Eu não lembrava muito bem como havia chegado ao Joey's Pub, mas eu estava lá. Eu havia pedido 1, 2, 3, 4, 5, 6... 9 doses de tequila até perder a conta e pedir pela garrafa toda. Meu celular tocava insistentemente e as fotos de Joalin, Heyoon, Krystian e Brandon brilhavam na tela em intervalos de minutos.-Ruivinho! – Gritei para o barman. – Sabe o que o meu amigo Gabriel ia dizer dessa minha situação?
O barman riu, apoiando-se no bar.
-Eu acho que ele diria que já tá bom de tequila por hoje.
-Você acha? – Bufei, dando mais um gole na garrafa de tequila quase no final. – É claro que não! Ele ia dizer para eu seguir a porra do meu coração, mas como eu posso seguir a droga do meu coração se ele levou com ele? Meu amigo Gabriel, eu digo. Levou com ele o meu coração para o túmulo. Ele morreu, sabe? Há quatro anos. Eu não lembro como. Eu apaguei. A gente estava lá de boa, o fim da festa... Eu me despedindo dele quando ele foi dar uma volta com a minha amiga naquela noite é a última memória dele. A próxima coisa que eu lembro sou eu acordando depois de uma semana em um quarto de hospital. Irônico, né? Meus muitos psicólogos disseram que era o trauma. Eu acho que foi porque a culpa foi minha. Pois é, pois é. Eu que matei ele.
-Olha, eu realmente acho que já deu por hoje... – O ruivinho tentou pegar a garrafa de mim, mas eu a agarrei.
-Deu por hoje? Não mesmo! Eu esqueci do aniversário da morte do Gabriel. – As palavras saiam emboladas da minha boca. – Esqueci. Eu sou uma merda, ruivinho. Que música legal! Que música é essa? Enfim, como eu pude esquecer, hein? Me diz, Rony Weasley! – Ri, sentindo umas lágrimas caírem. – Sabe o que Gabe ia me dizer? Que eu preciso resolver essa minha vida. Que eu preciso escolher entre Josh Beauchamp e Brandon Davies. O Josh é tão lindo! E ele é tão amor apesar de não perceber. Ele me evitou muito então eu conheci o Brandon e nós começamos a namorar. Foi lindo! Mas eu não consigo amar o Brandon. Qual é o meu problema, querido?
-Josh Beauchamp? – O barman franziu a testa.
-É, o Beauchamp! Você não tá prestando atenção, não? Não to te pagando por nada. – Fiz cara feia. – Gente, que música legal!
Não esperei ele responder e cambaleei até uma mesa. Subi na cadeira e logo estava em cima da mesa. As poucas pessoas que estavam no pub começaram a olhar para mim quando comecei a dançar agitada, tomando o resto da tequila e pulando na mesa de madeira que rangia.
-Mas vamos continuar. O Gabriel me mandaria falar com os dois, provavelmente transar com os dois e ver qual é o melhor de cama. O Brandon é muito bom, nossa senhora... – suspirei. – Ainda não transei com o Josh, mas ele parece ser um deus do sexo pelo que eu ouço. Mas de qualquer forma, eu sei que eu poderia amar o Josh se eu não negasse para mim mesma. É claro que eu nego, né? Porque eu to com o Brandon! Josh tem muitos segredos, muitos mesmo. Ele tá doente. Provavelmente é Aids do tanto de garotas que ele já fodeu. Se for Aids, bom que todas elas estejam também. Quem mandou não usar camisinha?
-Senhorita, por favor desça já daí! – Rony Weasley gritou.
-Cadê a Mione? Não transaram não, foi? Cara chato. – Ri, dando outro gole na tequila, esvaziando-a. Coloquei a garrafa no chão e puxei meu casaco, jogando ele no chão. – Eu sempre quis fazer um Striper, sabe? Meu sonho desde que assisti Magic Mike.
-Senhorita, por favor, desça daí ou teremos que ligar pra... – Rony continuou.
-Ligar! – Gritei. – Eu preciso ligar para os dois. Vou dizer para eles tudo que eu quiser. Você é um gênio, Rony.
Pulei da mesa direto para os braços do barman que teve que me segurar forte para que eu não caísse. Quando foi que o pub virou uma roda gigante? O barman me sentou na cadeira e foi correndo ligar para alguém. Aproveitei e liguei para o primeiro número. Ele atendeu no segundo toque.
-Any...
-Cala a boca! Olha, eu cansei tá? Cansei de tudo. Então vamos acabar com essa palhaçada, ok? Porque eu aturei isso por muito tempo e eu não aguento mais. Me encontra em dez minutos na... No estacionamento do campus. Só vai lá. A gente precisa conversar porque você tá me matando, digo no sentido ruim da palavra. Um beijo.
Desliguei a ligação e logo procurei o outro número, apertando em chamar. Esse atendeu imediatamente.
-Any.
-Cala a boca, eu que falo! Você é a melhor pessoa que eu conheci, sabe? E... E eu não vou te deixar passar. Quer dizer, eu não sinto o certo por você, mas... Você é o melhor pra mim. Eu preciso que você me encontre em meia hora no... Apartamento? Meu?! Nós precisamos conversar.
-Any, o que tá acontecendo?
-Já mandei calar a boca! Me obedece e vai logo. Um beijo.
Joguei o celular na bolsa e tirei duas notas de cem dólares, deixando no balcão.
-Rooooony! O dinheiro tá aqui. Manda um beijão pra Mione, para o Harry e pra Gina, a ruiva maravilhosa. – Acenei para ele, que ainda estava no telefone, acenando para mim. Era um adeus ou um espere? Eu não podia esperar.
Segurei minha bolsa contra o peito e andei vacilante até a porta. O brilho do dia misturado com toda aquela neve me cegou. Semicerrei os olhos e sai tateando a parede até chegar no estacionamento do pub. Peguei as chaves no meu bolso e apertei o alarme, achando meu carro. Entrei no mesmo e liguei o som alto, colocando a chave na ignição e saindo. O pneu derrapou no gelo, mas não liguei. Precisava chegar logo. Meu celular estava tocando e eu comecei a cantar com o toque Carry on my wayward son. Gabriel adorava essa música.
Eu preciso ligar para o Gabriel. Eu ainda tenho o número dele, né? Peguei o celular e rolei a lista de contatos até chegar no G, onde eu vi Gabriel Unlich. Uma buzina me alertou e eu olhei para cima, desviando de um carro. Minha cabeça estava girando, doendo... Oh Deus! Disquei o número e esperei.
"Aqui é o Gabriel Unlich, deixe o seu recado após o sinal"
-Gabe? – Chamei, sentindo as lágrimas embaçarem minha visão. – Gabe, é a Any. Lembra de mim? A Baixinha. Gabe, desculpa. Eu não sabia. Eu... Não sabia. Olha, eu ainda não sei como aconteceu. Gabriel! Como você pode me deixar assim? – Gritei, batendo no volante. – Você não podia. Você era tudo o que eu tinha. Quando meus pais se divorciaram, você que ia escondido para minha casa e ficava me embalando enquanto eu chorava. Quando eu quebrei a perna você ficou comigo ao invés de ir para o show do McFly. Gabe, você não podia ter morrido! Você não tinha o direito de me deixar depois de tudo, não tinha não. Eu sei que a culpa foi minha, Gabriel. Eu te pedi para ir aquela festa, eu que te pedi pra dormir lá comigo. Me desculpa, eu só... Me desculpa. Eu daria tudo para te ver de novo, Gabe.
As lágrimas caiam furiosas e meus soluços preenchiam o carro. Bati no volante outra vez, ouvindo buzinas atrás de mim. Eu não ligava. Eu precisava pedir desculpas para o Gabe, eu precisava voltar no tempo e mudar tudo, mas eu não podia.
Um caminhão vinha em minha direção rápido demais e eu mal tive tempo de piscar. Meu corpo foi lançado para frente e eu bati a cabeça no vidro, vendo-o se estilhaçar e sentindo minha pele rasgar. O gelo na estrada fez o carro capotar e ele rolou. Uma. Duas. Três vezes até que a dor no meu abdômen ficou imensa e me fez olhar para baixo onde um enorme pedaço de vidro estava cravado. Quando pensei que não podia piorar, o carro rolou mais uma vez e tudo ficou preto. Eu vi ele.
Gabriel.
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E vamos de dirigir bêbada. Bateu. É a vida.
Último de hoje, mas vou tentar postar mais amanhã. Me avisem se encontrarem algum erro por favor.
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Bliss - Beauany
Fanfic⚠️ não é uma história autoral, é uma adaptação e todos os direitos pertencem unicamente à autora ⚠️ Sinopse: Entre festas, pubs, desejos e tentações, nasce uma aposta entre a brasileira e o bad boy da London University. Começam a surgir milhões...