29 • Caixinha de música

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Eu e Gregory entramos na minha casa ao som de risadas baixas e apaixonadas. Tudo estava como eu havia deixado: as luzes apagadas, as janelas fechadas e os cômodos silenciosos, e isso significava que mamãe ainda não havia chegado.

Pendurando a bolsa no cabideiro do hall de entrada, eu acendi as lâmpadas da sala e virei para ver Greg fechando a porta da frente. Assim que terminou, ele tornou para mim e me fitou, um sorriso ainda dançando em seus lábios.

— Isso quase parece com aquele dia depois do Jett. — Ele disse, relembrando a noite não tão distante. — Será que seus vizinhos estão nos vigiando dessa vez também?

— Muito provavelmente. — Eu ri e me abaixei para tirar meus tênis. Ainda tinha areia entre os dedos e ela me arranhava dentro do calçado. — E certamente irão correndo contar para mamãe que voltei com você para casa tarde da noite, e por cima ainda andando de mãos dadas pela rua.

— Não se contarmos primeiro. — Greg sugeriu, um meio riso repuxando o canto dos seus lábios.

Eu me ergui, agora descalça, e o encarei. Em meus olhos, uma promessa silenciosa se formava e tudo dentro de mim havia adorado a ideia. Contudo, quando minha boca abriu-se para falar, um desafio foi lançado:

— Hmm, pode ser... — Eu dei de ombros, fingindo indiferença. — Mas só se você conseguir me alcançar antes de chegarmos ao quarto.

— Isso é um desafio? — Greg indagou, entrando no jogo. Eu assenti. — Maddie, Maddie... — Ele estalou, provocativo. — Está entrando em algo que sabe que vai perder.

Eu ri alto, deixando uma gargalhada irônica encher a casa quase vazia. Recuei mais alguns passos e meus pés colidiram com o primeiro degrau da escada.

Eu? Mas nós dois sabemos que sempre fui mais rápida que você.

Greg sorriu e aceitando o desafio, deu alguns passos adiante. Antes que ele pudesse continuar, no entanto, eu o parei.

— Espera! — pedi. Ele congelou onde estava, estreitando os olhos em mim. — Os sapatos. Tira os sapatos, estão sujos de areia. — E apontei para seus pés calçados.

Gregory revirou os olhos, mas tirou os sapatos e as meias e os deixou junto aos meus. Eu assisti a tudo divertidamente, os braços cruzados e o corpo apoiado no corrimão das escadas.

— Pronto, capitã? — Ele indagou, as mãos ao alto como quem se rende.

— Perfeito. — Eu disse e corri escada acima, escutando as risadas e os passos apressados de Greg logo atrás de mim.

No fim dos degraus, eu cruzei o corredor. Mal conseguia respirar entre as risadas, e quando finalmente cheguei à porta do meu quarto, senti os braços de Greg enlaçarem-se na minha cintura. Nós cambaleamos pelo caminho até que, topando com a cama, caímos deitados nela. Os lençóis acumularam-se ao nosso redor e ríamos como duas crianças brincando de pique-pega, um ao lado do outro, as respirações cansadas e as expressões felizes.

Inspirando fundo, eu virei o rosto para observar Greg ao meu lado. Sua mão estava sobre a minha no colchão e a luz da lua que entrava pela janela era tudo que tínhamos no escuro do quarto. Permiti-me analisar cada um dos seus traços bonitos, os olhos verdes e as feições serenas. Seu olhar estava distraído em algum lugar em minhas prateleiras repletas de livros e souvenirs na parede da frente, e eu apertei seus dedos, aconchegando a cabeça sobre seu peito.

— O que foi, hum? Está com a cabeça nas nuvens? — perguntei baixinho, minha voz ressonando em seu peito.

Greg riu tão gostoso que eu quis ter gravado o som e tocado numa rádio para o mundo inteiro ouvir.

O Chaveiro de CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora