28 • Nomes e pronomes

1.2K 168 37
                                    

Tudo era familiar e novo ao mesmo tempo. A ideia de um encontro com Gregory soava estranha, mas maravilhosa também. Com os sentimentos à flor da pele, eu mal dormi e quando comecei a me aprontar, não sabia exatamente o que vestir. Greg havia me dito que nosso destino era uma surpresa, então depois de alguns minutos parada diante do guarda-roupas, eu me enfiei num vestido solto e vermelho e nos meus tênis brancos, esperando que aquelas peças servissem para a maioria dos lugares que poderíamos ir.

Com tudo arranjado, eu me aconcheguei sozinha no sofá. Mamãe havia ido jantar com Bill e a casa estava quieta, ao contrário do que estaria caso ela me visse tão produzida, balançando a perna nervosamente e quase pulando do assento quando a campainha tocou. A imaginei rindo e zombando de mim enquanto eu caminhava até a porta para abri-la para Gregory, fazendo seu rosto aparecer pela fresta. Ele estava vestido numa camisa branca de botões, mas de jeans e tênis. Como sempre, estava lindo.

Assim que me viu, ele estendeu a mão para mim e sorriu. Eu pus minha palma na sua, entrelaçando nossos dedos, e ele me rodopiou lentamente no ar. Eu ri, divertida.

— Eu tenho um encontro com a garota mais incrível de Baybrook. — Ele murmurou e beijou minha bochecha suavemente. — E eu adoro esse vestido.

Eu senti minhas bochechas esquentarem, balançando a cabeça como quem acha graça de algo. Então, apertei sua mão e o arrastei pela sala para pegar minha bolsa largada no sofá.

— Você é suspeito para falar do vestido. Eu sei que ama vermelho — brinquei, o vendo abrir um sorriso maroto.

— Eu amo você. — Ele corrigiu baixinho. — Vermelho é só um detalhe. 

Eu parei, o observando meio embasbacada e totalmente arrebatada. Meu coração saltava no peito e devo ter ficado em estado de devaneio por muito tempo, porque Gregory riu e precisou menear a cabeça em direção à porta para irmos.

Nós saímos e eu tranquei a casa, encarando a brisa agradável da varanda. Por instinto, segurei a mão de Gregory e andei assim com ele em direção ao seu carro vermelho. De longe, podia ver os vizinhos da frente nos espiando atentamente da sua janela. Percebendo-os também, Greg riu, abrindo a porta do automóvel para mim e entrando nele logo depois.

— Achei que você tinha dito que íamos manter segredo até contarmos para nossos pais. — Ele disse distraidamente enquanto dava partida no carro, um sorriso divertido estampado em seu rosto.

— Eles já nos viram de mãos dadas ou saindo juntos muitas vezes. — Eu justifiquei, dando de ombros. — Além do mais... — comecei, mas parei, sopesando o que diria em seguida.

Além do mais, casais andam de mãos dadas, pensei, mas logo reprimi a frase ao me dar conta de que ainda não éramos oficialmente um casal.

— Além do mais...? — Gregory indagou, percebendo meu recuo.

Eu somente sorri, balançando a cabeça para ele em negativo como quem diz para esquecer algo, mas ele arqueou uma sobrancelha e me encarou, duvidoso.

— É um segredo? — perguntou, abrindo um sorriso sapeca e desconfiado.

— Hmm, você não me disse para onde estamos indo. — Me esquivei. — Um segredo pelo outro. — E pisquei para ele.

Silenciado, Gregory não me respondeu. Ao invés disso, ele somente riu mais enquanto dirigia para longe da minha casa, e ao contrário do que eu imaginara, não estávamos indo em direção à praia. Eu pensei que ele me levaria para algum lugar perto da areia e do mar, como sempre fazíamos, mas para minha surpresa, nos afastávamos cada vez mais do litoral em direção ao interior de Baybrook. Atravessamos ruas conhecidas e outras não tão familiares assim, e quando passamos dos trinta minutos de viagem, ele sorriu e pediu suavemente:

O Chaveiro de CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora