Capítulo 10

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DENISE

Hoje é um dia especial, eu simplesmente amo! Dias como esse dão aquela sensação gostosa de quentinho no coração sabe? Vejo as alunas entrando com grandes sorrisos de empolgação e isso me deixa ainda mais animada, e Deus sabe que eu mereço ficar animada pra compensar um pouco a bagunça que está a minha vida.

Espero todas entrarem e começo a aula fazendo alguns exercícios de alongamento, preciso várias vezes cobrar concentração delas, mas entendo que elas estão ansiosas para o grande momento, quando estou prestes a terminar o aquecimento Mirella entra na sala em silêncio e me mostra que a câmera fotográfica está pronta ela fica em um cantinho da sala aguardando.

- Bom vamos para o momento tão aguardado por vocês podem pegar suas sapatilhas.

As meninas saem correndo empolgadas para suas mochilas e cada uma volta segurando sapatilhas de ponta, a primeira de suas vidas, fico observando a adoração com que ela seguram a sapatilha, o brilho nos olhos, algumas estão emocionadas e isso faz eu ter ainda mais certeza do quanto amo o que eu faço, do quanto amo dançar, de como isso é importante para minha vida e também para elas. A arte, a música  e a dança fazem o mundo mais bonito mais feliz não só para quem pratica mas também para quem aprecia. É lindo ver meninas tão jovens fazendo parte disso e me sinto orgulhosa de ser a responsável por ajuda-las nesse caminho.

- vamos fazer um circulo sentadas no chão- espero todas se sentarem e se acalmarem um pouco- bom sei que esse é um passo muito importante na vida de vocês, mas também é um momento de grande responsabilidade, a sapatilha de ponta não é um brinquedo! Ela é o instrumento de trabalho da bailarina  deve ser usada com seriedade, pois o mau uso dela pode acarretar lesões serias.

Elas me olham prestando bastante atenção explico a elas como vestir as sapatilhas, usando as fitas para fazer um cruzado bonito no calcanhar. Vejo a Mirella andando pela sala tirando fotos de cada aluna registrando o primeiro contado delas com as peças, pela porta de vidro da sala vejo também varias mães olhando curiosas algumas estão chorando e outras registram também com o celular. Levanto-me e vou chamando as alunas uma a uma para verificar se a sapatilha foi calçada corretamente e se o tamanho está adequado a seus pés. Como eu nunca usei sapatilhas de ponta para dar aulas para elas antes é a primeira vez também que elas me veem com a peça.

- professora Denise você pode mostrara como é?

- claro será um prazer-subo nas pontas e dou um pirueta e depois um salto e elas aplaudem empolgadas- agora vamos a aula, vocês estão acostumadas a fazer os exercícios na meia ponta que e assim- demonstro o movimento- todos esses anos de dedicação nas aulas serviram para que o corpo de vocês esteja preparado para suportar usar as pontas, mas isso não significa que será fácil, ao contrario agora vocês vão ter que treinar ainda mais. Essa é a meia ponta e essa é a ponta.

Passamos o restante da aula apenas treinando ponta e meia ponta ajudo cada aluna individualmente para evitar acidentes. Depois que elas foram embora me sento com Mirella para olharmos as fotos e escolhermos as melhores de cada aluna tanto para o acervo da academia quanto para enviar para os pais.

***

- Denise aqui- me viro e vejo o Carlos Eduardo escorado no carro que esta parado em frente a VLV- oi eu gostaria de levar você a um lugar e tenho algumas novidades. Entro no carro e vamos andando pelas ruas do Rio, saindo do centro e indo em direção a uma zona residencial de luxo, a cada casa que passamos vou me encantando mais. Ficamos o caminho todo em silêncio até chegarmos a uma linda e enorme casa, saímos do carro e já na fachada me encanto pelo muro que é todo adornado com trepadeiras. Carlos Eduardo aciona um botão em uma chave e os portões automáticos da casa se abrem.

- Eu sei que você está chateada por ter que se mudar do seu apartamento, você gosta de lá e eu entendo mas não tem a estrutura necessária para uma criança.

- Nos já discutimos muito isso e eu já entendi, seus argumentos o que eu não aceitei foi me mudar para o seu apartamento.

- lá era bem maior..

- e no mesmo prédio do meu pai- falo indignada- vamos entrar logo não quero ficar nervosa, não hoje.

Entramos na casa e vamos andando pelos cômodos, não falo nada pra ele, mas estou apaixonada pela casa e grande, espaçosa e arejada. A cozinha e perfeita; vamos até o quintal e ele me mostra a área da piscina que tem até uma casa própria com cozinha sala e banheiro. Voltamos para a casa principal e subimos para o segundo onde ficam os quartos. E tudo tão lindo do jeito que eu sempre sonhei para uma casa , se eu a tivesse construído não teria se encaixado tão bem nos meus sonhos.

- O que tem lá em cima? Pergunto apontado para a escada que da para o terceiro piso.

- vai lá ver é uma surpresa pra você.

Subo correndo empolgada e no ultimo degrau eu paro e fico de queixo caído. E uma sala de dança praticamente uma copia da que tinha na casa dos meus pais quando minha mãe era viva o piso de madeira e exatamente igual, o verde claro das paredes também; é como uma viagem ao passado posso me ver sentada no chão no cantinho observando enquanto mamãe dançava pela sala; entro no ambiente vou caminhando por cada canto a única diferença e que uma das paredes e totalmente de vidro e consigo ver a área da piscina daqui mas o restante e totalmente igual ao estúdio onde dei meus primeiros passos para a dança.

Desço as escada em busca do Carlos Eduardo e o encontro na cozinha sentando em uma banqueta da ilha no centro do cômodo.

- como você fez aquilo? Como é possível? Eu só aceitei que compartilhássemos uma casa a cinco dias não daria tempo.

- essa casa é minha, a comprei no ano que nos casamos e venho reformando desde então.

- mas você fez um estúdio de dança igual o da mamãe. Você fez pra mim?

- eu sempre nutri a esperança de que um dia iriamos voltar. Confesso que quando vinha até aqui enquanto estava sendo reformada  eu me sentia um idiota por fazer a casa pensando em você, pensando que um dia você poderia estar aqui. E nos dois seriamos felizes. – ele fala olhando em meu olhos o que me faz chorar mais- eu até  pensei varia vezes em abandonar tudo e seguir com a minha vida mas algo no fundo do meu coração me dizia para continuar pois um dia te teria aqui comigo.

- eu não sei o que dizer, eu imaginei que você  tinha me esquecido, que tinha superado nos dois.

- como te esquecer? Você superou? Você esqueceu? – ele questiona pegando a minha mão- acho que nenhum de nos fez isso e a prova e que ninguém teve coragem de dar entrada no divorcio.

- a gente se feriu, se machucou, eu nunca vi esperança pra nos, mas não pedi o divórcio porque era como ter parte de você na minha vida, mesmo não querendo mesmo te odiando.

- Denise eu estava falando serio quando disse que queria tentar fazer dar certo, não quero que isso seja só pela Luane quero que seja também por nos dois.

Ele encosta a testa na mina e ficamos tão próximos que consigo sentir a respiração dele em meu rosto, eu queria eu ele me beijasse, sinto tanta saudade dos seus beijos do seu toque, eu poderia beija-lo não ia ser difícil mas não estamos preparados para esse passo temos muita coisa pra resolver ainda.

- só não entendo uma coisa- falo me afastando dele e abraçando eu próprio corpo- por que fez um estúdio de balé pra mim? Se não apoiava esse meu sonho? Se o fato de que escolhi dançar que escolhi dar continuidade ao legado da minha mãe foi o que nos separou. Você odiava-me ver dançando!

- ei eu nunca odiei ver você dançar, pelo contrario eu te acho perfeita dançando, eu já te falei  isso antes. Cada vez que via uma apresentação sua eu sentia que você nasceu para aquilo. A dança em si nunca foi o problema era isso que você achava todos esses anos?- balanço a cabeça afirmativamente- pois você estava errada o grande problema é que eu tinha medo. Medo daquele lugar te afundar, medo do que vi sua mãe se tornando e principalmente medo que acabássemos iguais a seus pais.

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me conta o que você esta achando até agora🩰

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