Cerca de trinta minutos depois de terminar o café da manhã com meus irmãos e minha cunhada, estava parada em frente a uma casa grande, bem bonita e cuidada. Do meu lado, estava meu Ícaro, em frente ao volante do carro.
Observei bem a fachada, me lembrando da última vez que visitei aquela moradia. As lembranças não eram boas. Meu coração estava disparado. Meu corpo estava paralisado no lugar. Eu estava com medo. Medo de descobrir que eu estava errada. Medo de ter sido mais enganada do que pensava. Medo da verdade.
— Você tem certeza de que deseja fazer isso? — Ícaro perguntou, olhando para mim. Respirei fundo e virei para ele.
— Preciso tirar esse peso das minhas costas. E me livrar desse sentimento que está dentro de mim, me acompanhando por dois anos.
— Tudo bem. Eu vou passar na farmácia para comprar uns remédios para Ginny. Aquela lá não esquece a cabeça por que está grudada no corpo. Tenho até medo de deixar ela sozinha com nosso filho quando ele nascer. Qualquer coisa, me liga.
Assenti. Ícaro me puxou para um abraço, me desejando boa sorte. Ele me deu um beijo na testa. Soltei dele e sair do carro. Olhei mais uma vez para a fachada. Milhares de lembranças invadiram minha mente. E caminhei até a porta, decidida que não desistiria.
Parei em frente à porta. Hesitei uma vez antes de tocar a campainha. Respirei fundo, disposta a encarar meu passado de frente. Olhei para a rua. Ícaro ainda estava lá. Ele fez um sinal de positivo para mim, mostrando que eu conseguiria. Devolvi o sinal e toquei a campainha. Uma garota ruiva abriu a porta. Sorri para ele, não querendo demonstrar o quando eu estava nervosa.
— Bom dia, Eliza. — disse. Sua expressão se fechou no momento que colocou os olhos em mim. Fingi que não notei.
— Quem é, Lizzy? — uma voz bastante conhecida gritou da sala.
Eliza deu espaço para que eu passasse. Sabia que seu maior desejo era que eu voltasse para onde eu tinha saído. Ainda assim, eu entrei. E notei o carro de Ícaro saindo do lugar.
— Sua ex. — Eliza respondeu a pergunta do namorado.
Alex se levantou do sofá, olhando na minha direção. Sua reação seria comparada com alguém que havia acabado de dar de cara com um wesmeg. O local não estava muito diferente da época em que namorávamos. Continuava sendo o mesmo ambiente com traços dos seus donos, simples, aconchegante ao mesmo tempo em que mostrava que os moradores possuíam boas condições financeiras.
— Oye, Alex. Eu queria falar com você. — disse. Olhei dele para Eliza e de Eliza para ele — Em particular.
— Se você acha que eu vou deixar você falar com meu namorado em particular, você…
Eliza tentou dizer, se aproximando de mim de forma ameaçadora. Porém, foi interrompida, tanto pelas palavras, quando pelas ações, pelo namorado, que segurou ela pela cintura.
— Sem ciúmes agora, Lizzy.
Alex ficou de frente para a namorada. Disse alguma coisa em seu ouvido antes de beijar seus lábios. Eliza cruzou os braços e permaneceu com a mesma cara fechada de quando me viu. Alex me surpreendeu, pegando minha mão e me levanto em direção as escadas. Confesso que não esperava por essa reação.
Passamos por um corredor, cheio de portas, até pararmos em uma bastante conhecida por mim, onde ele soltou minha mão. Ele a abriu, revelando o seu quarto. Ele deu espaço para que eu entrasse primeiro. Foi o que fiz. Ele veio logo atrás. O cômodo não mudou muito desde a última vez que eu me lembrava. Até mesmo os brinquedos espalhados pelo quarto.
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Conflitos de Carolina [Concluído]
Teen FictionCarolina Souza acredita que sua vida é cheia de problemas. Parte deles, causados pelos irmãos mais velhos, que a atormenta desde que era nova. Ícaro e Sabrina viviam em seu mundinho particular, impedindo que os demais se aproximassem. Graças aos doi...