(SEM REVISÃO)
Carlo Eduardo
Nunca tive que lidar com uma criança doente antes, mas acho que me sai bem, não vou mentir eu me fiz de durão e disse pra Denise que iria ficar tudo certo, mas na verdade estava com medo de fazer algo errado e preocupado pela minha bonequinha estar sofrendo. Assim que a Denise saiu mandei uma mensagem para um amigo que é pediatra consegui que ele viesse dar uma olhada na minha filha e ele garantiu que era apenas uma virose, receitou alguns remédios e disse que eu poderia ligar a qualquer sinal de piora. O problema é que eu queria ligar pra ele cada vez que ela tossia ou espirava, me controlei apenas para não parecer ridículo.
- Papai você pode encher a banheira do seu quarto para que tome um banho?
- Claro filha, mas por que você mesma não faz isso?- pergunto mesmo sabendo da resposta.
- Prefiro não fazer- ela fala de cabeça baixa e com o tom de voz triste.
- Tá bom eu vou fazer isso, mas eu quero que você entenda que o que aconteceu no outro dia foi um acidente filha e você não precisa ficar com receio de usar a banheira – falo e depois faço um carinho em meio a seus cabelos crespos - agora vai subindo e pegando suas coisa que eu vou preparar seu banho, vou até colocar aquelas coisinhas que sua mãe usa para deixar a água cor de rosa.
- Tudo bem – é tudo que ela fala antes de subir as escadas.
Arrumo a bagunça que nós dois fizemos na cozinha para prepara a sopa que comemos no almoço e depois vou para o meu quarto, entro no banheiro e começo a encher a banheira, derramo na água um sabonete cheiroso que a Denise tem e que faz criar um monte de espumas do jeito que a Luane gosta e por fim uma bolinha esquisita que deixa a água colorida. Enquanto a água vai subindo aos poucos dentro da banheira fico pensando no que aconteceu no fim de semana passado...
Estávamos todos em casa naquela típica preguiça de domingo à tarde a Lua subiu para tomar banho na banheira do nosso quarto, ela abriu o registro e deitou na cama para esperar, mas ela acabou dormindo é o resultado foi que a banheira se encheu e alagou o banheiro inteiro, o nosso quarto e acabou descendo pela escada; a Luane teve uma crise de choro quando viu o que havia acontecido, demorou quase uma hora para que eu e a Denise conseguíssemos faze-la parar de chorar. Mas o que mais me machucou foi ela implorando para que a gente não a devolvesse ao abrigo. Não consigo me desligar da imagem delas abraçadas em meio ao chão molhado.
Desde que ela chegou eu achei que estávamos construindo uma relação legal, Denise e eu fazemos o possível para que Luane saiba o quanto é amada e desejada, mas pelo que vimos o caminho a percorrer ainda é longo, mas tenho certeza que vamos chegar lá. Nós amamos a nossa filha e tudo que mais quero é que ela se sinta segura, amparada e protegida.
- Luane seu banho está pronto- falo batendo na porta do quarto dela. Escuto meu celular tocando e lembro que deixei na sala então desço as escadas correndo. Olho no visor e vejo que é a Denise
- Alô meu amor, você já esta vindo para casa? - pergunto assim que atendo a ligação.
"Carlos Eduardo por que você não me contou que o meu pai está com câncer."
- Ele finalmente te contou?
"Então é verdade? Ai meu Deus." Ela começa a chorar e eu me sinto perdido por não estar peto dela.
- Denise se acalma, meu amor respira fundo e conversa comigo - depois de vários minutos ela consegue se controlar o bastante para falar sem chorar, mas ainda consigo ouvir seus soluços.
"Por que você não me contou? Eu não fazia nem ideia que isso estava acontecendo."
- Eu queria te contar desde o primeiro momento, estava realmente acabando comigo guardar esse segredo, e fico imensamente aliviado por seu pai ter finalmente te contado a verdade.
"Ele não me contou nada." Ela afirma me deixando confuso
- Então como você...
"Eu estava aqui no hospital já estava de saída, quando eu vi médicos socorrendo um homem e era o meu pai" ela murmura entre soluços.
