Por sorte, ou não, o período do cio de Leonardo havia acabado.
Ele estava destruído emocionalmente, havia ido para a cama com o alfa que não amava, sequer conhecia Guilherme e durante cada ato sexual, se absteve de qualquer palavra. Sentia como se seu corpo tivesse sido violado, bem, fora uma violação consensual, mas o fato não diminuía sua dor e indignação consigo mesmo por ter sido tão fraco e deixasse que outro o satisfizesse. Nem mil banhos fariam o pequeno ômega se sentir menos sujo, ainda assim, Léo continuou a banhar o corpo, que de tanto se esfregar, sua pele começava a ficar vermelha.
Sem controlar o choro, foi para debaixo das cobertas e permaneceu recluso no quarto pelas próximas horas do dia, apenas lidando com a sensação terrível de que era um traidor e de que não merecia ser perdoado. No lugar de Renato, não sabia se conseguiria perdoá-lo, ou não. Como se tudo não fosse o suficiente, Léo ainda tinha que lidar com os pensamentos infernais ao lado de Guilherme e sua marca não parava de arder, da mesma forma que havia se irritado durante seu cio.
Leonardo se sentia como se sua vida já não fizesse mais sentido, queria dormir para sempre, mas ao tentar fechar os olhos para descansar um pouco e colocar os pensamentos insensatos em ordem, ouviu o barulho da porta do quarto se abrindo, revelando sua avó no cômodo.
— Como se sente? - Aline indagou, se sentou ao lado do neto, na cama.
— Bem fisicamente, mas meu emocional está arruinado, vovó.- Caindo em um choro intermitente, Léo apoiou a cabeça nas pernas da mais velha e se encolheu como um caracol ao seu redor. — Foi horrível a sensação de trair o Renato. - Sentiu como se estivessem arrancando seu coração da caixa torácica, o jogando para bem longe do seu corpo. — Meu lobo me odeia e eu também. - Léo se sentia estraçalhado por dentro, da mesma forma que se sentiu quando fez amor com Roma e o alfa tentou marcá-lo. Uma dor lancinante.
— Você não aguentaria outro cio sozinho. - A beta o defendeu de si mesmo, afagando seus cabelos. — Foi para sua sobrevivência e nada mais. - Usou o argumento como arma, limpando as lágrimas de Léo com as costas dos dedos.
— Se é assim, prefiro estar morto. - Mas já era tarde demais para voltar atrás em sua decisão. Como uma tatuagem. Algo definitivo. — Eu podia ter tentado usar o medicamento que inibe o desejo sexual.
— Se sentia idiota por só conseguir pensar nisso agora. Estava tão atordoado com os sintomas do cio, que Léo só queria parar a dor e de sentir "bem" novamente.
— Não tem ideia do quão mal essas porcarias fazem para a saúde. - Léo se surpreendeu com a alteração na voz de sua avó. Impressão sua ou a beta havia realmente rosnado para ele? — Você não sabe, mas a sua mãe se viciou nos inibidores sexuais, porque seu pai usava seu cio para lhe dar castigos, os castigos mais cruéis, começando por privação sexual. - Contou, deixando Léo perplexo ao descobrir um pouco mais sobre as maldades do próprio pai. — O vício a deixou desnorteada e ela foi se entregando aos poucos a um depressão que a matou em poucos meses. - As lágrimas gélidas voltaram a banhar o rosto de Léo com mais força do que há minutos.
— Por que não me contou, vó? - Questionou entre soluços provocados pelo excesso de choro.
— Não é algo que eu goste de falar. - O ômega imaginou, se sentando na cama para abraçá-la. — Só não quero que acabe da mesma forma que a sua mãe, eu juro que não suportaria se algo de ruim te acontecesse também, já perdi gente demais na minha família, pequeno. - Beijou sua testa, voltando a abraçá-lo com toda a força que conseguiu juntar naquele momento de fragilidade.
— Tudo bem, sei que só quer o melhor para mim. - Algo dentro de Léo lhe alertava sobre confiar totalmente em alguém que conhecia tão pouco, mesmo com o parentesco, no entanto, o ômega só queria apegar a esperança de que não estava mais sozinho no mundo. — Mas, eu tenho tanto medo do Renato não me perdoar. - Seu coração ficava pequeno só com o pensamento. — Eu só pensei nele durante o sexo e foi só isso, apenas sexo. - Algo sem importância que deveria ser esquecido e ele esqueceria a qualquer custo, pois o único que importava para Léo, era seu alfa e nada mais. — Eu o amo e eu sempre vou amar apenas o meu alfa. - Então, quando Léo fechou os olhos, conseguiu ver claramente o rosto de Renato em sua mente, no entanto, o sorriso ladino em sua face desapareceu ao abri-los outra vez e tudo ficou escuro.
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A MARCA - ABO - LEONATO (adaptação)
Fanfiction[Concluída] O alfa Renato Garcia era líder da gangue 'A Elite' Sempre atravessando a linha tênue entre certo e errado deixando-se dominar pela excitação da adrenalina que percorria seu corpo a cada nova ação. Sua vida nunca foi tranquila, contrariam...