- Você prometeu que iria! - a loira choraminga e me balança
- Sina, eu estou morto. - Me jogo na cama dramaticamente.
- Por favor! - ela faz um beicinho pidão.
- Tudo bem. - Me rendo.
- Te vejo lá embaixo em 5 minutos. - Ela sai, fechando a porta do quarto atrás dela.
Não estava nem um pouco afim de sair. Só queria deitar na minha cama e chorar.
Meus pais. Mike. Tudo era demais para mim.
Respirei fundo e fui trocar de roupa. Coloco uma calça jeans, um moletom de uma banda dos EUA e um par de tênis All Star. Pego minha carteira e o celular, dou uma ajeitada rápida no cabelo e desço.
Sina estava sentada no sofá vendo alguma coisa no celular e batendo o pé impacientemente no chão.
- Vamos? - ela se assusta.
- Que susto! - ela coloca a mão no peito - Pensei que não iria mais.
- Não estou muito afim, mas vamos lá. - Dou de ombros
- Você precisa se animar. - Ela levanta do sofá e balança a chave de um carro na minha frente - Vamos nessa, Jacob.
- Como você descobriu? - pergunto envergonhado.
- Sua ficha, gênio. - Ela fala como se fosse óbvio. E para falar a verdade, era.
Começamos a caminhar até fora da casa. Ela aperta um botão e o portão da garagem se abre, revelando três carros e uma moto.
- Qual deles é o seu?
- O Porsche cinza. - Tento não parecer muito impressionado.
- Você tem quantos anos?
- 17. Por quê?
- Pensei que você fosse mais velha. - Ela aperta um botão e destranca o carro.
- Entra.
Acho que eu nunca tinha me sentido tão rico em toda minha vida. Tinha certeza de que aquele carro custava mais do que eu. Entrei no carro e admirei tudo ao redor.
- Não quero sua baba no meu carro. - Sina fala, brincalhona.
- Desculpe. - Minhas bochechas queimam de vergonha.
- Você fica muito fofo corado! - ela se inclina e aperta as minhas bochechas, o que me deixa mais corado ainda. - Vamos passear! - a loira coloca uns óculos escuros e dá a partida no carro.
O vento fresco da tarde batia no meu rosto e fazia meus cabelos esvoaçarem. Um sorriso grande brotou no meu rosto e uma sensação de paz me invadiu. A sensação de liberdade era a melhor coisa que eu já havia sentido em toda a minha existência. Estar aqui, no Canadá, longe de tudo e todos que conheço foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado.
...
O nome do shopping era 'Shopping Toronto Eaton Centre', e segundo a minha guia turística, vulgo Sina, era o shopping mais famoso de Toronto. Era muito grande. Tinham várias pessoas circulando com os braços lotados se sacolas de diferentes lojas.
- Onde você quer ir primeiro? - Sinceramente? Para casa. Mas eu não podia dizer isso. Ela estava sendo superlegal comigo e parecia bem animada.
- Tem um Starbucks aqui? - forço um sorriso.
- Claro que sim! - ela continua sorrindo enquanto entrelaça nossos braços - É no nível 2.
Caminhamos um pouco e começamos a subir alguns degraus. Sina para abruptamente quando vê um grupo de garotos a alguns metros de nós. Olho para ela, confuso.
- O que foi?
- Nada. - Engole em seco - Vamos passar rápido antes que nos vejam. - Ela coloca os óculos de sol de novo no rosto e sobe o capuz do moletom que estava usando. Continuo confuso, mas faço o que ela manda. Passamos o mais rápido possível pelo grupo, mas parece que não foi rápido o suficiente.
- Sina! - um dos garotos grita.
- Merda! - ouço ela resmungar, mas se vira para falar com o garoto. - O que é Josh? - sua voz emanava desprezo. Eu continuava confuso.
- Me empresta CAD 100? - Quase que automaticamente, fiz a conversão na minha cabeça. Isso dava uns USD 76. Continuava observando a cena que se desenrolava diante de mim com uma interrogação na testa. - Prometo que devolvo, irmãzinha. - Ele fala a palavra 'irmãzinha' com um deboche visível. Espera... eles são irmãos?
- Gastou sua mesada com essas porcarias de novo? - mais uma vez, o desprezo - Por que será que isso não me surpreende mais? - debocha.
- Não é da sua conta com o que eu gasto, ou deixo de gastar, o meu dinheiro. - O loiro cerra a mandíbula, irritado. - Quem é você? - ela me olha. Finalmente percebendo a minha presença aqui.
- Noah, prazer! - estendo a mão para ele, tentando ser educado. O garoto só me olha da cabeça aos pés e sorri, sarcástico.
- Legal! Pena que não me importa. - Mauricinho, irritante e arrogante. Não gostei dele.
- Pelo menos finja ser educado! - Sina fala, com os dentes cerrados. Já percebi que esses dois não vão com a cara do outro.
- Não tenho o dia inteiro, sininho. - A garota o olha raivosa e começa a vasculhar a bolsa.
- Não me chame assim! Você perdeu esse direito. - Ela entrega uma nota de 100 para ele - Agora some da minha frente! - o garoto sorri debochado e joga um beijinho no ar para a irmã, que estava vermelha de tanta raiva.
- Você está bem? - pergunto, preocupado.
- Bom, você já conheceu o demônio. - Ela suspira - Bem-vindo ao inferno, meu caro. Para o bem ou para o mal, você está preso conosco por um ano. - Ela sorri, brincalhona. Forço um sorriso para não demonstrar o quão assustado eu estava.
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Our Shitty World - Nosh
Fiksi PenggemarJoshua Kyle Beauchamp é o clássico bad boy que ninguém deseja se envolver, a não ser que goste de encrenca. Envolvido com drogas e com alguns crimes leves, os pais pagam para manter sua ficha limpa, na esperança que o filho tome jeito e pare de arru...