10. Rei

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A apresentação havia chegado finalmente, mas todas as batidas do meu coração contradiziam toda sensação de trabalho feito. Foram dias que passaram lentos dentro daquela sala e tudo se aproximando para o momento a qual estávamos nos preparando.

Este dia que decidiria tantas coisas no futuro de três vidas, juntas em um objetivo em comum que hoje se findaria.

Mas não é exatamente alegria que alcança meu coração.

Negar que toda correria dentro de diálogos conflituosos ou provocações fora de hora não me fariam falta é perda de tempo, pois sentia mesmo ainda aqui. Não gosto de rotinas e toda atmosfera massante aglomerada numa lista de preparações que seguimos com vigor, entretanto aquele sorriso e propriamente aquele homem sentiria certa saudade.

Um costume antes em pensamento resumido ao caos chegará ao fim com todos — impressionantemente — intactos mas vinculados ao profissional um do outro, talvez, arrisco-me a dizer até no pessoal.

Lamentações não fariam diferença desde que se não fosse hoje essa realidade de empresas um dia não caberia na minha vida.

Era um daqueles fatos inevitáveis.

— Pronta?

Viro-me para Jeon, sempre impressionada com o detalhe de estar todos os dias de terno e sem perder um único mínimo de sua beleza.

Como se todas as vezes fossem a primeira vista, o encaixar da roupa abraçando devidamente aos lugares certos realçando não somente seu corpo como também o homem que é, nessa boa relevância deixando um tanto para curiosidade instigada.

Ele carregava um sorriso, não presunçoso ou sedutor, um daqueles que parecem ser necessário aos momentos.

— Eventualmente. — Respondo ainda que um pouco agoniada.

— Nasceu pronta, certo?

— Não. Eu com todo meu esforço trabalhei as habilidades necessárias, me aprimorando em tudo que pudesse me qualificar como profissional e após todo meu estudo continuo aperfeiçoando. — Comento mantendo os olhos presos aos seus. — Nascer pronta não nasci, mas fiz de mim minha própria meta então hoje, sim, estou pronta.

— Você poderia deixar um resquício para mim de resistência? — Eu sorrio leve. — Esse sorriso é a prova clara de um não.

— Vou sentir certa falta dessas cantadas, se assim posso chamar.

— Mais das cantadas ou de mim?

— É um conjunto, meu bem!

— Gostaria que não flertasse comigo antes da reunião, meu foco vai sair de todo nosso trabalho e voar para o nós fora daqui, especialmente na minha cama. — Se aproxima numa fugaz onda de ar que sopra de seus lábios entreabertos direto em meu corpo que responde com um hiperventilar. — Em todos os lugares possíveis.

— São muitos lugares possíveis. — Instigo.

— Temos energia suficiente para alcançar muitos deles, uh!

Uma risada sonora atravessa minha garganta, não que a proposta tivesse graça no entanto toda naturalidade, cada entonação lasciva traria falta, como raramente sentia.

Saudades não eram grandes emoções ou frequentes na minha vida, dedicada somente a duas pessoas que nunca abandonariam meu coração. Então pegar-me pensando não querer dar adeus a esses momentos move algo alerta dentro de mim; o sorriso escapa.

Porque é uma sensação, desconhecida e estranhamente familiar.

— Não vejo onde há graça mas essa sua risada me faz querer dizer mais coisas como esta. — Me olha, ele não cansa de olhar. — Claro, se for para ouvir esse som.

Xeque Mate • Jjk • LongficOnde histórias criam vida. Descubra agora