Capítulo 10

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Meus sonhos naquela noite foram tão bons que eu queria poder ficar dormindo mais e mais. E realmente dormir o máximo que pude. E, nem me assustei quando peguei meu relógio e notei que eram onze horas.

Estranhei que Melissa me deixou dormir por tanto tempo. Normalmente ela ligava a caixa de som e ficava dançando no pouco espaço de nosso quarto. Também estranhei que Sabrina nem Ícaro vieram atrás de mim, querendo conversar. Não que eu estivesse reclamando. Quero deixar bem claro que apenas estranhei essas atitudes. Mas, estava gostando do meu sossego.

Há algum tempo, não me lembro quando, vi uma frase que alguém postou no FDN: nunca clame sua felicidade, porque a inveja tem sono leve. E, naquele momento, pude perceber que aquela frase era verdadeira. Alguém estava querendo atrapalhar meu sossego, batendo na porta.

Fingi que não ouvi. Quem sabe assim, a pessoa pense que eu estou dormindo e me deixe em paz? Mas, não. Quem é que é bateu mais duas vezes. E após a terceira tentativa, abriu a porta. Uma cabeça, coberta de fios castanhos curtos, apareceu na abertura que se formou. Felizmente, não eram meus irmãos. E sim meu amigo.

A presença de George não me deixou mais tranquila. Pelo contrário. E, a preocupação que senti foi ainda maior quando ele se aproximou de mim e notei que ele estava levemente irritado.

— Precisamos conversar. — ele disse.

Sentei na cama, não importando em estar descabelada e usando um conjunto de pijama, que consistia em uma blusa branca e um short preto de bolinhas. Resumindo: eu estava horrível. Mas, era apenas George. Meu melhor amigo, que já me viu em situações piores.

Em minha cabeça, criei mil suposições dele aparecer na minha casa naquele horário. Será que havia acontecido algo? Ou pior, ele descobriu sobre eu e Enzo. Não era de duvidar. Afinal, estávamos falando de Enzo Gabriel, o garoto que falava demais. Será que George me pediria para que eu me afastasse de seu primo?

— Você enlouqueceu? — meu amigo perguntou, sentando ao meu lado em minha cama — O que foi que você disse ao seu irmão?

Do que George estava falando? Seria sobre Ícaro? Bom, eu não disse nada demais para ele. Apenas a verdade. Mas, por que meu irmão mais velho procuraria George para reclamar. Eles nem eram amigos.

Como não falei nada (afinal, eu havia acabado de acordar e meu cérebro ainda não estava funcionando em cem por cento), ele continuou:

— Ontem, Erick me ligou, dizendo que você tinha enlouquecido. Que você estava planejando fazer uma “festinha”… — ele fez aspas com as mãos — … para que ele conseguisse fazer amigos.

Ah, então era isso? Era Erick que me dedurou ao meu amigo. Não Ícaro.

— Eu só estou seguindo o seu conselho. Você me pediu para aproximar dos meus irmãos mais novos. E eu estou tentando. Prestei mais atenção nele. E vi que Erick não tem amigos. Eu só quis ajudar.

Não estava entendendo o comportamento de George. Não era exatamente isso que ele me pediu? Por que ele estava tão irritado? E, desde quanto George era mais fiel a Erick do que a mim?

— Você perguntou se ele queria?

— Sim. Mas, ele disse que não queria. Qualquer outra pessoa no lugar dele me responderia a mesma coisa.

George se levantou e começou a andar de um lado para o outro, passando a mão pelos cabelos infinitas vezes. Não era eu quem estava enlouquecendo. Era ele. Levantei, fui até meu amigo e segurei ele pelo ombro, fazendo com que ele parasse de me deixar tão aflita.

— George, Erick passa tempo demais sozinho. — disse com calma, para que meu amigo entendesse o que estava realmente acontecendo — Ele não tem amigos. Não sai. Não brinca. Você não percebe que tem alguma coisa de errado com meu irmão?

Conflitos de Carolina  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora