Deixe-me ir

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"Eu não te amo."

Depois destas palavras, Jughead saiu pela porta do jornal, consegui ver algumas lágrimas escorrendo de seu rosto mas ele se mostrou forte o tempo todo.

Eu errei, eu deveria ter falado para ele desde o começo, mas eu fui covarde. Ele estava certo.

Apenas me sentei em um canto da sala e chorei. Eu estava arrependida. Arrependida das coisas que eu falei para Jughead, arrependida de não ter aberto o jogo desde o começo e evitado tudo isso.

O sinal bateu, havia acabado o intervalo, mesmo assim não sai dali, não estava com cabeça de assistir uma aula sequer.

— Betty?

Ouvi a voz de JJ. Ele me viu chorando e veio até mim.

— Ei, o que houve? Você está bem? Tá machucada? — Ele perguntou em um tom preocupado.

— Eu estraguei tudo!

— O que aconteceu? — Ele se sentou do meu lado, e colocou a mão no meu queixo, levantando minha cabeça devagar.

Contei toda a história para ele chorando muito. Ele escutou cada palavra atentamente.

— Vai ficar tudo bem. — Ele disse me abraçando. Deitei em seu colo e ele acariciou meu cabelo.

Depois de um longo tempo em silêncio, ele falou:

— Um dos motivos para eu ter saído de Outer Banks, além da horrível relação com meu pai, foi o sumiço da minha melhor amiga.

Levantei a cabeça de seu colo e escutei atentamente o que ele estava me dizendo.

— O nome dela era Kiara. Um dia, nossos amigos estavam ocupados, então resolvemos pegar um barco e pilotar pela costa. — Ele deu um suspiro.

— Não precisa me contar se não quiser. — Falei.

— Tá tudo bem... — Ele continuou. — O dia estava ensolarado, e o mar não estava agitado. Ela resolveu que deveríamos ir um pouco além da costa, e nós fomos. Acabamos pegando uma tempestade que surgiu de repente e o barco saiu do controle. — Ele respirou fundo. — Acordei na cama de um hospital, rodeado de policiais. Meu pai disse que um pescador havia me encontrado em cima dos destroços desacordado.

Os olhos de JJ encheram de água.

— Mas não acharam o corpo dela. Quando cheguei em casa, meu pai me bateu, muito. — JJ levantou a blusa deixando uma cicatriz a mostra. — E foi aí que ele me deu uma facada.

Ele falou aquilo como se já estivesse acostumado com as agressões do próprio pai.

— E então eu resolvi pegar minhas economias, fugir e vir para Riverdale. — Ele soltou outro suspiro. — Eu a amava, mas vivia em negação. E depois que ela se foi, eu não podia mais dizer isso a ela.

— Eu sinto muito mesmo, JJ. — Falei.

— Tá tudo bem... às vezes é melhor seguir em frente e não viver no passado. — Ele falou.

Escutamos alguém entrar na sala, era Verônica. JJ e eu nos levantamos.

— Betty! Meu deus, finalmente te encontrei! Encontrei os dois, na verdade! Vocês perderam as ultimas aulas! — Ela falou até perceber minha cara inchada. — Você estava chorando? — Ela perguntou e percebeu rapidamente do que se tratava. — Você disse ao Juggie a verdade?