16. Autocontrole

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As manhãs estavam compostas pela certeza imutável que Jeon Jungkook seria uma nova adição aos corredores da empresa.

Eu costumo pensar que na situação submetida existiam aprendizados invisíveis aos nossos olhos, mínimos detalhes importantes trazendo significado nas vivências que questionamos.

Hoje, o ditado que carregava se põem em prova porque não conseguia pensar racionalmente qual objetivo dessa parceria e qual ensinamento viria consigo. Talvez não fosse direcionado para mim, talvez nas circunstâncias não sentisse disposição para ver.

Entretanto, Jungkook continua aqui.

Olhos brilhantes, sorrisos provocadores a aura dominante que fala comigo e flertes que posso ignorar mas que meu corpo reage.

— Precisa de algo? — Pergunta sem desviar os olhos dos papéis e tendo noção do olhar fixo mantido em si.

É exatamente esses pequenos acontecimentos perturbando minha mente, se a paz não se mantinha em distância a proximidade tornava tudo pior.

Não estava confortável com o fato dele precisar estar na minha sala invadindo o espaço precioso, mas agora com permissão rasgada recusava-se a sair.

Éramos o desejo sexual ininterrupto, quebrado que te deixa sentir. Você grita se debate, acorrenta na caixa de responsabilidades e ainda assim ele consegue parecer certo ao ponto de te fazer errar.

Quando me pergunta a vontade vem, calada não reprimida continua batendo para pular num salto de trampolim a ponto da língua mordida. Preciso de você, seria a resposta mantida sem voz.

— Não. Por que precisaria?

— Se eu sei contar, você está me olhando a quase três minutos sem desviar.

— Estou olhando, não querendo perguntar algo. — Retruco amargando o tom ríspido que ofereço em prol da minha breve falta de controle na destinação.

Manhãs regadas na desconstrução educacional que recebi toda vida, como se a presença dele estivesse alterando o humor elevando o agradável rumo a ignorância.

Não era a raiva propriamente dita, sentia agonia pelas coisas que não entendia entre nós, se houvesse realmente espaço para o pronome nisso tudo. Incômodo latejando que transformava o desejo em algo sem cabimento, mas não tinha motivos suficientes.

Afinal não é essa razão para estarmos aqui, desejo?

O questionamento nos olhos de Jungkook diziam que não, não podia resumir desejo as conjunturas que nos ligavam. Para mim não iria além daquilo.

— Tudo bem, estamos com problemas de comunicação. E se a manhã for você e sua aparente ignorância vai ser pior ainda.

— Acha que isso foi ignorância? — O riso cresce debochado na careta contraditória surgindo em sequência. — É melhor não me ver realmente ignorante então.

— Tem algum problema comigo? — Pergunta a despeito do tom sarcástico usado para retrucar sua constatação.

A breve pergunta no entanto ganha o silêncio prolongado pela resposta momentaneamente engasgada em outra justificativa.

— Reformulando — Começa observando a falta inesperada das falas que me acomete. — você tem algum problema com o que quer comigo?

Continuo calada, travando a pergunta que precisa de tempo suficiente pensando em quantas possibilidades adequadas poderia usar sem parecer incomodada mas Jungkook firma conclusão no silêncio e no que deveria dizer.

— Se houver algum problema Dyana fala, eu resolvo pra você a porra dessa indecisão. — Ele disse, comprovando o fruto impassível do tempo de espera e criando um passo de tensão no ar. — É isso que você quer?

Xeque Mate • Jjk • LongficOnde histórias criam vida. Descubra agora