Capítulo 20

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De repente estava nevando, de repente era véspera de natal e de repente todos haviam ido embora. Os alojamentos estavam todos INTEIRAMENTE vazios. Eu havia convencido Brandon de que iria para a casa da Joalin e convencido Joalin, Krys e Heyoon de que iria para casa do Brandon. Josh não aparecia por aqui há duas semanas então não tive que inventar desculpas para ele também.

Estava fazendo frio à beça e eu queria ficar enrolada na minha cama o dia todo, mas tinha trabalhos de recesso para fazer. Então cá estou, enrolada em uma pilha de lençóis com uma pilha de papeis na minha frente, em plena manhã de véspera de natal. Frajola estava ainda mais preguiçoso enroscado em uma camiseta velha que ele havia arrastado do quarto do Josh. Ele aparentemente sentia falta do dono.

Meu notebook começou a apitar com uma chamada de Skype e meu coração gelou quando vi quem era. Minha mãe. Eu hesitei um momento para aceitar a chamada, mas logo cliquei e os rostos dos meus pais apareceram nitidamente na tela. Apesar de tudo, eu sentia a falta deles e foi bom vê-los.

-Any... – minha mãe falou, aparentemente emocionada. – Querida, faz tanto tempo.

-Oi, mãe. – sorri. – Faz realmente muito tempo.

-Como você está? E Londres? Está se virando direitinho? – meu pai perguntou.

-Eu estou ótima. Londres está congelando e sim, eu estou me virando direitinho. – respondi, mordendo o lábio. – E vocês, como estão?

-Estamos bem. – minha mãe abriu um sorriso cauteloso.

-Vamos passar o natal na casa de Búzios. – meu pai acrescentou. – Os pais do Gabriel também irão. Eles estão com saudades de você.

Gabriel. Um buraco se formou no meu estômago e eu apenas consegui assentir. Não queria falar mais nada. Não queria pensar no Gabriel e em tudo que essa data significava pra nós dois. Sempre nos revezávamos na minha casa e na dele, mas quando algum milagre acontecia, conseguíamos passar todos juntos.

-Fala que eu mandei um beijo e que eu também estou com saudades. – murmurei.

-Sinto muito falar dele hoje, ai meu Deus! Você deve estar indo se divertir com seus amigos, não deveria relembrar o passado. – minha mãe fez uma careta arrependida.

-Tudo bem, mãe. Na verdade eu tenho que terminar de resolver algumas coisas antes de sair para me divertir. – menti. – Posso ligar outra hora?

-Ah, claro. – meu pai falou, dando um sorriso forçado.

-Obrigada. Feliz natal!

Encerrei a chamada e fechei o notebook. Apertei os lençóis ao meu redor e fui em direção ao meu quarto, mas meus pés me levaram até o quarto de Josh. O violão dele estava apoiado em um tripé, havia alguns livros e papeis espalhados na escrivaninha. Um caderno abarrotado de folhas me chamou atenção. Peguei o mesmo e sentei na cama com ele no colo. Eram desenhos, letras de músicas e... Cartas?

Os desenhos eram lindos. Animais, paisagens, pessoas fazendo nada demais, casais apaixonados, a irmãzinha Charllote, os pais e uma mulher, provavelmente a irmã mais velha dele, Lisa. As letras das músicas também eram lindas, algumas estavam cheias de rabiscos com novas ideias e cifras. Mas ver as cartas era pessoal demais, apesar de ficar curiosa quando vi 'Querida...'

-Any?

Puta que pariu, é o Josh! Pulei da cama e coloquei o caderno arrumadinho onde havia encontrado, então tentei sair do quarto antes que ele visse, mas quando cheguei na porta ele já estava no corredor.

-Hey, Josh.

-O que tava fazendo no meu quarto? – ele franziu a testa.

-Procurando papel oficio, mas depois arrumo. – dei de ombros. – Bom te ver depois de duas semanas.

Ele havia mudado. Seu cabelo estava mais curto e coberto por uma touca vermelha, que apenas realçava a sua palidez e as olheiras pretas embaixo dos seus olhos. Não gostava de vê-lo assim.

-Sumi um pouco mesmo. – ele forçou um sorriso, coçando a nuca. – Você não deveria estar na casa dos pais do Brandon ou da Joalin?

-Deveria... – falo receosa. – Eu ia pra casa da Joalin, porém ela foi pra casa da Sabi e a Heyoon foi para a do Lamar, o Brandon ia viajar, então eu resolvi ficar aqui. Ah, o Krys foi pra casa do Kent.

-Sorte a sua que na minha casa tem sempre um lugar a mais na mesa. – Josh sorriu enviesado. – E um quarto sobrando. Meus avós maternos não vão esse ano.

-Como é? – arregalei os olhos. – Não vou pra casa com você.

-Gabrielly, foi destino eu ter deixado o Frajola e o meu violão aqui, então sim, você vai comigo pra casa. Foi um sinal. – ele falou, me empurrando para o meu quarto. – Arrume suas coisas, Bliss. Charlie quer te ver.

-Josh! Não! Quer dizer, eu não quis viajar com meu próprio namorado, claro que não vou para sua casa. – me desesperei, segurando na parede para impedir que ele me empurrasse mais.

-Percebeu que seu namorado é um sem graça? – ele arqueou uma sobrancelha.

-Cala a boca!

-É sério, Bliss. Vem comigo. Juro que não tento te agarrar nem nada. Não te apresento como minha namorada e ainda te deixo cantar comigo. Meus pais sabem que não rola nada entre a gente.

-Não é isso, é só que... – tentei arrumar uma desculpa.

-É só que nada! – Josh me puxou pela cintura e me deu um beijo na testa. – Arruma suas coisas, te espero na sala. Ninguém merece passar o natal sozinho. Te trago amanhã, mas vamos, por favor.

Olhei com cara de idiota para o corredor vazio depois de Josh ter saído e entrei no quarto. Peguei algumas mudas de roupa colocando tudo em uma mochila, itens higiênicos e o presente ridículo que eu havia comprado para o Josh. Troquei minha calça de moletom por jeans, coloquei uma bota e vários suéteres. Arrumei o cabelo e voltei para a sala onde Josh já estava com uma mochila, o violão embalado e o Frajola em uma caixa de viagem.

-Vamos? – resmunguei infeliz.

-Vai ser divertido, Any. – ele riu, passando o braço ao redor dos meus ombros.

Nós descemos até o estacionamento vazio e eu procurei pela Harley dele. Andar de moto com a pista congelada não era algo que eu gostaria de fazer.

-É seguro andarmos de moto na pista hoje? – perguntei apreensiva.

-Não mesmo. – ele balançou a cabeça e andou até o Land Rover Evoque, abrindo uma porta pra mim. – Por isso que vamos de carro.

Entrei no carro com a caixa do Frajola e coloquei o cinto enquanto Josh guardava nossas coisas na mala. Ele logo entrou no carro, ligou o som e começou a dirigir.

-Onde é que seus pais moram mesmo? – olhei pra ele.

-Brighton. Mais ou menos duas horas de viagem.

E então lá estava eu, no Land Rover que eu não sabia que o Josh tinha, prestes a entrar pela via 23M em direção a casa do idiota ao meu lado, onde iria passar o natal com a família dele.


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Iti ela vai passar o natal com a família dele🤧✊🏻

Vou postar mais dois daqui a pouquinho. Me avisem se encontrarem algum erro, por favor.

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Bliss - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora