🐺06 - "Ou ela, ou eu";

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— Não deveria ter voltado, pequeno. - Aline repreendia Léo, ajudando o ômega a se livrar dos sapatos, ele era péssimo com cadarços.

— Meu pai me renega e eu morri para o meu namorado. - Desabou em cima da cama, apoiando a cabeça em cima de um travesseiro. — Não tinha um lugar para ir, não com esse maldito cheiro sobre o meu corpo. - Justificou sua atitude, pouco se importando com o que a beta estaria pensando acerca do assunto.

— Te trataram mal, pequeno? - Aline sentou-se ao lado de Léo, na cama, afagando suas madeixas douradas, ação apreciada pelo ômega, que lutava para manter os olhos abertos.

— Melhor do que eu mereço. - Quando se deu conta, já estava com a cabeça apoiada nas pernas da mais velha, entretanto, não queria se apegar demais, porque sempre que isso acontecia, algo de muito ruim acontecia com a pessoa em questão. — Pode me deixar um pouco sozinho? - Ainda que precisasse de mais um pouco dos seus carinhos, Leonardo pediu à ela, saindo do seu alcance.

— Como desejar, pequeno ômega. - A beta sorria ternamente para Leonardo, beijando o topo da sua testa, antes de sair do cômodo.

Leonardo estava com raiva.

Sentia que poderia atacar qualquer um que levantasse a voz para ele naquele momento, embora fosse dócil na maioria do tempo. Renato Garcia tinha o poder de despertar o pior dele e teria que sofrer as consequências.

Ao abrir as portas do closet do quarto, ficou estático ao ver inúmeros pares de roupas, sapatos, acessórios masculinos, ainda mais caros do que os que ele tinha em seu próprio closet e ao julgar pelo tamanho das peças, chegou à conclusão de que tudo guardado ali, lhe pertencia e se deveria ficar feliz, ele definitivamente não estava, queria voltar para a casa, que já nem podia chamar de sua e estar perto das pessoas que amava.

Livrou-se das roupas e seguiu para o banheiro, descansado o corpo dentro de uma banheira cheia de espuma. Por pior que fosse, Renato não tinha pena de gastar, tudo naquela mansão era caro e luxuoso, dos quartos, até a decoração exposta nos ambientes de convívio social e pelo que Léo prestara atenção, ele tratava todos de modo igual, sem predileções.

Tentou se decidir entre a calça jeans preta ou a de alfaiataria branca. Optou pela segunda opção, depois vestiu a chamisie do mesmo tom e um cinto preto em volta da cintura. Escolheu um par de sapatos de couro preto, sem esquecer de alinhar cada fio de cabelo, tentando se parecer um pouco com os homens de Renato, que mais pareciam integrantes da mafia italiana, só que com muito mais estilo.

Se encarou no espelho, nem de longe parecia o mesmo ômega que chegou ali há alguns.

Saiu à procura de Renato, sendo ignorado por todos a quem perguntara sobre o alfa e só conseguiu achá-lo, porque Aline o ajudou, lhe alertando sobre o mau humor do alfa, mas Léo não tinha medo.

Ao se aproximar do escritório de Renato, ouviu vozes. Pressionou os dedos na maçaneta da porta, mas desistiu de entrar ali. Já estava indo embora, quando deduziu que conversavam sobre ele:

— Não acredito que vai deixar que ele passe a morar com a nossa família, Renato. - Alguém parecia irritado com o alfa; Léo riu, vê-lo encrecado por sua culpa, era deveras gratificante. — Ele é um problema que já deveria ter se livrado. - A frase foi o estopim para acender o barril de pólvora, que o ômega se tornara, fazendo-o explodir.

— Por que ao invés de falar, você mesma não vem se livrar de mim? - Já chegou todo afrontoso para cima da outra ômega, desviando o olhar até Renato. — Perdeu a voz? - Seguiu provocando a ômega, se aproximando cada vez mais da morena que parecia ter o dobro da baixa altura. — Deixe-me adivinhar, você é a namorada do meu alfa? - Agora ela ria com deboche, caminhando para junto de um Renato Garcia vermelho de raiva.

