SE AS LÁGRIMAS DE MYLAELA fossem estrelas, então ela já tinha uma constelação inteira. Assistindo a partida do corpo de seu Padawan, agora consumido por chamas, ela tinha uma porção delas brilhando em sua face. E ninguém poderia ser capaz de vê-las, nem repreendê-la por sua fraqueza. Ela baixou a cabeça, coberta pelo capuz de seu manto Jedi, para não assistir mais aquela cena que tanto lhe atingia.
As últimas palavras de Apollo ainda lhe estavam cravadas na memória, partes de uma promessa que ela não pôde cumprir e nunca cumpriria, mesmo que quisesse. E nesse caso, ela queria. Só que talvez não fosse apropriado tentar convencer o Conselho a levá-lo até o lugar onde nasceu. Não em Naboo, mas em Coruscant — no lugar onde viveu durante toda a sua curta vida — é que deveria ser cremado.
Apollo tinha sido uma forma dela de esquecer do que tinha acontecido com seu mestre, anos atrás. Após anos de sofrimento ela tinha achado uma maneira de ocupar a mente e mesmo que fosse muito jovem e tivesse recentemente terminado seu próprio treinamento, não podia deixar de arriscar repassar tudo o que aprendeu para um aprendiz. Ele era bom, porém havia sido rejeitado por todos os outros. Uma Jedi abandonada pelo mestre e um iniciado que não havia sido escolhido por nenhum, dois abandonados. Não tinha como dar errado, mas deu. Ela enterrava aquele que a ensinou a compaixão, a dor e o autocontrole necessários para ser uma guardiã da luz, e agora sentia isso queimando em seus ossos. A dor dele estava marcada em cada pedaço de sua alma.
— É muito bom vê-la novamente, Mylaela — Mestre Windu ia dizendo quando a avistou após a cerimônia funerária do Padawan.
— Digo o mesmo — o acompanhou em um passeio pelo templo, secando as lágrimas com o dorso da mão, baixando o capuz logo em seguida para ter seu rosto á mostra.
— Soube que fez algumas descobertas na sua missão.
— Eles vão atacar Shelidan e Felucia, mestre — respondeu indiferente, acabara de abandonar seu aluno, não queria se envolver tão cedo com questões da guerra. Queria viver seu luto.
— Eu sei, — meneou a cabeça para cumprimentar alguns younglings que passavam pelo corredor no momento. — E é por isso que eu a chamei. Quero que vá para Shelidan, sozinha, e suplique pelo apoio deles a República.
Os pés de Mylaela estagnaram ao ouvir aquilo. O corpo de Apollo mal fora incinerado e já a puseram em uma nova missão. Até quando as coisas continuariam a ser assim? Eles a obrigando a comparecer em viagens à outros sistemas e ela tendo que aceitar, mesmo quando seu coração dizia para permanecer no Templo. Sua vontade era negar.
— Claro, claro. O que o senhor não me pede que eu não cumpra? — Sorriu falsamente, tentando passar o máximo de verdade em seus valores. — Quando quer que eu vá?
— Se possível, amanhã mesmo.
O sorriso dela se desmanchou quando o homem virou as costas, dando lugar a uma expressão de impugnação. A palavra de Mestre Windu, para ela, era como uma lei e não planejava ir contra ela; pela primeira vez se via remando contra a maré das ordens do seu antigo protetor. Ser falsa aos seus próprios ideais não estava em seus planos iniciais, o que era trágico já que ela não trabalhava tão bem sob pressão.
— Sinto muito. — uma voz atrás de si a saudou, quando se viu completamente sozinha, trazendo de volta uma série de lembranças, como quando ele disse o mesmo anos atrás, ainda um adolescente sob a tutela de seu mestre, assim que Conde Dooku deixou a Ordem, ou no dia anterior quando ele a aborreceu com seu otimismo. A terceira vez que Kenobi a dizia isso; só que diferente das outras vezes, agora ele soava rouco, tão longe da voz suave de todo dia.
Ela logo percebeu que ele vinha do funeral de Apollo e que era à isso que ele se referia.
— Obrigada, — respondeu cabisbaixa.
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A armadura metálica do homem tilintava enquanto seus pés batiam contra o chão a medida em que escoltava a cidade à procura de bandidos e esperando ataques, assim o faria todos os dias até que um novo dever lhe fosse cobrado. Ao longe, uma figura encapuzada lhe esperava, o manto marrom sobre os ombros e o rosto impossível de ser visualizado.
Ele, logo de cara, soube quem poderia estar a sua espera. O clone foi até a direção da pessoa, mantendo a calma para não levantar a atenção dos outros clones ao seu redor, ainda preocupado com sua tarefa de proteger Coruscant.
— Você quer vingança, Jim?
— Não dessa maneira, eu apenas quero saber quem fez isso... — Respondeu sem olhar para o rosto da pessoa escondida nas sombras.
— E capturá-lo. Isso ainda se enquadra em vingança, — afastou o capuz da cabeça, revelando sua face delicada que era iluminada pelas luzes néon dos prédios e os longos cabelos platinados que caiam pelas costas como cascatas. Sua superior. A General Mourtheé. Um pouco mais sombria que o habitual, porém a mesma. — Amanhã vou em uma nova missão.
— Tão rápido, senhora? — cruzou os braços.
— Sim, eles querem que eu negocie em Shelidan apoio ao nosso lado, em troca daremos apoio para eles durante o ataque que os separatistas estão planejando. Isso se eles acreditarem em mim — cruzou os braços em um gesto que espelhava o dele, apertando os lábios e fitando o chão. — Isso vai demorar bastante. Eu quero que no tempo em que eu estiver fora você investigue quem esteve envolvido no ataque ao cruzador.
Ele sacudiu a cabeça em afirmação, aceitando aquela missão particular deles como sua. Sem envolvimentos com o Senado e com a Ordem. Não pôde deixar de se sentir culpado por isso. Por que? Ela era uma Jedi, não podia sentir tais sentimentos, e ele estava dando corda para as ideias dela. Começou a pensar o que aconteceria se os outros como ela descobrissem, o que aconteceria com ela? Levaria um sermão, ou seria expulsa?
Mas ela era a general, a palavra dela não era um pedido, era uma ordem. Mesmo que ele não fosse mais um simples clone, e sim um Comandante.
— Sim, senhora.
— Estou contando com você — ela semicerrou os olhos antes de olhar detrás dele e ver a agitação das ruas. — Atrapalho?
— De maneira alguma, senhora. — respondeu.
Ela cobriu a cabeça a cabeça outra vez e fez menção em se retirar, sabendo que os próximos dias seriam cheios e ela teria que se recolher mais cedo.
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VERBOTEN. ❪obi-wan kenobi❫
Fanfiction. * ✦ . ⁺ . . * ✦ . Tirados de seus berços em uma idade precoce, os Jedi eram levados até o centro da República até que seus destinos os obrigassem a se tornar cavaleiros segurando lâminas brilhantes nas mãos e o peso de cap...