Merda, de todas as maneira que ela podia ter descoberto sobre a doença do pai com toda certeza essa é a pior delas. Quantas vezes eu disse ao Otávio que ele deveria contar logo a ela o que estava acontecendo, tenho plena consciência que eles estavam há anos sem se falar, mas diante de uma coisa tão seria como um câncer os ressentimentos deveriam ser deixados de lado, mas não, ele nem quis me ouvir. Se tem uma coisa em que pai e filha se parecem e na imensa capacidade de serem teimosos.
- Ele não queria te contar antes de vocês terem a oportunidade de conversar e acertar as coisas entre vocês - explico a ela – e foi por isso que não te contei, eu prometi que deixaria o Otávio resolver as coisas do jeito dele, e em partes eu concordava com ele.
"Mas agora ele pode estar morrendo..."
- Amor o seu pai não está morrendo – falo pra ela, mas na verdade sinto gelo no estômago ao imaginar que o Otávio poderia ter mentido pra mim sobre sua real situação e a coisa ser mais grave do que ele realmente me contou, seria bem típico dele fazer algo assim com a justificativa de estar me protegendo.
"Foi horrível ver ele naquela maca cercado por médicos, ele parecia tão frágil. O medo de perdê-lo bateu tão forte em meu peito que por um minuto eu não conseguia respirar. Eu fique magoada e com raiva por tanto tempo que me esqueci do quanto eu o amo e do quando antes da nossa briga ele foi o melhor pai do mundo" ela desabafa e por um instante eu não sei o que responder a ela.
- Você vai ter a oportunidade de falar tudo isso a ele, olha vou te contar o eu sei e quem sabe assim você se acalma – ela responde com um simples ok e então eu continuo – seu pai há alguns meses descobriu o câncer em exames de rotina, por sorte não estava em estágio avançado e ele começou o tratamento imediatamente, os médicos estão confiantes que ele ficara bem.
"Mas então por que isso aconteceu agora?"
- Eu não sei meu amor, mas pode ser apenas um mal estar e...
"Cadu vou desligar o medico está vindo, eu falo com você daqui a pouco, só uma coisa como minha princesa está se sentindo?"
- Melhor, está no banho agora e depois vamos comer alguma coisa.
"Certo eu te ligo depois, te amo."
Desligo o telefone e fico parado no mesmo lugar por um tempo, eu não quis deixar transparecer, mas estou me corroendo de preocupação com o Otávio, tenho vontade de sair correndo para o hospital e verificar por mim mesmo como está a saúde dele, mas eu tenho que manter minha cabeça no lugar pois minha filha também precisa de mim nesse momento, falando nela olho para escada quando vejo ela se aproximando vestida com um dos pijamas esquisitos que a Denise insiste em comprar.
- O que você é agora? – pergunto olhando a peça toda cor de rosa, mas com uma mancha branca e enorme no centro, Luane levanta o capuz que ate então estava fora da sua cabeça.
- Hoje sou um porco - eu tenho que me segurar na ponta do corrimão de tanto que estou rindo – não ri papai a mamãe fica chateada, ela acha fofo.
- E você acha fofo princesa?
- Fala serio é um porco, ninguém fica fofa com fantasia de porco mas eu uso por que amo a mamãe.
- Alguém tem que parar sua mãe...
- Isso é por que o senhor não viu o seu presente de aniversário - ela fala e vai andando para a cozinha.
- Princesinha, diz pro pai o que vai ser meu presente de aniversário?
- Não posso falar nada é uma surpresa, mas envolve nos três combinadinhos e tem algo a ver com ursos.
– A Denise não seria capaz - falo mais pra mim mesmos, mas a risada da Lua é toda a resposta que eu precisava.
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Na Ponta Dos Pés
RomanceDenise e Carlos Eduardo tem um pasado doloro e cheio de mágoas Ela o culpa por não receber apoio no momento mais difícil de sua vida. Ele não a perdoa pelo abandono. Um dia ambos juraram amor eterno, mas tudo que sobrou foram falsas promessas e...