17. Percepção

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Já se perguntou intimamente o porquê de alguém esperar resultados aos quais você deixa explícito serem improváveis de acontecer?

Eu me perguntava isso todas as vezes que Jackson apostava suas investidas numa história que ficou no passado. Anos depois do relacionamento e nosso término parecia viver tempos passados, enquanto seguia meu caminho ele continuava no que fomos.

Equação que parecia fora de compreensão, fomos e não seríamos nada além de pessoas que compartilhavam histórias juntos.

Foram boas lembranças, trazidas e vividas que não voltariam ao presente. Obtinha grande carinho por si como também possuía sentimentos puros nenhum envolvendo romance; esse fato ele preferia não entender.

— Quer vinho? Lembro que você sempre odiou bebidas mas vinho é seu fraco. — Comenta sorrindo me permitindo enxergar a esperança nos olhos atentos. — Vou te servir uma taça.

— Não ponha muito, estou dirigindo.

— Pode dormir aqui se quiser, tem muitos quartos de hóspedes. — Reconheço o tom sugestivo causando a expressão séria ao rosto.

Porque era assim, não podia esperar coisas diferentes tratando-se dele relembrando coisas do passado que não seriam esquecidas. O que ele pensava sobre minhas memórias? Não podia mesmo se lutasse jogar fora quatro anos de um relacionamento que trouxe coisas maravilhosas a minha vida.

Trouxeram bem preciosos que nunca trocaria no mundo, minha vida, mas aos seus olhos precisava estar ativamente falando dos acontecimentos distantes, muito distantes.

Não gostava de ser ignorante ou demonstrar um lado menos sensível porque eu realmente entendia suas atitudes impulsivas no entanto precisava dar um basta.

— Jackson você precisa parar, de verdade, não me incomodo com suas demonstrações de afeto mas não interprete permissão com reciprocidade equivocada.

Seus olhos firmam um contato notando na entonação a ponta firme que não vou mudar minhas decisões por mais desgostoso que fique, é uma decisão inteiramente minha.

Decisão essa que já foi tomada.

— Amo você não amorosamente e não é a primeira vez que entramos nesse assunto. — Solto obstinada.

— O futuro pode mudar.

— Sim, não estou descartando a possibilidade mas no meu hoje não vai haver um nós. — O vinho não parece mais atrativo para distrações e seus olhos não carregam a animação de antes. — Você sempre vai estar na minha vida precisa aceitar que não daquele jeito.

— Preciso que me responda — Pede amenizando o tom certo que usava. — se eu não tivesse saído de Seul, ainda estaríamos juntos?

Em algum momento tive o pensamento que virava pergunta, com bastante tempo compreendendo o curso das improbabilidades do futuro tomei a resposta mais eficaz.

Não haveria como saber, não tinha motivos para pensar.

"E se" é funcional para muitas torturas que cultivamos entretanto devemos nos contentar com atitudes tomadas, conheço meu hoje o presente formado através do passado, esse é o futuro que vivo não posso pensar nos que não aconteceram.

— Não pense em coisas que não podem ser realidade, você foi embora Jackson futuro diferente desse não vamos conhecer. — No fim respondo deixando seu semblante desconte mas não me arrependo.

O jantar permanece permeado com bons momentos para se distrair. Eu pensava com frequência como aqueles pequenos pedaços de eternidade podiam ser a felicidade que ele tanto queria, não havia necessidade de me ter como companheira.

Xeque Mate • Jjk • LongficOnde histórias criam vida. Descubra agora