Renato não havia tido uma boa noite.
Realmente.
Espasmos musculares por todo o corpo febril, no entanto, o alfa era orgulhoso em demasia, para pedir ajuda a Aline, preferiu suportar toda a dor sozinho, amaldiçoando o momento em que marcara Leonardo à beira da morte. Talvez fosse seu castigo, pela maldade sem igual.
Com um raio pequeno de sol adentrando o cômodo pela fresta da janela entreaberta, Renato juntou forças para sustentar a farsa de que estava bem, mesmo com seu corpo implorando por ajuda; a boca seca, a temperatura se elevando gradativamente, seus ouvidos zuniam, enquanto seu inconsciente o chamava de idiota e ele não podia reclamar.
O pós-banho matinal foi horroroso. O alfa mal se aguentava em pé, talvez por esse motivo, ficou sentado na borda da cama por um longo período, entre bocejos e resmungos internos. Olhou o guarda-roupas um pouco à frente, se arrastando até o móvel. Seu peito doía, como se uma ferida interna estivesse lhe corroendo por dentro. Também sentia uma angústia crescente, além da falta de ar.
Caminhou descalço pelo piso de madeira maciça, parando o olhar na parede à sua diagonal. Não se lembrava de ter mudado a cor, aliás a cor não havia mudado, continuava no mesmo tom negro que ele gostava. Tudo não passara de uma pequena alucinação. Oh, sim, ele estava pior do que imaginava ou admitiria para quem quer que fosse e mesmo sendo forte como um touro, era dor demais para conseguir suportá-la em pé.
Vestiu apenas um dos pijamas e retornou para a cama, onde passou o resto do dia e o mesmo aconteceu no dia seguinte.
Passado-se dois dias desde que marcara Leonardo, o alfa já conseguia se levantar da cama e caminhar pela mansão, lutando com seu lobo, que rosnava dentro de si, pedindo para que fosse ver o ômega ferido, mas ele não foi.
Soube por Aline o quão doloroso estava sendo para Leonardo, passar seu cio sozinho, além dos ferimentos, que não estavam cicatrizando como o esperado, no entanto, nenhum relato de sofrimento fez seu coração amolecer. Em contrapartida, estranhou o fato do pai de Leonardo não contactá-lo, exigindo que eu devolvesse seu herdeiro. Era tudo tão confuso... Talvez nem tanto, bastaria mais um pouco de atenção, começando pelo local onde Leonardo fora encontrado e sob quais condições.
— Se sente bem para a invasão, senhor? - Heitor massi, um de seus homens de confiança, questionou pela segunda vez naquela tarde de sexta-feira.
— Apenas uma dor incomoda. - Uma dor lancinante, para ser mais exato e sincero. — Consigo liderá-los. - Ao levantar da cadeira, fez uma carranca de dor, segurando o tórax com a palma da mão.
— Sabe que precisa descansar.- Heitor, um alfa quase tão petulante quanto Renato, foi firme ao falar. — Me deixe liderar a gangue esta noite, Renato. - Ouviu cada palavra em silêncio, olhando o mais velho nos olhos.
— Não faça bobagens, cometa erros e eu mesmo arranco a sua cabeça. - Rosnou para Heitor, que conhecendo o gênio terrível do líder, apenas se curvou em respeito, logo se retirando do escritório.
Passaram-se mais quatro dias e Renato continuava a sentir dores por todo o corpo, muitas vezes, dores acompanhadas de uma angústia estarrecedora. Seu único consolo, era saber que o ômega estava sofrendo o dobro.
— Esse garoto não melhora... - Impaciente, o alfa caminhava no quarto de um lado para o outro. — isso está me afetando numa intensidade maior do que imaginei. - Doeu admitir isso para a beta.
— Leonardo está melhorando aos poucos, senhor. - A mulher tentou confortá-lo. — Acredito que a marca lhe ajudou bastante nisso. - Meio incerta com a reação de Renato, ela comentou, lhe entregando a medicação para dor.
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A MARCA - ABO - LEONATO (adaptação)
Fanfiction[Concluída] O alfa Renato Garcia era líder da gangue 'A Elite' Sempre atravessando a linha tênue entre certo e errado deixando-se dominar pela excitação da adrenalina que percorria seu corpo a cada nova ação. Sua vida nunca foi tranquila, contrariam...