Meu retorno a California foi... estranho. Demorei muito para voltar a me sentir em casa, e, sinceramente, nem sei se realmente me sinto em casa.
Meus pais fizeram o possível para que eu me abrisse com eles e me sentisse confortável. Sabia que eles estavam preocupados comigo. Os meus amigos não estavam diferentes. Ainda converso com Sina todos os dias, sinto muito a falta dela. Dos outros também. É sempre divertido conversar com todos eles, mas eles nunca falam do Josh. Eu também não pergunto. Bailey veio visistar Krystian no aniversário dele, mas não tocou no nome do Josh. Foi bom tê-lo aqui, foi como se eu tivesse uma parte do Canadá de volta para mim.
A escola tem sido diferente. Não sou mais a mesma pessoa que eu era no começo do ensino médio, eu mudei. E acredito que para melhor. Não ia deixar mais ninguém pisar em mim. Todos evitaram me perguntar sobre o Josh por pelo menos uma semana depois que voltei, mas não demorou muito para que eles me bombardeassem de perguntas. Eu ainda sinto falta dele, claro que sinto. Eu amo ele com todo o meu coração, mas talvez não fosse para ser. E eu tinha que aceitar isso, cedo ou tarde.
Linsey voltou para casa por um tempo. Ela diz que é a obrigação dela, como irmã mais velha, cuidar de mim. Minha formatura está cada vez mais perto, me inscrevi nas faculdades que eu queria. Hesitei em me inscrever em Toronto, mas sempre foi o meu sonho.
- Noah, no que tanto você pensa? - Linsey pergunta se jogando do meu lado no sofá. Fiquei feliz por ela ter vindo para a minha formatura, as aulas já tinham acabado mas o comitê de organização do baile de formatura atrasou muito então o baile foi planejado para mais ou menos um mês e meio depois do final da aulas, o que seria daqui a umas duas semanas.
- Nada demais.
- Já recebeu algum e-mail? - Ela pergunta esperançosa, se referindo as cartas de aceitação.
- Já - suspiro.
- E por que não me disse?
- Ainda não tive coragem de abrir os e-mails.
- "E-mails"? No plural? Quantos você recebeu? - ela sorri animada.
- Três.
- O quê?! A mamãe e o papai vão surtar!
- Eu nem sei se fui aprovado, Linsey.
- Claro que foi, tenho certeza. Vou pegar o laptop! - ela sobe as escadas rápido e quase tropeça. Menos de um minuto depois ela se joga ao meu lado com o laptop em mãos - Abre o seu e-mail!
Puxo o laptop de suas mãos e o ligo. Abro o meu e-mail e clico no primeiro que aparece. Rochester.
- "Caro senhor Urrea, tenho o prazer de lhe informar que sua inscrição na Universidade de Rochester foi aceita!" - Ela lê as primeiras linhas do e-mail com um olhar emocionado - Você entrou! - Linsey se levanta e começa a pular no sofá.
- Linsey, se acalma.
- Vamos abrir as outras. - Parecia que a qualquer momento ela explodiria como um canhão de confetes. Não consigo lidar com essa animação toda.
- Abre você, eu vou pegar sorvete.
- Me sinto no ensino médio de novo, adoro essa emoção de abrir os e-mails de faculdade.
- Então aproveita.
Vou até a cozinha e abro o freezer. Tiro um pote de sorvete de baunilha de lá e pego uma colher na gaveta.
- Noah! - Linsey grita da sala, me assustando.
- O que foi?
- Você passou para Toronto! - Deixo a colher cair em cima da bancada, completamente atônito. Eu passei. Eu deveria estar radiante com essa notícia, mas isso não me anima mais.
- É mesmo? - Digo com a voz falha, tão baixo que nem sei se ela pode escutar.
- E para Berklee! - ela comemora.
Rochester, Berklee e Toronto. Eu só me inscrevi nas duas primeiras porque não queria ter somente uma escolha, mas Toronto era minha primeira opção. Sempre foi. Mas talvez não fosse tão ruim a ideia de ir para outro lugar. Os planos mudam, e as pessoas também. Mesmo não sendo a minha prima opção, mesmo não sendo o que eu quero, possa ser o que eu preciso. Essa vai ser uma decisão que possivelmente vai ditar o restante da minha vida. Não sei se estou pronto para isso.
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Our Shitty World - Nosh
Fiksi PenggemarJoshua Kyle Beauchamp é o clássico bad boy que ninguém deseja se envolver, a não ser que goste de encrenca. Envolvido com drogas e com alguns crimes leves, os pais pagam para manter sua ficha limpa, na esperança que o filho tome jeito e pare de arru...