"We'd always go into it blindly"

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"Noah, desencana desse cara" - Ryan dizia.

- Ryan...

"Você sabe que estou certo." - suspiro.

- Eu só...

"Você está apaixonado. Isso é... ahn... nossa!"

- Não fala besteira.

"Mentindo na minha cara, Urrea?"

- Você é muito idiota.

Viro a cabeça instantaneamente quando alguém bate na porta. - Posso entrar?

- Não.

"É ele?"

Ele entra. - Qual parte do "Não" você não entendeu? Não quero falar com você, estou ocupado.

- Falando com quem?

- Ryan.

- Quem é esse?

- Dá oi, Ryan.

"Oi babaca"

- Muito engraçado. - Josh finge um sorriso - Noah, vem, preciso te levar a um lugar.

- Não vou a lugar nenhum com você.

- Por favor.

- Você me pedido por favor?

- Noah...

"Vai logo com ele, Urrea"

- Não se mete, loiro falsificado.

- Já falei que não vou.

- Se você não vem por vontade própria, vai vir obrigado.

Jogo a cabeça para o lado, confuso. O garoto anda mais alguns passos e para no pé da cama. Ele passa o braço esquerdo pela parte de trás dos meus joelhos e passa o outro pelas minhas costas.

- Me solta!

"Meu Deus!"

Josh não fala mais nada, apenas sai descendo Congo no colo esperneando e gritando.

- Joshua, me põe no chão!

- Não.

Ele me tira de casa e me coloca dentro do carro, tento abrir a porta do carro mas está trancada.

- Eu não acredito nisso. - digo depois de ele entrar no carro.

- Você vai ver que foi por uma boa causa.

- Eu não quero saber, quero que você e essa sua "boa causa" se fodam! - ele me olha surpreso mas acaba dando um sorriso sarcástico.

- Você fala palavrão, uau! Estou perplexo.

- Seu idiota. Deixa eu sair.

- Não.

Ele liga o carro e dá a partida. Respiro fundo para não chorar de tanta raiva que estou sentindo nesse momento. Meu corpo inteiro está tremendo.

- Você está chorando?

- Não.

- Está sim. Por que diabos está chorando, Noah?

- Porque você me deixa confuso, e com raiva.

- Não era a minha intenção.

- Nunca é sua intenção me machucar, mas você sempre me machuca.

- Não sei o que dizer sobre isso.

- Claro que não.

Seja lá para onde estamos indo, ficamos o restante do caminho em um silêncio desconfortável. Josh tamborilava os dedos nervosamente no volante, os olhos sem desviar da estrada.

Minha única distração foi olhar a vista pelo vidro da janela. Depois de mais ou menos vinte minutos chegamos.

- Você me trouxe para a CN Tower?

- Sim, não está óbvio?

- Por que me trouxe aqui?

- Vem, vamos subir.

Ele me oferece a mão, mas eu não a pego. Abraço meu próprio corpo e saio andando na frente, mesmo que eu não soubesse para onde ir.

Fomos subindo até o alto da torre. Me aproximo mais do vidro. Essa torre tinha mais de 500 metros, ou seja, a visão da cidade daqui de cima era incrível. A cidade inteira estava iluminada e muito bonita.

- Gosto de vir aqui esse horário.

- É lindo.

- Me desculpe.

- Por favor, agora não.

- Me desculpe, mas eu não... você sabe que vai ser complicado.

- Não sou idiota, claro que sei disso. Mas eu também não posso ficar nesse vai e vem, não tenho muito tempo para isso.

- O que quer dizer com isso?

- Me responda você. O que eu vim fazer no Canadá?

- Oh... eu não...

- Pois é.

- E o que vamos fazer?

- Minha vida não é aqui.

- Então acho que temos que aproveitar o máximo, não é? Sem segredos, sem promessas que nós dois sabemos que não vão ser cumpridas, sem se... apegar demais. Vamos só... aproveitar.

- Sem se apegar. - resmungo.

Sem se apegar?! Eu já estava apegado.

- Sabe que eu gosto de você, e eu sei que você gosta de mim, mas... olha, não vamos ficar pensando nisso, tudo bem?

Suspiro. - Claro.

Eu só posso estar maluco de concordar com isso.

Quer dizer, olha só o que ele disse: "sem segredos", isso já é uma coisa que não posso cumprir. "Sem promessas que nós dois sabemos não vão ser cumpridas", ele está falando das drogas. Ele não vai parar. E "sem se apegar". Nós dois já quebramos essa regra.

Deus! Por que eu vim para essa cidade maluca?

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