"Nothing is provocative"

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- Sério, quem foi que inventou os trabalhos escolares? - questiono a mim mesmo, completamente frustrado com a minha situação atual.

Hoje já era Terça-feira, Úrsula e Ron tinham viajado ontem, e em plena madrugada cá estou eu, me matando para fazer um trabalho. Meu professor de literatura pediu um trabalho de dez páginas sobre um livro que eu nunca tinha lido em toda a minha vida. Minhas costas doíam muito de ter que ficar encurvado na frente do notebook e meus olhos já estavam pesados.

Eram 1:34 p.m. e graças a todos os anjos, eu estava quase acabando. A mesa da cozinha estava cheia de papéis, canetas, marca-textos e post-it. Uma zona.

Sina estava dormindo tranquilamente do outro andar, e Josh estava sumido desde de manhã.

Pelo visto, não está mais.

Observei o garoto de olhos azuis como o oceano fechar a porta atrás de si, e lutar para encaixar a chave e a trancar. Bêbado. Foi a essa conclusão que eu cheguei. Ele estava cambaleante e parecia meio fora de si. Apenas observei tudo com um sorrisinho. Ele estava deplorável.

Seu rosto expressou irritação quando ele me viu lá, parado e sorrindo. Desfiz o sorriso no mesmo instante.

- O que faz acordado uma hora dessas? - ele pergunta meio atrapalhado e com a voz arrastada.

- Trabalho. - Me limito a dizer e volto a prestar atenção no notebook a minha frente. Senti o olhar de Josh queimando sobre mim.

Ele se senta na cadeira à minha frente, coloca o cotovelo na mesa e apoia o queixo no punho fechado.

- Você é bem nerd. - Ele faz uma observação. Dei de ombros - Mas até que é bonitinho. - Senti minhas bochechas esquentarem.

Não entendi aonde ele queria chegar. Nunca fomos de nos falar, só naquela vez...

Estendo o braço para alcançar o copo de água entre nós dois, mas acabo empurrando o copo, que vira e derrama todo o líquido em Josh. Coloco a mão na boca.

- Porra garoto, você é muito desastrado. Caralho! - ele se levanta rápido da cadeira. Sua calça estava completamente molhada. Murmuro uma desculpa e me levanto para buscar um pano na cozinha.

Pego o primeiro que eu vejo na frente e me aproximo de Josh. Ele me olhava com a testa franzida em confusão. Passo o pano pela calça dele, tentando enxugar ou pelo menos amenizar o estrago, e vejo ele arfar surpreso.

- Mas... o-o q-quê...? - ele morde o lábio inferior - Droga...

Sinto alguma coisa dura na calça dele e olho em seus olhos, surpreso e com vergonha. Largo o pano em cima da mesa e recolho, um por um, os meus materiais. Meu corpo inteiro estava vermelho de tanta vergonha que eu estava sentindo naquele momento.

Não tive mais coragem de olhar para ele, apenas peguei tudo e subi as escadas o mais rápido que pude.

Assim que entrei no quarto, joguei tudo em cima da cama. Balancei a cabeça para espantar os últimos minutos da minha memória, mas não funcionou, então afundei de novo no trabalho. Trinta minutos depois, eu acabei.

Me joguei na cama sentindo minha cabeça latejar. Segundos depois, eu já tinha entrado em um sono profundo.

...

Acordo com o barulho insuportável do despertador do meu celular tocando. Todo dia de manhã eu tenho vontade de arremessá-lo para fora do quarto, mas eu ainda preciso de um celular. Me levanto com o cansaço do mundo inteiro e vou para o banheiro. Faço minhas higienes e visto o uniforme atlético, hoje a minha primeira aula seria atletismo, e coloco o outro na minha mochila.

O uniforme atlético consistia em uma calça, parecendo de moletom, branca com listras vermelhas na lateral, uma camisa branca e uma espécie de jaqueta igual a calça. Bonito até. Coloco um par de argolas, o meu relógio e os meus anéis.

Pego minha mochila e o celular e desço. Sina estava no sofá e olhando alguma coisa no celular, assim como eu ela também estava com o seu uniforme atlético.

- Que bom que você chegou rápido, vamos passar no Starbucks para comer alguma coisa. - Ela avisa sem tirar os olhos do celular.

- Eu vou com vocês. - Josh fala, enquanto anda até nós. Como ele pode parecer tão bem depois de ter chegado em casa super bêbado?

- O que deu em você? - Sina olha para ele com a testa franzida em confusão.

- Nada, só estou com fome. Podemos ir?

- Vamos. - A garota fala com desconfiança - Mas no meu carro.

- Como você quiser. - O loiro fala com deboche.

- Vou pegar a chave lá em cima.

Dei um passo para trás, com o objetivo de ficar o mais longe possível de Josh. Mas ele percebeu e se aproximou com um sorriso maldoso brincando nos lábios.

- Por que se distanciou? - um passo para frente. Recuei - Eu não vou te morder. - Outro passo. Recuei - A não ser que você queira. - Outro passo. Parede. Não tinha mais para onde ir.

- O que você está fazendo? - pergunto, a voz saindo vacilante.

- Nada... Sabia que ontem você me deixou de pau duro? - ele se aproxima mais. Meus olhos se arregalaram, pensei que ele estava bêbado demais e que não lembraria de nada, sinto minhas bochechas corarem.

Esse garoto conhece a palavra 'limites'?

- É... eu lembro. - Ele morde o lábio inferior e sorri, malicioso.

- Já achei! - Sina grita do topo da escada e Josh se afasta de mim imediatamente. Solto a respiração que eu nem sabia que estava prendendo.

Assim que Sina chegou perto de nós dois, me agarrei a ela e entrelacei nossos braços, ela me olhou com as sobrancelhas franzidas e eu apenas dei um sorriso amarelo. Josh veio no nosso encalço e entramos no carro da Sina.

Deixei os dois irem na frente e fiquei atrás verificando se estava tudo certo com o meu trabalho.

- Quando a Linsey vem? - Sina me olha pelo retrovisor do carro.

- Dia 28, eu acho.

- Estou ansiosa para vê-la pessoalmente. - A loira sorri.

Eu também.



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