Our Shitty World - Nosh

"I never asked for the rainfall"

Joshua Kyle Beauchamp

1 semana.

A porra de 1 semana já se passou desde que eu esqueci de pegar o Noah.

A porra de 1 semana que ele nem olha para mim.

Eu só queria poder ver aquele sorriso lindo dele, ou sua gargalhada gostosa. Sina tinha saído para fazer alguma coisa que eu nem dei atenção, estávamos só eu e Noah em casa, ele no quarto como sempre, e eu na sala. A chuva caia lá fora, fraca porém constante.

Senti o canto da minha boca se curvar em um quase sorriso quando lembrei da última vez que estava chovendo. Noah e eu na chuva. Passo as mãos pelo rosto, frustrado. O que esse garoto está fazendo comigo?

Se a minha vida fosse um desenho animado, certeza que nesse momento uma lâmpada se acenderia bem em cima da minha cabeça. Subo as escadas o mais rápido que consigo e abro a porta do quarto de Noah com tudo.

- Você ficou maluco?! - a irritação em sua voz era notável.

- Aconteceu uma coisa. - faço minha melhor cara de nervoso.

- O que foi? - ele se levanta depressa.

- Não temos tempo para isso, vem logo. - entrelaço meus dedos nos seus e o puxo escada à baixo. Abro a porta e deixo ele sair na frente, tiro a chave e guardo dentro do meu bolso.

- Sério, Josh. O que foi? - ele abraçou o próprio corpo por causa do frio. Ainda estávamos no deck, secos e seguros.

- Precisamos conversar. - digo sério e vejo ele revirar os olhos.

- Sobre o quê?

- Sobre nós dois.

- Não existe nós dois. - ele diz depois de soltar uma risada de escárnio.

- Noah, você não está facilitando as coisas. - reclamo.

- Me dá a chave. - ele estende a mão impaciente.

- Quer a chave? - tiro o objeto do meu bolso - Você vai ter que vir pegar. - coloco dentro da cueca. Seu olhar para na minha cintura e suas bochechas esquentam de vergonha.

- Pensa que eu não vou pegar? - ele cerra os olhos.

- É, é exatamente isso que eu penso. Olha, eu só quero conversar com você.

- E precisava me arrastar até aqui fora para isso? Está frio.

- E está prestes a ficar pior. - tomo um impulso de coragem e vou para o meio da rua. Sentia a regata branca ficar pegajosa no meu corpo, por estar molhada, e a calça jeans ficando mais pesada - Vem logo.

- Você é inacreditável. - ele cruza os braços fazendo birra mas acaba vindo até mim.

- Olha, o que eu vou te falar não é fácil, mas eu vou acabar enlouquecendo se não te dizer isso...

- Meu Deus, você pode falar logo? Está frio! - ele berra impacientemente. 

- Para de me interromper!

- Se você falar depressa eu paro de te interromper. - rebate.

- Você é insuportável!

- Você fala como se fosse a pessoa mais fácil de lidar do mundo. 

- Eu só queria dizer que...

- Não fica enrolando, fala de uma vez. - ele bate o pé repetidamente, demonstrando sua falta de paciência.

- Eu cansei. Você parece uma matraca, não para de falar e ainda fica me interrompendo.

- Me dá a chave. 

- Vem pegar! - ele hesita por um momento, mas se aproxima mais, estávamos tão perto que não precisaria de muito se eu quisesse beijá-lo. O ar frio escapava de sua boca entreaberta e as íris verdes estavam dilatadas. Queria que fosse diferente, mas o vendo daquele jeito fodidamente perfeito, não me segurei - Acho que estou apaixonado por você. - seus olhos se arregalaram em pura surpresa.

- Não vou cair no seu jogo. - ele sussurra hesitante.

- Não é um jogo. - passo o polegar por sua bochecha macia vendo ele se inclinar levemente ao meu toque.

- Então me prove - não esperei nem um minuto se quer antes de juntar nossas bocas em um beijo lento, queria que ele visse que falei a verdade e que me arrependo de tudo que fiz até agora. Cada vez que eu beijava Noah, sentia uma coisa diferente. Ele é especial de tantos jeitos que nem sei descrever. Nos separamos quando nossos pulmões imploraram por ar para respirar.

- É o suficiente para você? 

- Não. Preciso saber de uma coisa antes.

- O que?

- Você pararia com as drogas por mim? - isso me pegou de surpresa, nunca tinha passado pela minha cabeça que precisaria parar para ficar com ele, mas o que me chocou mais foi que não esperei nem meio minuto para responder:

- Sim. - me arrependi logo em seguida. Quando estava com ele, a necessidade de usar era fraca, mas não era inexistente.

Me desculpa, Noah. Não posso fazer isso.

- Ótimo. - ele sorri e fecha os olhos antes de juntar nossos lábios novamente.

Não era uma opção ficar sem as minhas coisas, mas também não era uma opção ficar sem ele. Sinto muito, mas o que os olhos não veem, o coração não sente, não é?!