9 • Sustos encharcados

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Eu aceitei a proposta de Amy imediatamente, mas pensei duas vezes no que havia me disposto a fazer quando passei a vista em mim mesma: estava num macacão jeans, camiseta e tênis, as roupas menos apropriadas possíveis para um banho de mar. Além disso, mesmo que não estivesse absurdamente frio naquele dia, não havia calor suficiente para vestir um biquíni ou entrar na água.

Pensativa, mordi meu lábio inferior, olhando de esguelha para Gregory enquanto ele me observava curioso.

— Está tudo bem? — Ele perguntou, erguendo-se para sentar na cama.

— Sim, sim. A Amy me chamou para nadar e me mandou arrastá-lo comigo. E bem, eu disse que iríamos — expliquei, levantando. Meus pés foram agraciados pelo tapete felpudo de Greg.

— Mas ainda não está tão quente para um banho de mar. — Ele sopesou, receoso.

— Eu sei — suspirei, ajeitando o cabelo rapidamente. — Mas provavelmente vai ser divertido, não vai? Congelar não parece tão ruim. Se a Rose sobreviveu em Titanic, nós também podemos.

Deixando o receio para trás, Gregory gargalhou com meu argumento. Ambos sabíamos que sair do quarto quente e confortável não estava nos nossos planos, mas também estávamos cientes que Amy ainda estava mal pelo término e que nossa companhia a faria bem. E, acima de tudo, nós a amávamos. Adorávamos estar com ela. Esquecendo nossos planejamentos, Greg levantou depressa, deixando as cartas bagunçadas na cama e apanhando seu celular.

— Então, o que estamos esperando, Rose? — Ele questionou com graça, e eu não soube se estava falando da personagem do filme ou me chamando pelo meu segundo nome. Conhecendo Greg, provavelmente os dois.

Ligeiros, nós apanhamos as chaves do carro e deixamos a casa dos Elliot. Do lado de fora, o dia era ameno e não demorou muito para que chegássemos à praia. O lugar estava lindo como sempre e algumas pessoas se divertiam na areia, mas não havia ninguém na água. Meu corpo podia até sentir o quão frio aquele mar deveria estar apenas pela brisa gelada que cortava minha respiração, um soprar carregado de maresia.

Eu olhei ao redor à procura de Amy, mas ela não estava na areia. Distante no fim do píer, avistei seu pequeno corpo sentado na beirada da estrutura e suas pernas balançando para fora da passarela. Eu a apontei para Gregory, apressando meu caminhar na sua direção. Quando chegamos perto o suficiente para que Amy ouvisse nossos passos, ela virou para nos ver e um sorriso largo estampou seu rosto enquanto levantava.

Mesmo a própria Amy não estava com roupas de nadar; tudo que vestia era jeans e uma camisa de uma banda de rock famosa, com os tênis jogados ao seu lado, assim como o celular.

— Ainda bem que vocês chegaram! — Ela disse, vindo até nós. — Estava quase perdendo a coragem — confessou entre risadinhas, abraçando nós dois ao mesmo tempo.

— Bem, eu já perdi a minha — admiti, fitando o mar à nossa frente. A brisa era fria ali, apesar do sol brilhante.

— Ah, não! — Ela resmungou, jogando as mãos ao ar. — Eu os chamei para nadar, então vamos nadar.

Amy deu alguns passos para trás, parando na beirada iminente do píer. O vento em suas costas fazia seu cabelo negro voar para frente, espalhando-se por seu rosto.

— E de onde exatamente surgiu essa ideia? — Greg perguntou suavemente enquanto começava a tirar os sapatos.

— Não sei... eu só estava por aqui e pensei nisso. — Ela deu de ombros.

Apesar da resposta despreocupada, Amy tinha o olhar distante e um pouco cabisbaixo, e eu sabia que ela sempre buscava por adrenalina quando estava triste. Com certeza devia ter Lena na mente naquele momento.

O Chaveiro de CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora