Alguns dias depois...
— Eles já estão chegando? — perguntei para Gregory, talvez pela milésima vez naquele dia, balançando os pés pendurados na cama.
— Estão a menos de uma hora daqui. — Ele respondeu calmamente, reprimindo um sorriso jocoso. — E eu te garanto que Nathan vai rir se te ver tão ansiosa para vê-lo — brincou, continuando a secar desajeitadamente o cabelo com uma toalha.
— E você não está ansioso, hum? — redargui.
Uma risadinha baixa escapou de Greg, e eu acabei por rir também, me perdendo na visão dele recém-saído do banho. Ele ainda estava meio úmido e exalava um cheiro fresco e crítico, seu aroma já familiar. Vestia calças escuras e estava sem camisa, deixando o abdome à mostra e passando a toalha em movimentos descoordenados pela cabeça.
Num outro momento, eu poderia passar muito tempo admirando Greg daquela forma, totalmente confortável e despido do mundo. Contudo, aquele era um dia atípico: Nathan estava voltando para casa. Agora, uma semana após o acidente, ele havia recebido alta e se recuperaria perto da família, e eu estava muito feliz com tudo. Era como se as coisas parecessem estar se ajeitando e, além disso, estar com Gregory de formas que nunca estivera antes era maravilhoso.
Com Gregory Elliot não havia medo, incerteza ou culpa. Havia apenas ele. Sabia quem ele era do começo ao fim e ele sabia quem eu era — ainda que o resto do mundo ainda não soubesse sobre nós. Amy com certeza desconfiava que nós dois tínhamos acertado as coisas depois da nossa conversa na praia, ou mesmo quando nos encontramos na escola nos dias seguintes, mas ela nunca havia perguntado. Pelo que conhecia minha amiga, ela devia estar esperando que a contássemos, e nós o faríamos assim que chegasse o momento certo.
— O que foi, hum? — Greg perguntou com um sorriso sugestivo no rosto, me flagrando enquanto o fitava cuidadosamente, perdida nos meus pensamentos.
— Acha que Nathan vai gostar da surpresa? — desconversei.
Greg riu como quem sabia que não era isso que se passava em minha mente, mas não insistiu na pergunta. Ao invés disso, ele apenas respondeu:
— Sem dúvidas. — E esfregou o cabelo na toalha com mais afinco, fazendo uma careta engraçada.
— Quer ajuda com isso? — indaguei, rindo e fazendo menção do seu cabelo molhado.
Gregory assentiu, sorrindo enquanto jogava a toalha para mim. Eu apanhei o tecido macio e meio úmido nas mãos, o vendo se aproximar e sentar ao meu lado na cama. Ele esperou por meus próximos passos com o rosto terno, mas, ao mesmo tempo, ladino e atento.
— Sou todo seu. — Ele disse, balançando o cabelo e respingando na minha direção.
Eu ri e me esquivei, levantando. Tomei meu lugar na frente de Greg, observando-o de cima enquanto ele continuava sentado no colchão. Então, eu me encaixei entre seus joelhos e ele ergueu o rosto para me olhar, repousando as mãos atrás das minhas coxas suavemente e me puxando para mais perto até que eu topasse com a cama.
Repousando a toalha no cabelo de Greg, eu a passei suavemente por ali, o vendo fechar os olhos e sorrir um pouco. Esfreguei o tecido felpudo de um lado para o outro e não demorou até que o cabelo dele estivesse em algo entre úmido e seco, porém, muito bagunçado. Passando os dedos entre os fios, eu tentei os arrumar para trás, mas algumas mechas teimosas caíram para o lado.
Rindo, eu me distraí, observando o rosto bonito de Gregory, suas covinhas e seu meio sorriso que tanto amava. Era tudo tão familiar, mas ainda assim, tão novo. Sua boca havia ganhado um novo formato para mim e a examinando por um segundo, me vi tomada por imensa vontade de beijá-lo.
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O Chaveiro de Corações
Romance🏅 | Finalista do Prêmio Wattys 2022 🏅 | Finalista do Prêmio Wattys 2021 🌟 | Eleita uma das Melhores Histórias de 2020 pelos Embaixadores do Wattpad ⭐ | Destaque de setembro/2020 do @WattpadRomanceLP O coração de Charlie Berry parece estar sempre...