setenta e dois

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s/n

fazia três semanas que eu estava com o braço engessado, e eu só vou tirar isso quando as aulas voltarem.

essas últimas semanas estão sendo um saco, mas eu estou tentando aproveitar o máximo, já que daqui a pouco tenho que voltar para a escola.

— amor, você viu aquela minha blusa preta? — boris pergunta, aparecendo no quarto somente de cueca.

— qual delas?

— aquela... aquela que eu comprei ontem, com alguns desenhos bizarros.

— não... — minto, aquela blusa estava comigo.

e eu estava a fim de zoar um pouco meu namorado.

— eu vou procurar na lavanderia. — sai do quarto.

só tinha eu e ele em casa, então, andar somente de cueca não era um problema.

pego a camiseta que eu tinha deixado debaixo das cobertas e seguro a peça.

— eu não achei. — boris volta para o quarto. — tem certeza que v... — ele para de falar, ao ver a peça em minhas mãos. — me devolve, amor. — pede.

— não. — sorrio.

vejo boris segurar o riso e me levanto da cama.

— você quer a camiseta? — ele assente. — então, vem pegar. — corro para fora do quarto.

— porra, s/n! — grita.

eu começo a rir que nem uma idiota, mas não largo a blusa por nada.

desço as escadas da sala correndo, ouvindo passos atrás de mim.

espero que eu não caia.

quando me viro para entrar na cozinha, alguém me segura por trás.

— ah não! — reclamo.

— te peguei. — sussurra, me ajeitando em seus braços.

— isso não valeu. — murmuro.

— valeu sim. — boris sorri. — mas me responde uma coisa, enquanto você corria não se machucou, né? — pergunta.

— não, eu tô bem. — respondo. — o que acha de assistirmos um filme? — sugiro.

— uma ótima ideia. — segura minha cintura.

s/n, você está com o braço quebrado... se aquieta!

— vai se vestir. — peço. — eu vou escolher o filme. — lhe dou um selinho.

— tá bom, eu já volto. — me dá outro selinho e sai dali, com a blusa preta em mãos.

ando até a sala e me sento no sofá.

pego o controle, ligo a televisão e coloco na netflix.

— não tem nenhum filme bom... — resmungo. — eu já assisti tudo isso. — reviro os olhos.

— já escolheu o filme? — boris pergunta, se sentando ao meu lado.

— não... não achei nenhum.

— o que você acha desse? — aponta.

— "as vantagens de ser invisível". — leio o nome do filme em voz alta. — é bom?

— nunca assisti, mas parece ser legal.

— tá, pode ser então.

— não coloca ainda. — boris se levanta.

— por que?

— eu vou fazer pipoca... tô com fome. você quer?

— quero.

boris

— você tá gostando? — pergunto para s/n.

— sim... — responde com a voz baixa.

— ei, o que foi?

— eu tô com sono. — murmura.

— vem, eu vou te levar pro quarto. — seguro sua mão.

— não precisa. — fala.

— quer que eu traga um travesseiro?

— não, amor... pode ser só uma manta? eu tô com frio. — pede.

— sim, eu já venho. — pauso o filme e levanto do sofá.

vou até nosso quarto e pego uma manta de dentro do armário.

quando vou sair do cômodo, percebo que draco e noturno estão atrás de mim.

— oi, meus amores. — sorrio.

o cachorrinho late e corre para fora do quarto.

me abaixo para pegar noturno, mas o gato desvia e sai do quarto também.

solto um suspiro e dou uma risadinha logo em seguida.

quando volto para a sala, vejo s/n dormindo no sofá.

— amor... você vai ficar com dor no pescoço assim. — a chamo. — vem aqui. — peço.

ela abre os olhos devagar e me olha.

— deita aqui. — me ajeito no sofá e abro os braços.

a garota deita em meu peito e eu a cubro com a manta.

— dorme bem, princesa. — deixo um beijo em sua cabeça e volto a colocar o filme, só que com o volume mais baixo dessa vez.




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 middle of the night, boris pavlikovsky+youOnde histórias criam vida. Descubra agora