Leonardo não sentia o corpo.
Tudo havia se transformado em uma sucessão de nadas. Nada importava, não mais, já que seu amor havia ido embora.
Estava se encarando há horas no espelho. O terno preto não lhe caía tão bem. Raramente usava preto, apenas em ocasiões especiais e aquela era tão devastadora. Não havia pregado os olhos na noite anterior. Em frações de segundos ficava voltando ao momento em que Renato fora assassinado pelo próprio irmão e piorando tudo, ainda foi capaz de apertar o gatilho daquele revólver, tirando a vida do ex-namorado. Queria sentir remorso, mas não conseguia, pois era como um acerto de contas.
Fraco e se sentindo muito mal, Léo tirou os sapatos e se prostrou na cama, onde deitou a cabeça em um travesseiro. Virou-se de lado, acariciando a barriga. Queria domir. Ele queria dormir para sempre, entretanto, quando fechou os olhos, se assustou ao ouvir o barulho da porta se abrindo. Felizmente era Bruno se fosse qualquer outro, ele teria lhe expulsado sem consideração.
— Precisa ser forte, Léo. - O beta lhe incentivou, se deitando ao seu lado na cama.
— A marca se rompeu. - Os olhos do beta se firmaram no pescoço do ômega. Ele estava certo, a marca havia desaparecido com a morte do alfa que a fizera. — Eu sinto um vazio tão grande. - Sua destra estava por cima do seu peito, no entanto, mal sentia as batidas do coração. —Parece que nada faz mais sentido na minha vida e não importa o que aconteça, sem ele, eu me sinto perdido, sem esperanças de dias melhores. - Em busca de carinhos, Léo se aproximou mais de Bruno, deixando que o beta lhe fizesse cafuné de um jeitinho bem parecido ao que Renato fazia outrora.
— Você tem o seu bebê, torne-o uma razão para viver. - Usou o melhor argumento que lhe ocorreu naquele momento. — Eu tenho certeza que o Renato ficaria feliz se soubesse que seguiu em frente, mesmo que ele já não esteja mais aqui com a gente. - Desceu os dedos longos para a face do menor, concentrando os carinhos em suas bochechos fartas. — Sei que é forte. - Beijou o topo da testa do ômega.
— Mas a dor de perdê-lo é ainda pior. - Léo choramingou baixinho. — Eu não vou conseguir levantar dessa cama e ir ao velório. - Porque se fizesse isso, sabia que ficaria ainda pior do que já estava, mas amargurado, e na melhor das hipóteses, teria pesadelos para o resto da vida.
— Renato e Roma serão velados no mesmo lugar e no mesmo horário. - Comentou eventualmente. Bruno achava absurdo, essa exigência do pai de Renato.
— Eu matei o Roma. - Bastava olhar para as mãos, para que voltasse ao momento em que apertou o gatilho. Segundos depois, o corpo de Roma Street estava agonizando no chão. — Queria me sentir mal com isso, mas eu não consigo. - Foi sincero ao proferir, dobrando as pernas em cima do colchão.
— Não se preocupe, eu entendo suas motivações e o sr. Carlos cuidou para que tudo parecesse um assassinato causado pela Gangue do Sul. - Afirmou, para a surpresa de Léo, já que ele não esperava um gesto de benevolência após todo o acontecido.
— Também não sinto remorso por um deles receber a culpa no meu lugar. - Bruno sorriu sem querer, voltando a distrair Léo com seu cafuné. — Principalmente se for aquele babaca que eu quase matei no bar do Mark. - Já nem lembrava qual era o nome, também não queria lembrar nada relacionado àquele alfa. — Preciso ficar um pouco sozinho, Bru. - Se virou na direção oposta, após colocar um travesseiro no meio das pernas e puxar um edredom até os ombros.
— Você não está sozinho. - Se esticou para beijar a bochecha do ômega, levantando da cama, logo em seguida. — Lembre-se disso. - Pronunciou ávido, só depois saiu do quarto, encontrando o noivo no corredor.
Sozinho, como queria, Léo abriu a galeria do celular, revendo todas as fotos com Renato. Eram tantos momentos bons, que nem lembrava de todas as vezes em que o alfa lhe machucou, fosse com suas palavras ou com suas ações. Daria qualquer coisa para tê-lo de volta, mas não havia nada a ser feito.
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A MARCA - ABO - LEONATO (adaptação)
Fanfiction[Concluída] O alfa Renato Garcia era líder da gangue 'A Elite' Sempre atravessando a linha tênue entre certo e errado deixando-se dominar pela excitação da adrenalina que percorria seu corpo a cada nova ação. Sua vida nunca foi tranquila, contrariam...