Capitulo I - el matrimonio

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As mãos ágeis de Ágata ao empurrar sua cintura para frente da penteadeira, puxando os laços com força ao chegar na última casa do espartilho branco. De uma vez só ela sente as costelas doerem e apertarem seus pulmões, fazendo com que Amelia perca o fôlego por alguns segundos acostumando-se com aquele pequeno espaço que foi concedido para respirar.

Os cabelos amarrados em um coque mediano com tranças laterais a faz suspirar ao ver o reflexo no espelho. Cada segundo que se passava era como se estivesse sendo sentenciada para seu próprio calvário, sem ter escolha ou uma redenção a Deus para que aquilo não fosse adiante.

Toma-lhe o terço de contas peroladas em sua mão direita, apertando uma das contas e começando a rezar baixo para Maria, mãe de misericórdia e piedosa. Desejando que esse homem tivesse um mau súbito antes de chegar ao altar e ela finalmente estaria a salvo.

— Não seja boba, Amelita. -o sorriso conformado de sua amiga e visto pelo reflexo no espelho — Você está deslumbrante. Seu noivo já está na igreja e temos que ser rápidas.

Suspira baixo esticando os lábios em um meio sorriso amarelo. Ágata arrasta o prendedor para segurar o véu de renda que cobriria seu rosto até o meio de suas costas, inclusive o busto exposto pelo decote do vestido. Tal vestido que foi escolhido a dedo pela sua própria mãe, uma das grandes interessadas no casório.

Ao levantar sentindo a pressão dos dedos naquele sapato alto. Cambaleia dois passos e ergue sua postura, sendo bombardeada pelos borrifos de perfume que sua amiga joga em torno do ar em que ela andava. — Para dar sorte. -réplica a morena com um sinal da cruz, segura nas mãos gélidas dela e começa um breve pai nosso.

Cada frase, cada palavra, cada prece em sua cabeça... tudo isso a fazia impulsionar seu corpo para fora do seu quarto. Talvez, essa fosse a última vez em que ela olharia para aquele pôster de Miami preso em sua parede, a imagem de nossa senhora de Guadalupe no canto esquerdo em um pequeno altar improvisado de madeira.

Estava tudo pronto para sua partida, as malas foram na frente, antes mesmo que ela pensasse em fugir... não faltou-lhe vontade para isso. Mas, sua responsabilidade com sua comunidade e família a fizeram prender os pés no chão e encarar o seu dever.

Aquele foi o ano em que toda a comunidade se viu perdida em meio a uma briga escaldante entre duas cidades, um banho de sangue nas calçadas e quem não poderia se salvar com suas próprias mãos, aliava-se junto a eles. Como sendo a única mulher da família, teve a desgraça ou talvez a sorte de ser cortejada por alguém que poderia nos proteger.

Justin Bieber. Era no nome, um porto-riquenho que vivia em Cali. Um homem de muito prestígio e dinheiro que não ajudaria a passar por essa fase difícil.

Não existia nenhuma informação que pudesse ser colhida sobre o tal homem além de seus atributos para a igreja. Na boca do padre, Justin Bieber parece ser um homem de boa índole que estava preocupado em ajudar a comunidade e todas as suas ações refletiam de forma positiva nas pessoas que viviam por aqui.

Com esse pensamento, Amelia segurou todas as suas convicções e anseios, padecendo a proposta que mudaria de uma vez por toda a sua vida.

"se ele é um bom homem, o que posso temer?"

À igreja não ficava tão longe de sua casa, dois quarteirões após a praça principal e lá estava o sino da igreja de São Lucas. As flores na entrada já estavam à vista pela janela do carro e alguns curiosos do lado de fora para saber como a noiva estaria vestida antes de todos os outros verem.

Um embrulho no estômago a faz aperta o terço mais forte, agora entre suas mãos e as contas peroladas estava o buquê de rosas vermelhas. A única coisa viva em meio às rendas brancas do véu e o tule estufado como as mangas do vestido. Seu coração acelera, uma gota de suor desliza pela testa a fazendo morder o lábio inferior.

O sorriso grandioso de Paolo ao lado de fora, abrindo a porta do carro para ela descer. Seu pai mantinha toda a pose de um homem duro, rígido com suas palavras mas não se passava de um bobo para os seus seis filhos, agora tinha que entregar a sua filha única nas mãos de um desconhecido. Ele não estava contente com a situação, no entanto sabia que era para um bem maior. Uma obra divina.

A marcha começa adentra nos ouvidos da noiva, o frio na barriga ao pegar o braço do pai retribuindo um sorriso que ele mal poderia ver por baixo do véu. Os passos são tão lentos, tão medrosos que passa pela sua cabeça fugir daquele lugar antes mesmo de passar pela entrada principal.

Seu pensamento de fuga consiste em sair correndo para o meio da plantação e fugir até Bogotá, quem sabe assim ela não se livraria desse grande estorvo que estaria por vir.

Olhares vidrados no vestido bufante e chamativo da noiva, mangas altas em um decote revelador do seu busto farto era o detalhe que chamava atenção da maioria dos olhos masculinos daquela igreja, os seios voluptuosos parecem maiores graças ao espartilho que usava deixando sua cintura mais fina.

As pernas trêmulas ao olhar na direção do altar e ver um homem que não teve a decência de olhar para entrada, nem ao menos teve a curiosidade de conhecer sua noiva em um dos maiores momentos da vida de um casal.

Paolo entrega sua filha para ele, que pela primeira vez gira os calcanhares na direção da sua noiva sem esboçar nenhuma reação. Ela engole a própria saliva a seco, estendendo a mão na direção do futuro marido que a segura de uma forma delicada.

A curiosidade de Amelia acaba quando está parada frente a frente de seu noivo, que por sua vez, estende as mãos até o véu, colocando para trás onde vê pela primeira vez a mulher com que iria casar.

Bem diferente daquela foto mostrada ao padre. Amelia, não era uma menina boba com seus cabelos desgrenhados e olhos alegres. Ali, diante de Justin, exista uma mulher com olhos oblíquos e dissimulados por baixo dos cílios longos, lábios volumosos que o fez pensar em uma grande besteira.

Justin não sentiu o impacto sozinho, sua noiva estava pálida ao ver todas as tatuagens que chegavam até o pescoço, inclusive nas suas mãos. Ela não sabia distinguir o que aquele homem expressava pois ele não tinha se quer uma única expressão, não sabia como era o tom da sua voz até o momento em que foi permitido falar os primeiros votos de casamento.

Ela olhou no fundo daqueles olhos cor-de-mel e suspirou baixo, encarnado a iris enquanto falava suas palavras de comprometimento.

— Eu, Amelia Francesca. Dou-lhe essa aliança como símbolo do meu amor e da minha fidelidade.

Ouve a voz grave falar o próprio nome, dizendo os mesmos votos que ela. Para depois finalizar com o tão esperado.

"Aceito"

Ninguém protestou naquele instante, todos em silêncio dentro da igreja quente e abafada que fazia as coxas de Amelia suarem embaixo daquele vestido. Não teve ninguém que sentiu a sua dor, o peso que carregava em seus ombros e aquele grito de socorro quando o padre os declara: marido e mulher.

Medellín    (Kim Namjoon x Min Yoongi )Onde histórias criam vida. Descubra agora