Um vento gélido batia contra o meu corpo, fazendo com que eu arrepiasse por inteira. A luz da lua, que estava cheia para minguante, ajudava a enxergar as árvores ao meu redor. E também alguns vultos.
Meus olhos vasculhavam cada mínimo detalhe daquele ambiente. Procurava respostas. Onde eu estava? O que eu estava fazendo em meio a uma floreta pela noite? Eu teria me perdido de George em um de nossos passeios de bicicleta pelas matas de Bellywee? Cadê George? Onde estavam meus amigos? Por que meus irmãos não estavam comigo?
O meu maior desejo era correr. Fugir para o mais longe daquele cenário horroroso, propício para um filme de terror, como aqueles que meus irmãos assistiam e insistiam para que eu vesse com eles. Porém, meus pés não obedeciam meus desejos. Minha garganta estava fechada, impendido meu grito de socorro. Pedir ajuda era impossível.
Os barulhos de galhos sendo quebrados e folhas secas sendo pisadas estavam se aproximando. E, por mais que eu olhasse em todas as direções, eu não estava conseguindo identificar o que fazia tantos ruídos. Ao meu redor só existiam árvores. E alguns vultos que se escondiam, impedindo o reconhecimento.
Eu queria sair dali. Mas, se eu nem sabia onde eu estava, como fugiria? Como saberia se estava saindo da floresta ou adentrando ainda mais?
— Socorro! — consegui pronunciar, mas minha voz saiu em um sussurro, que até mesmo eu tive dificuldades em ouvir.
Passos aproximava por trás de mim. Eu não conseguia me virar. Meu pescoço permanecia imóvel, enquanto meus olhos procuravam pelo ser, olhando em todas as direções, sem conseguir enxergar nada. Eu conseguia sentir que havia algo se aproximando. Animal? Wesmeg? Ser humano? Eu não sabia.
Foi então que algo agarrou ao meu pé.
— Aaaaaaaaaaa!!! — conseguir gritar.
Abrir os olhos. Não conseguia enxergar nada além da escuridão. Pisquei algumas vezes, mas nada podia ser visto. Demorei alguns segundos para me dar conta de que não estava na floresta. Estava em meu quarto. Deitada em minha cama. Segura.
Meu coração estava disparado. Minha respiração irregular. Suava frio. E, tive a sensação de que, se eu não tivesse acordado, urinaria em minha cama.
Meu corpo estava imóvel, enquanto meus olhos percorriam o local em busca de algo que pudesse me oferecer perigo. Ou alguma fonte de luz. Mas, nada podia ser vista diante daquela escuridão.
Assim que consegui me mexer, tateei a mesinha de cabeceira em busca do meu celular. Consegui encontrar e apertei no botão ao lado, para que ele pudesse emanar alguma luz.
Um barulho ao meu lado fez com que eu me sentasse às pressas. E, uma luz estranha que estava a minha frente quase fez com que eu gritasse. Quase, porque consegui me lembrar a tempo de que era o espelho do guarda-roupa. Mas, o barulho ainda continuava. Virei a tela do meu celular para o meu lado esquerdo. E notei que era apenas minha irmã mais velha que trocava de posição na cama.
Voltei a deitar minha cabeça no travesseiro, tentando normalizar as batidas frenéticas do meu coração e minha respiração anormal, ainda com o celular em minhas mãos. Observei as horas, vendo que ainda eram quatro e meia da manhã. Teria que ficar mais duas horas e meia acordada, até ter que me levantar.
Deitei de lado, virando para a parede. As cenas da tarde anterior preencheram minha mente com horror. Por mais que eu tentasse me livrar daquelas lembranças, elas estavam a todo o momento em meus pensamentos. Mais uma vez eu havia sido fraca em aceitar.
Era tarde de domingo. Meu melhor amigo não poderia me acompanhar em mais um de nossos passeios de bicicleta pela cidade. Seu primo havia chegado. E ele estaria ocupado ajudando em suas mudanças. E, o que me restou naquele dia foi ficar em casa.
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Conflitos de Carolina [Concluído]
Novela JuvenilCarolina Souza acredita que sua vida é cheia de problemas. Parte deles, causados pelos irmãos mais velhos, que a atormenta desde que era nova. Ícaro e Sabrina viviam em seu mundinho particular, impedindo que os demais se aproximassem. Graças aos doi...