17 • Filme de terror

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— Você tem certeza que está a fim de sair, Maddie? — Greg perguntou, me analisando por baixo dos cílios e me tirando do meu transe distraído.

Eu o olhei, minhas mãos mexendo nervosamente na chave no meu pescoço e os olhos buscando nada em especial em volta da escola. O sol da tarde esquentava meu rosto enquanto estava sentada nos degraus da entrada, observando o local em que meu pai e seu carro preto haviam estado na tarde anterior. Agora, o lugar era apenas uma vaga vazia e circulação de pessoas.

— Eu disse que iria — respondi, não especialmente animada.

— Não foi isso que perguntei. — Gregory redarguiu devagar, o tom mais suave que veludo. — Eu te perguntei se quer ir — enfatizou, ajeitando a mochila no colo.

O barulho das pessoas passando abafou um pouco a voz de Greg, mas eu o escutara claramente e, ainda assim, não respondi. Suspirando, somente desviei o olhar para a algazarra. Talvez eu não quisesse admitir a verdade para mim mesma.

— Você não quer ir. — Ele concluiu do meu silêncio.

— Não é isso, é que... — comecei, mas não consegui terminar. Não podia explicar o que estava acontecendo quando eu mesma não entendia. — Argh! Eu não sei. Ainda estou cansada de tudo que aconteceu — desconversei.

Gregory me olhou, rindo como quem sabe que algo está sendo escondido. Ele balançou a cabeça, apoiando o queixo nas mãos e de cotovelos repousados nos joelhos. Ele sabia o que havia acontecido com meu pai no dia anterior, mas também percebia que não era só aquilo que me incomodava.

— Seus olhos ficam sem foco quando mente. — Ele murmurou, rindo baixinho.

— Não começa — resmunguei, abraçando a mochila em meu colo. Greg riu mais.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Mesmo se eu disser que não, você vai fazer. — E ri também, esperando que ele continuasse.

— Vou tomar isso como um "sim" — concordou, ladino. Vi quando ele mexeu as mãos nervosamente, passando a língua devagar pelo lábio inferior e tomando uma breve lufada de ar. — Você gosta mesmo do Charlie? Quero dizer, sem toda essa história de chave de coração. — E meneou a cabeça em direção ao objeto dourado no meu pescoço.

Pega de surpresa pela pergunta, meus olhos arregalaram-se e minha boca se entreabriu por um instante, mas eu logo me recompus. Poderia somente dizer que gostava de Charlie, mas quando estava prestes a proferir um "sim", minha mente e minha boca travaram. Senti minhas mãos suarem e meus olhos mal piscavam, perdida demais nas minhas próprias dúvidas para falar.

— Eu... — comecei, desviando os olhos dos dele e pausando. — Eu gosto dele — terminei, respirando fundo e sem nenhuma certeza do que dizia.

Greg assentiu, encarando o chão por um longo instante. Eu me sentia estranha e novamente o ar ficou difícil de respirar. Não tinha certeza do que estava falando e Gregory certamente sabia. No entanto, do que eu estava certa, afinal?

No curto silêncio que se seguiu, eu podia até ouvir o sangue pulsando em meu pescoço e as batidas do meu próprio coração. Mesmo que estivesse cercada de pessoas, o corpo de Greg era o único do qual eu tinha plena ciência ali. O olhei de soslaio, o vendo encarar o chão, reflexivo demais, e fiquei assim até que seus olhos encontraram os meus.

Quentes e abissais como sempre, as íris verdes de Greg me fisgaram e todo meu corpo se impulsionou para abraçá-lo quase que inconscientemente. Eu o tomei para mim, braços passando por cima dos seus ombros enquanto encaixava meu rosto na familiar curva entre seu pescoço e ombro. Não sabia por que, mas de alguma forma, precisava tê-lo mais perto.

O Chaveiro de CoraçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora