But it really got me thinkin', were you out drinkin'?

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Acordo com o barulho de alguém tentando abrir a porta do meu quarto. Cocei os olhos com sono e me levantei para ver quem é. Abro a porta e no mesmo momento alguém caí no chão, como se estivesse escorado na porta e com o impacto acabou caindo. Seguro uma risada e me abaixo para ver quem era.

- Josh? - chamo ele.

- Oiiii. - Ele fala com a voz arrastada, prolongando o 'i'. Bêbado.

- Você bebe todo dia por acaso? - pergunto com desdém.

- Isso não é da... sua... conta.

- Tem razão. - Resmungo - Sai do meu quarto, por favor.

- Nãããão. Aqui está tãããão bom. - Ele tenta se levantar, mas acaba caindo de novo no chão.

Lamentável.

- Sério, Josh. Levanta. - Reviro os olhos.

- Você é tão chato. - Ele coloca a mão no colchão da cama e faz força para levantar-se.

Ele se levanta e fica na minha frente, franzo a sobrancelha para ele. Qual o problema desse garoto?

- Seus olhos são verdes mesmo? - ele pergunta, depois de alguns segundos de silêncio.

Solto uma risada curta. - São.

- Os meus são azuis, sabia? - ergo uma sobrancelha para ele, não entendendo onde ele queria chegar com isso.

- Você precisa de um café. - Digo e pego no pulso dele.

Descemos as escadas em silêncio, mando ele se sentar no banco da ilha da cozinha e ele faz, reclamando, mas faz.

Pego uma daquelas cápsulas de expresso e coloco na máquina. Fico de costas para ele, esperando o café ficar pronto.

- Noah. - Respiro fundo e me viro. Balanço a cabeça, negando, quando vejo para que ele me chamou - Olha isso! - ele aponta para os dois canudos, enfiados em cada narina. O sorriso enorme no rosto. Nem parecia aquele garoto fechado de sempre.

Me viro de volta para a máquina e pego o café que já estava pronto. Arrasto a caneca pela ilha e coloco na frente dele.

- Sabia que eu nunca bebi café antes? - ele me olha com um sorriso grande - Vou falar para a minha mãe que você está me corrompendo. - Bato a mão na testa e xingo mentalmente - Eu não quero beber isso, parece ruim. - Ele faz uma careta e afasta a caneca.

Meus olhos estavam pesando e eu estava morrendo de sono, se ele não tomar logo isso eu vou jogar na cara dele.

- Josh... só bebe. - Arrasto a caneca de volta para ele.

- Não. - Ele tapa a boca com a mão, parecendo uma criança que não quer tomar o remédio que a mãe comprou porque acha ruim.

- Você está parecendo uma criança mimada. - Reclamo.

- Você podia fazer um sanduíche para mim. - Ele faz uma carinha fofa.

Minha paciência já não existia. Primeiro: ele me acordou no meio da madrugada. Segundo: eu estava aqui, de boa vontade, ajudando-o a ficar sóbrio. Terceiro: eu estou com sono. A essa altura, eu queria voar no pescoço dele. Eu só quero voltar para a minha cama e dormir.

- Se eu fizer um sanduíche para você, você toma um café e um banho? - pergunto, estressado.

- Depende... o banho é com você? - abro a boca, pasmo.

- E-eu... v-você... - pigarreio - Não.

- Olha, você ficou vermelho. - Ele aponta para o meu rosto e dá risada.

- Idiota. - Resmungo.

Abro a geladeira, sentindo o ar frio no meu corpo quente, causando um leve choque térmico, e pego as coisas para fazer um sanduíche. Queijo, tomate, alface, salame e molho. Fico nas pontas dos pés para alcançar o pão no armário de cima, mesmo assim não consigo. Dou pequenos pulinhos para tentar pegar, mas ainda assim, não consigo.

- Continua tentando, uma hora você consegue. - Josh zomba.

- Em vez de você ficar aí parado, por que você não pega? - digo com deboche.

- Acho mais divertido ver você tentar. - Reviro os olhos - O.K. Eu pego para você, baixinho. - Ele se levanta e para na minha frente. Eu não era muito mais baixo que ele, talvez uns dez centímetros.

Sem muito esforço, ele consegue pegar o saco de pão. Ele balança o pacote na minha frente com um sorriso convencido, reviro os olhos e pego o pacote da mão dele. Começo a fazer o sanduíche, mas paro quando sinto sua respiração na minha nuca, me fazendo arrepiar da cabeça aos pés. Jogo tudo no pão de qualquer jeito e me viro.

- Toma. - Ele me olha de um jeito que não sei decifrar e pega o sanduíche, em seguida se afasta e foi para o outro lado da bancada - Eu... eu vou... subir. - Digo, sem jeito - Boa noite.

- E o nosso banho? - ele pergunta com um sorriso malicioso. Reviro os olhos com desdém.

Idiota.

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