Capítulo 5

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(SEM REVISÃO)

DENISE

-me solta que eu vou matar essa dissimulada- grito para os policiais que tentam me segurar.

- se a senhora não fica acalma eu vou ter que dar voz de prisão – o oficial me fala o que só faz com que meu sangue ferva ainda mais

- vai prender a mim? A mim? Você tem que prender essa desgraçada. Alias pode me prender depois que eu bater nela tanto quanto ela ameaçou bater na Luana.

Quando desci para portaria do meu prédio algumas horas mais cedo me deparei com uma Luana muito assustada, seus olhos estavam vermelhos como se tivesse chorado e ela vestia apenas um pijama fino e parecia muito cansada. Ela fugiu do abrigo e andou muito para chegar até a minha casa.

A levei par dentro e dei a ela leite e fiz um sanduíche a menina comeu como se não visse comida a dias isso já me deixou preocupa, como hoje é segunda feira e as aulas que ela frequentam são na quarta, quinta e sexta, faziam três dias que eu não via minha menina.

Fui conversando com ela e a princípio ela me disse que estava entediada e com saudades de mim por isso fugiu mas algo me cheirava errado, então fui conversando até  consegui arrancar dela a verdade. Ela me contou que na sexta feira quando chegou ao abrigo a filha da atual diretora estava lá e que a menina zombou da Luana ainda rasgou sua roupa e tomou a mochila que eu dei a ela com todos os apetrechos do balé, a Luana foi pra cima e bateu na menina a diretora então trancou a Luana em um quartinho por dois dias sem comida só com água. E quando soltou ameaçou bater na Luana caso ela contasse a alguém o que aconteceu.

Não pensei duas vezes antes de enfiar a Luana no carro e traze-la para a delegacia, quando foi chamada a desgraçada da mulher teve cara de pau de dizer que era tudo mentira e que a Lua era uma crianças rebelde e mentirosa, isso me tirou do sério e eu dei um tapa na cara dela foi ai que os policiais me seguraram. Eu sou totalmente contra violência, alias sou bem pacifica minhas amigas até dizem que sou tão calma que fico besta pra vida, mas ouvir o que essa mulher disse fez despertar em mim um lado desconhecido, a fúria que estou sentindo não é normal.

- eu não vou aceitar essa baderna – o delegado grita pra mim- tirem essa mulher daqui ela vai esperar lá fora.

É assim eu sou arrastada para fora da sala do delegado fico andando de um lado para o outro, indignação correndo em cada nervo do meu corpo.

- Denise? O que ouve- me viro e vejo o policial Mauro que é casado com minha amiga Mirella.

- Oi Mauro graça deus você pode me ajudar?- conto a ele rapidamente o acontecido e ele me promete que vai averiguar e assim entra na sala do delegado.

Um tempo depois a cadela da tal diretora sai da sala carregando a Luana, minha menina olha pra mim com cara de choro e eu corro até ela, mas sou impedida de passar.

- Mauro o que está acontecendo? por que aquela mulher está  levando a Luana?

- Denise calma está bem, infelizmente não há provas nenhuma que ela fez algo contra a menina ela disse que a menor mais uma vez fugiu do abrigo e ela e assistente social estavam procurando por ela; afirmou também que você é uma péssima influencia para a menina e que por isso tiraram a autorização para que você pegue garota no abrigo e vão pedir ao juiz que você não chegue mais perto dela

- O que?- meu mundo para e eu sinto uma dor tão forte no meu coração que ofego- Mauro é mentira a Luana não é mentirosa! Aquela maldita esta maltratando minha menina vocês não podem deixar isso acontecer.

- Calma Denise- ele fala e me faz sentar nas cadeiras que ficam no corredor- eu não creditei nela e tão pouco o delegado acredita, mas infelizmente não tem prova nenhuma contra ela, e a assistente social depôs afirmando que a diretora Areta tem conduta exemplar o que não acontece com a menor que tem um histórico conturbado de fugas.

- E a palavra da Luana não conta? Ela que foi maltratada. Sabia que por isso que as pessoas tem medo de denunciar abusos? Por que a palavra da vítima não vale nada. - falo revoltada e começo a chorar imaginado que essa mulher pode fazer alguma coisa de ruim com a pequena.

-Eu sei, mas infelizmente essa é a nossa lei, não podemos fazer nada sem provas; mas prometo a você que vamos ficar de olho , um policial vai amanhã mesmo no abrigo olhar tudo e investigar e se ele perceber alguma coisa minimamente errada principalmente com aquela menina eu mesmo vou cuidar do caso mas infelizmente agora não podemos fazer mais nada.

- isso é tão injusto!- falo baixo já sem forças pra continuar me revoltando.

-  mais um coisa: você não pode chegar nem perto da menina ou do brigo, infelizmente você não é nada da menor e a diretora ameaçou de denunciar como potencial perigo as crianças caso vá até lá.

- essa cretina! que ódio! Sabe que é pior a Lua vai tentar fugir de novo e ela pode acabar pelas ruas ou alguém a machucar como na noite em que a encontrei eu posso nunca mais vê-la.

- eu realmente sinto muito.

***

Voltar casa e nem mesmo tiro a roupa antes de deitar na cama e chorar todas as minhas lagrimas de revolta e de tristeza nem sei que horas peguei no sono e acordo me sentindo horrível; quando vou ao banheiro noto as enormes bolsa baixo dos meus olhos e as escondo com maquiagem afinal não quero espantar as alunas.

Dou minha aula no piloto automático; minha mente bem longe daqui vários pensamentos passa pela minha cabeça até que uma ideia se acende. É isso que tenho que fazer, mas como?

Existem duas pessoas que podem me ajudar com meu problema, duas pessoas que são as melhores em seu ramo, duas pessoas que amo com todo meu coração mas que me machucaram mais que qualquer coisa no planeta. Eu jurei nunca mais falar com eles, com ele, mas pela Luana eu vou engolir meu orgulho e procura-los.

Vai dar certo, tem que dar certo. Fico um pouco mais animada e minha esperança se acende. 

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 A violência contra crianças e jovens e uma realidade triste e comum,  ela pode acontecer não apenas de forma física mas também de maneira psicológica. Não podemos deixar de fazer a nossa parte, se você conhece alguma criança com sinais de maus-trato denuncie, isso pode ser feito de forma anonima. 

As denúncias de casos de maus-tratos e negligência a crianças e adolescentes podem ser feitas aos Conselhos Tutelares, às Polícias Civil e Militar e ao Ministério Público, podendo ser noticiadas também aos serviços de disque-denúncia (Disque 100, nacional; Disque 181, estadual; e Disque 156, municipal).

 VOCÊ PODE NÃO SALVAR TODAS AS CRIANÇAS DO MUNDO, MAS PODE SALVAR O MUNDO DE UMA CRIANÇA!

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