"What if I lose it all?"

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- Então, você quer fazer uma denúncia? - a mulher me olha com tédio total. Acredite senhora, eu também não estou pulando de alegria de estar aqui. Reviro os olhos.

- Sim. - suspiro.

- Contra quem, meu jovem? - ela levanta uma prancheta com alguns papéis.

- Brian O'Conell.  - seus olhos arregalam e ela me puxa pelo braço para algum lugar. Tento me soltar dela mas o que ela tem de baixinha tem de forte - Ei! Não toque em mim! - protesto.

- Senhor, o garoto tem algo a dizer sobre o O'Conell. - ela fala quando chegamos a uma sala.

- Qual é o seu nome garoto? - o homem forte e com aparência caucasiana me pergunta, seus olhos parecendo mais atentos de repente. Ele se levanta e fica a poucos metros de mim e faz um gesto dispensando a mulher que me trouxe até aqui.

- Joshua Kyle Beauchamp. 

- Muito bem, Joshua Kyle Beauchamp, me diga o que tem sobre o O'Conell. - ele coloca as mãos no bolso e se balança levemente para a frente.

- Eu... - não consigo dizer muita coisa porque uma pessoa aparece. Fala sério!

- Senhor, temos novidades sobre o caso da Martinelle. - desta vez um garoto fala, ele parecia ter mais ou menos a minha idade mas as olheras e marcas de expressão em sua testa me diziam que ele era mais velho.

- Só um minuto senhor Beauchamp, volto em menos de cinco minutos. - ele se retira. Me jogo em uma das poltronas  na frente da grande mesa de carvalho lotada de papéis e pastas e me permito parar um pouco e respirar.

 Passaram-se alguns segundos e o meu celular começa a tocar. Brian. Oh, droga!

- Oi Brian. - tento fazer com que minha voz saia controlada.

- Sei o que está tramando Beauchamp. 

Merda!

- Não sei do que está falando. - minhas mãos começam a suar frio. Enxugo elas na calca jeans desbotada.

- Estou falando sobre você estar no escritório do sub capitão de polícia. - quase podia ouvir seus dentes cerrando um nos outros com raiva.

- Eu...

- Garoto, você não quer testar a minha paciência. Joshua, é melhor você sair daí sem dar um piu sequer, é bom que fique sabendo que não estou de brincadeira. - ele desliga. Mas que merda!

Saí correndo daquela sala ouvindo a mulher que me atendeu primeiro protestar contra isso. Não dei ouvidos a ela, apenas saí. Subi o capuz do moletom e coloquei as mãos nos bolsos da jaqueta jeans. Meu coração batia acelerado de medo dentro do meu peito, o que será que ele faria agora? Boa coisa não seria. Meu estômago roncou e não consegui lembrar da última vez que comi alguma coisa. O Tim Horton's não era muito longe dali, meu carro ainda estava na casa de Brian então fui andando.

Dez minutos de caminhada depois, cheguei no Tim Horton's. Ainda não era nem 5 p.m então estava aberto. Estava quase na minha vez de fazer o pedido quando meu celular vibra dentro do meu bolso. Meu coração dispara com a possibilidade de ser Brian, mas não era. Número desconhecido.

- Oi? - digo hesitante.

- Senhor Beauchamp? - uma voz desconhecida soou do outro lado da linha.

- Sim, quem é?

- Estou falando do Hospital de Toronto, senhor, sua irmã sofreu um acidente e você estava na lista de contatos para emergência dela. - minha visão ficou embaçada por um momento e meu pulso acelerou. Sina. Meu Deus.

- Ela está bem? 

- Pedimos para que o senhor venha vê-la, é o único que estava na lista de contatos de emergência dela então não temos contato com os seus pais.

- Já estou indo. - desligo. 

Essa porra não foi acidente coisa nenhuma, isso tudo tem cheiro de Brian. Eu vou matar aquele desgraçado.

...

- Noah! - abro a porta de casa bruscamente e chamo pelo moreno - Noah!

- O que foi? - ele me olha assutado do topo da escada, os cabelos molhados e a toalha enrolada na cintura dencunciava que eu havia acabado de tirá-lo do banho.

- Sina sofreu um acidente, vamos para o hospital. 

- E-Ela... como?

- Não sei. - minto - Só vamos logo.

- Vou me vestir.

- Vai rápido.

Me sento no sofá e planejo mil maneiras diferentes de botar minhas mãos naquele desgraçado e fazê-lo pagar. Bato meu pé repetida e nervosamente no chão enquanto espero, uma carga constante de ansiedade passeando pelo meu corpo. Minutos depois, Noah para na minha frente, já vestido. Levanto sem dizer nada e pego a chave da minha moto.

- Onde está seu carro?

- Não está aqui. - ele revira os olhos mas não rebate.

Saímos da casa e tiro a moto da garagem enquanto ele esperava na calçada. Coloco o capacete e subo na moto, giro a chave para ligá-la e sinto o motor roncar. Paro com ela na frente de Noah. Ele sobe na moto atrás de mim e coloca o capacete.

Noah não se agarra em mim por mais rápido que eu fosse na moto. Menos de dez minutos depois, chegamos ao hospital. Noah desceu da moto rapidamente e joga o capacete para mim, ele entra na emergência as pressas e corendo. Faço o mesmo que ele e quando entro, ele está la brigando com uma enfermeira no balcão.

- Mas senhor, só pode entrar se for da família.

- Eu não ligo, eu quero ver a minha amiga! - reviro os olhos sabendo que aquilo não vai dar em nada e vou até eles.

- Onde é o quarto da Sina Maria Beuachamp? Sou o irmão dela.

- O senhor é da família então pode ir. É no segundo andar, quarto 230. - ela lança um olhar de desprezo para Noah e ele cerra os punhos com raiva.

- Vem Noah. - pego na mão dele e saio o puxando para o elevador. Assim que entramos ele desgruda nossas mãos bruscamente.

Esperamos o elevador fechar as portas e subir, quando o barulho que anunciava que estava abrindo as portas se fez presente, saímos ao mesmo tempo, nenhum dos dois aguentando a atmosfera pesada dentro do quadrado de metal.

Passamos por alguns quartos antes de acharmos o de Sina. Abro a porta e deixo Noah passar na frente antes de entrar.

Meu coração se apertou ao ver minha irmã deitada naquela cama. Os batimentos fracos monitorados pela máquida e os diversos ferimentos em seu rosto me faziam querer abraçá-la e chorar em seu colo como fazia quando era pequeno e algo ruim acontecia. Embora ela fosse mais nova, Sina sempre foi mais forte com emoções do que eu. Isso era uma das coisas que eu mais admirava nela. Minha Sininho. Minha irmãzinha.

Chego mais perto da cama e agarro sua mão.

- Ei... eu estou aqui. - passo as mãos por seus fios de cabelo loiros . Meus olhos ardiam por causa das lágrimas - Eu estou aqui Sininho. Seu Joshy está aqui. Isso é tudo culpa minha, me desculpa. - minha visão começou a ficar embaçada enquanto as lágrimas iam caindo. Não suportava ver Sina assim, ainda mais por culpa minha.

- Joshy... - levanto a cabeça para ver Sina começando a abrir os olhos.

- Oi sininho. - ela sorri fraco com o apelido a muito não usado - Você vai ficar bem, eu te garanto. Eu juro que vou fazer o impossível para você não se machucar mais.





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