— Ele não é seu. - Dhara protestou; seus olhos reluziam com ódio, seria capaz de partir Leonardo ao meio se tivesse chance.

— Tão meu quanto eu sou dele e acho justo que Renato Garcia me assuma logo publicamente. - Murmurou confiante, tão perto do outro que conseguiu sentir seu corpo ficando superaquecido. Ah, ele estava muito puto com o outro.

— Do que está falando, Léo? - O alfa franziu o cenho em sua direção, aparentemente confuso.

— Tenho a sua marca, é como se fôssemos casados. - Leonardo explicou, sorrindo para ele, vendo-o fechar a cara com um céu encoberto por nuvens.

— Não fale bobagens. - Contrapôs, mas ao tentar se afastar, foi obrigado a permanecer no lugar, quando Leonardo segurou sua mão com força. Mesmo parecendo delicado, ele era forte como um lutador de MMA.

— Não é bobagem, mesmo não nos amando, ainda, pertencemos um ao outro. - Aquele "ainda", continuava ecoando na mente de Renato.

— Não preciso ouvir isso. - Dhara balbuciou possessa.

— Ah, mas você vai ouvir sim. - Leonardo atravessou na frente da ômega, obrigando-a a recuar para longe da porta. — Renato, escolhe, ela ou eu. - Deu um ultimato no mais velho, que à cada ação, se irritava um pouco mais.

— Leonardo, pare de palhaçada, isso não tem graça. - De repente ele se sentia extremamente desconfortável entre os dois.

— Se escolhê-la, eu vou embora e você nunca mais me verá, mas se eu ficar, vai ser para ser seu ômega. - A forma como Léo falava, fez o outro ficar estático.

— Você me odeia, seu idiota. - O alfa fez questão de lembrá-lo.

— Meu lobo ama o seu. - A confissão deixou Dhara e Renato paralisados; o primeiro irritado e o segundo confuso.

— Leonardo, deixa de coisa. - Renato riu sem graça, julgando se tratar uma brincadeira do ômega, mas não era. — Dhara, podemos conversar depois? - Como não era idiota, o outro percebeu que estava sobrando na conversa, então não hesitou em sair dali sem ao menos questionar a jogada para escanteio. — Leonardo, eu não sei o que deu em você, mas precisa parar com isso, eu gosto da Dhara e essa marca não significa nada. - O repreendeu como um pai repreende um filho após fazer merda.

— Meu lobo está triste. - Fez bico, baixando a cabeça.

— Era só o que me faltava. - O alfa revirou os olhos, estranhando o comportamento do outro. — Seu cio já passou, não é pra estar tão sensível assim. - A colocação mais parecia um "pare de frescura", sendo ignorada pelo mais novo.

— Posso sentar? - Sinalizou com os olhos na direção do colo do Mesmo.

— Tem uma cadeira logo ali na sua frente. - Apontou com o indicador.

— Aqui é mais confortável. - Não hesitou em se sentar no colo do inimigo, apoiando a cabeça em seu ombro. — Meu pai me renegou... - as batidas do coração de Renato aceleraram, seu lobo estava radiante com a proximidade do pequeno ômega em seu colo. — Rosnou comigo e ele nunca fez isso. - Precisou deter o desejo de tocar seus cabelos com os dedos, seu cheiro estava tão doce. — Ele me deixou sozinho, sem se importar com o que você poderia fazer comigo e meu namorado... - a informação de Léo ter alguém, não agradou o alfa, menos ainda o seu lobo. — Roma disse que eu morri pra ele.

— Não sou bom em consolar pessoas, sinto muito. - As mãos tremeram quando ele tocou sua cintura, mas logo se afastou.

— Me deixa entrar para a sua família. - Para sua incredulidade, Leonardo pediu.

— Quer mesmo entrar para a Elite? - Renato indagou, sem esconder sua surpresa com o pedido do ômega. — É o que realmente quer?

— Esse é o meu maior desejo. - Afirmou categórico, sorrindo-lhe, mesmo que por dentro estivesse se desmanchando em lágrimas.

XXX

Se preparem que vem muito mais por aí, mas eu AMEI tanto o Léo se impor e fazendo Rêh se ferrar por ter lhe marcadooo.

A MARCA - ABO - LEONATO (adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora