perder o recusando, o motivo pela Margot estar furiosa.

Hard way (finalizada) Onde histórias criam vida. Descubra agora