Capítulo 9

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DENISE

A companhia toca e meu coração acelera, vou em direção a porta, mas antes paro próximo ao espelho no corredor ajeito minha roupa e vejo se esta tudo certo com meu cabelo, aff me sinto idiota em estar preocupada com isso só porque sei que é ele quem está do outro lado da porta, mas fazer o que certas coisas não mudam.

Quando abro a porta me deparo com Carlos Eduardo vestindo uma calça branca e uma camisa polo vermelha, sua pele negra sempre combinou com essas cores me lembro de sempre presenteá-lo com itens nesse tom. Paro de divagar sobre sua roupa e dou passagem para que entre; ele vai observando cada detalhe do meu apartamento as vezes vejo a sombra de um sorriso quando ele olha pra algo, para mim é estranho ter ele aqui parece que sua presença em poucos minutos já tomou conta de todos os espaços, eu nunca imaginei que chegaria o dia que justamente ele estaria dentro da minha casa e principalmente de volta a minha vida, mas o mundo da voltas e aqui estamos.

- você que se sentar tomar alguma coisa antes ou prefere ir direto ao jantar?

- vamos comer, assim podemos conversar logo – ele parece bastante serio o que me deixa apreensiva, tenho medo dessa tal proposta que ele tem pra me fazer. Eu já não consigo mais decifra- lo, antes só com um olhar eu conseguia saber o que se passava na cabeça dele, nossa ligação era tão forte que o dia em que ele foi atropelado enquanto andava de skate eu tive um pressentimento que me deixou mal o dia inteiro e naquela época ele era apenas meu melhor amigo, eu nem sonhava que ele correspondia aos meus sentimentos.

Sentamo-nos a mesa e sirvo nossa refeição acompanhada por um bom vinho, não há conversa nem troca de amenidades no processo tudo que existe e tensão. A comida parece descer pesada na minha garganta e mal sinto o seu gosto de tão nervosa que estou, mas dai uma lembrança toma meus pensamentos:

É nossa primeira noite de casados no nosso apartamento, eu estou bastante nervosa, pois resolvi fazer um jantar especial par nos dois, a comida favorita do Cadu é a minha sobremesa favorito então o jantar vai consistir em escondidinho de carne e mouse de chocolate. A parte da sobremesa foi mais fácil do que imaginei que seria já o jantar deu trabalho eram muitos processos, mas no final o resultado esta bonito. A última  vez que vi o Cadu foi hoje de manhã quando sai da aula, nos dois estudamos direito na mesma faculdade, mas ele esta quase se formando enquanto eu apenas comecei; depois das aulas eu vou para o balé e o Cadu para o trabalho como estagiário do meu pai, então voltamos a nos encontrar somente anoite.

A porta é aberta e ele entra com uma carinha cansada, não me aguento e vou até ele antes mesmo que a porta seja fechada já estamos entregues a um beijo ardente, ele bate a porta com o pé, sem encerrar nosso contato, me entrego ao beijo de uma maneira que me faz perder a noção de tempo e espaço nem sei como viemos parar deitados no tapete.

- É essa recepção que vou ter toda noite?- ele pergunta salpicando pequenos beijos sobre meu rosto.

- é o que pretendo, mas quando ficarmos velhinhos acho que vai ser difícil levantar do tapete- ficamos rindo e nos beijando por alguns minutos- eu fiz o jantar..

- beijos e comida posso me acostumar com isso, o cheiro está bom.

Levantamo-nos e vamos para a cozinha enquanto sirvo o jantar ele enche nossos copos com refrigerante. Sentamos para comer, mas isso não dura muito assim que colocamos a primeira garfada de comida na boca coremos para pra cuspir o conteúdo.

- Do que você esta rindo?- ele me pergunta de repente me tirando das lembranças do passado

- Me lembrei do primeiro jantar que fiz pra gente – quando termino de falar o sorriso que tanto amei se abre em seus lábios

- Juro que nunca comi algo tão salgado, tomar um copo de água do mar seria menos pior.

- Não foi culpa minha se a receita dizia sal a gosto, imaginei que teria que ser bastante para ficar bom- ele da uma gargalhada- para nem foi tão ruim.

- Não foi ruim? Você virou a garrafa de refrigerante na boca

- Eu estava com cede não teve nada a ver com a comida- falo e me escondo atrás da taça. Enquanto ele ri mais alto ainda

- Na mesma medida que você é boa bailarina é péssima cozinheira.

- Me acha boa bailarina?

- Sempre achei Denise - não sei se essa confissão me deixa feliz ou triste.

- Vamos mudar de assunto, por favor, me diga qual proposta tem pra mim.

- Eu vou te ajudar com a adoção, vou entrar com o pedido junto a você, mas tenho uma condição..

- Qual condição- falo já dando sinal da minha empolgação

- Essa menina precisa ter uma família, um lar. Eu só vou tira-la do abrigo para dar a ela um lugar seguro para viver.

- Certo o que você quer dizer com isso?

- Vamos fazer isso juntos, eu quero que tentemos reerguer nosso casamento, resolver nossos problemas, parar com as brigas e vencer o rancor que que temos um contra o outro.

- Mais alguma coisa?

- seu pai!

- Não

- Denise ele vai ser o avô dessa criança, ele é presente na minha vida e eu não vou abrir mal da presença do Otávio.

- Me entenda eu não posso...

- faça um esforço e tudo que eu peço. É ai o que me diz?

Fico calada pensando por alguns minutos, é bem razoável o que ele propõe, temos um caminhão de problemas para resolver, um rio de magoas que causamos um ao outro e essa história de voltar a falar com meu pai para mim e quase impossível até considerar, não vai ser fácil  encarar tudo isso, tenho medo de mais uma vez ele me machucar, mas pela luana vou ter que me esforçar e pensando bem acho que nos dois merecemos uma chance de tentar consertar as coisas já se passou tanto tempo talvez agora mais maduros com um bagagem de vida maior possamos arrumar as coisa, naquele tempo éramos dois jovens sem noção de como fazer um relacionamento tão serio como o casamento dar certo é na primeira barreira simplesmente desistimos. Quem sabe essa não possa ser uma coisa boa afinal.

- eu aceito!

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