🐺34 - "Talvez eu mereça ser punido por amá-lo";

969 52 8
                                    

Leonardo passou toda a manhã de domingo pensando em Renato. Ele gostaria de estar ao seu lado em seu aniversário, mas quando decidiu se afastar, sabia que perderia momentos especiais como aquele, e isso só lhe deixava mais triste. Pensava que seria esquecido com o tempo, e, enquanto seguiria amando aquele alfa, ele acabaria sendo engavetado em seus pensamentos, bem longe do seu coração.

Inquieto, o ômega continuava se movendo de uma lado para o outro, na cama de uma clínica médica. Só estava ali por insistência de Miguel, já que não considerava um desmaio algo tão sério, também não havia nada mais que aquele ômega detestasse do que ficar horas tomando soro. Faria o esforço por seu filhote, para se manter forte pelos dois.

— Eu devia ter ligado pra o Renato mais cedo. - Resmungava, fechando e abrindo o livro que pegara para ler, minutos atrás. — Será que ele recebeu meu presente, Miguel? - Passou toda a semana pensando em algo que surpreenderia Renato, mas no final das contas, acabou escolhendo um boneco do Homem-Aranha, substituindo a cabeça do super-herói, pela do alfa, após fazer a encomenda para a fabricante. — E se ele não recebeu e estiver achando que eu esqueci? - Estava começando a se desesperar com essa possibilidade, seu coração se apertava ao ponto de sua respiração se desregular.

— Meu amor, você desmaiou, tem que se preocupar com você e com seu filhote, depois você liga para ele e tudo vai ficar bem. - Aconselhou, movendo o pescoço para os lados. Depois de dormir uma noite em uma poltrona minúscula, o ômega mal sentia o próprio corpo.

— Foi só uma queda de pressão, porque eu sou um ômega fraco. - Insistia em se culpar, buscando por uma posição confortável na cama estreita. — Vou ligar pra ele. - Se esticou para pegar o celular do outro lado da cama.

— Eu preciso ir pra casa, amanhã tenho uma avaliação cedo, mas o Douglas vai vir ficar aqui com você. - Léo assentiu com a cabeça. — Fica tranquilo, 'tá' bom? - Segurou seu rosto entre as mãos, beijando o topo da sua testa.

Logo após Miguel sair do quarto, Léo tomou coragem para ligar para Renato. Estava tão nervoso que digitou o número errado três vezes, seus dedos mal paravam quietos em contato com o telefone. — Parabéns, Renato! - O ômega murmurou, assim que a ligação foi iniciado.

Tecnicamente meu aniversário acabou há uma hora. - Respondeu seco, frio.

— Desculpa. - Sua animação se transformara em uma dolorosa frustração. — O fuso-horário me confunde. - Justificou-se, enrolando o dedo indicador na borda da roupa. — Gostou do meu presente? - Indagou, sem saber como alongar a conversa.

Não recebi nada, Léo. - Continuou respondendo objetivamente. — Na verdade, estou um pouco cansado agora, muito. - A voz era calma, gélida. — Depois nos falamos. - Murmurou, deixando bem claro que não queria continuar a conversa.

— Você saiu? - Indagou; Léo sentia como se tivesse se afogando em uma poça de indiferença. — Saiu com alguém? - Reformulou a pergunta, evidenciando seu ciúme, que não era pouco.

Não quero mentir, Léo, eu saí pra jantar com a Dani, depois fomos a um parque de diversões... - O ômega parou de ouvir com a menção do nome da irmã. Estava explicado o porquê da sensação ruim, que sentiu o dia todo. — Acho que te falei sobre gostar muito de parque de diversões. - Já parecia mais animado com a conversa, ao contrário do menor.

— Você não falou. - A voz mal saiu de tão baixa. — Foi divertido? - Torcia para ter não sido uma noite agradável e não se sentia egoísta por isso.

Foi. - Léo fez uma carranca para si mesmo. — Depois nos falamos. - A pressa dele, em encerrar a conversa, era tão frustrante.

— Espera... - ele gritou, ficando com o coração cada vez mais acelerado. — Eu queria te contar algo. - Desceu os olhos até sua barriga, acariciando-a devagar.

A MARCA - ABO - LEONATO (adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora