Capítulo 7

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CADU

Olho para lápide deixando o sentimento de tristeza tomar meu peito. Sinto-me mal cada vez que penso nela, o sentimento de culpa toma meu peito. Me abaixo colocando as flores sobre túmulo e passo os olhos lendo o que esta cravado nela:

CELINE MENESE

MÃE E AMIGA

QUE ESTEJA DANÇANDO COM OS ANJOS

- Me perdoe tia Celine, eu não consegui cumprir a promessa que fiz nem com você nem com ela e isso tem me matado um pouco a cada dia, mas eu também não consegui abandona-lo, ele iria ficar sozinho. Você se foi, ela se foi e só sobrou a mim. Eu fiz uma escolha, não me arrependo dela, mas isso não quer dizer que as consequências não doam a cada dia.

Fico um tempo contemplando a paz e o silêncio desse lugar, essa é a primeira vez que venho até aqui e me machuca como imaginei que aconteceria. Dói não só a saudade opressiva que sinto dela, mas também dói saber que ela estaria decepcionada comigo.

****

Chego ao escritório e quando abro a porta da minha sala percebo que ela não esta vazia, encostada na minha mês apenas de lingerie está  a Camila.

- O que você esta fazendo poderia ser qualquer um dos sócios abrindo a porta.

- Eu tomei cuidado o escritório esta quase vazio, eu quero você.

- Desculpe Camila, mas hoje não estou no clima.

- É por causa de ontem? Você e mesmo casado Cadu? Aquela mulher e filha do doutor Otávio?

- Sim para todas as suas perguntas- vou até a poltrona onde deixou suas roupas e as pego entregando a ela.

- Cadu como você nunca me falou sobre isso.- ela praticamente grita enquanto coloca a saia.

- Eu simplesmente não te devo satisfação nenhuma da minha vida, a gente não tem nada. Eu deixei isso bem claro desde a primeira vez, só sexo sem cobranças e sem encher o saco.

-sim, mas eu achei que com o tempo...

- você achou que com o tempo eu iria me apaixonar? Que a gente ia ficar juntos? Olha Camila eu não quero ser grosso ou babaca com você, mas isso é algo que jamais iria acontecer se você embarcou nessa foi totalmente um delírio da sua parte, eu deixei claro desde o começo minha posição, agora saia por favor e volte para o seu posto na recepção.

Ela termina de se vestir em silêncio, me mandando olhares irados várias vezes, eu respiro fundo já ficando sem paciência, quando termina sai da minha sala e bate a porta com força. Eu me jogo na minha cadeira e afrouxo a gravata e fico pensando que não são nem nove da manhã e já me sinto exausto, e para piorar meu humor Otávio abre a porta e vai entrando com uma cara nada boa. Como dizia minha mãe 'desgraça pouca é bobagem'.

- vejo que finalmente terminou o caso com a recepcionista pela cara dela quando saiu daqui- droga como ele descobriu- eu sei de tudo que acontece debaixo do meu teto rapaz, mas tem uma coisa que ainda não sei, o que minha filha veio fazer aqui ontem.

Suspiro tentando me equilibrar, desde ontem a visita da Denise vem tomando meus pensamentos, isso foi o que me impulsionou a ir hoje logo cedo até o cemitério visitar o tumulo da Tia Celine; eu sabia que o Otávio estaria curioso pela visita dela e exatamente por isso ontem sai cedo e fui direto pra casa mantendo meu telefone desligado o restante do dia. Depois de tudo que aconteceu eu e Otávio fizemos meio que um acordo silencioso de não citar a Denise, pois sabemos que é um assunto que machuca a ambos de forma diferente mas na mesma intensidade. A visita dela abriu velhas feridas que tenho certeza não estavam ainda cicatrizadas nem em mim menos nele.

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