Capítulo 17

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Felizmente, na segunda feira eu não precisei acordar cedo. Motivo? Simples, era feriado em toda Reilarand. Dia do professor. Com isso, não precisei levantar, me arrumar a aguentar mais um dia exaustivo na escola. Mas, não significava que eu deveria passar o resto do dia na cama.

Levantei, fui ao banheiro, me troquei e desci para tomar o café da manhã. Melissa estava na cozinha, junto com Erick. Nossos pais haviam ido trabalhar. Como o feriado era facultativo, muitas lojas e empresas abriam. Felizmente, escola não estava entre eles. Estranhei que Sabrina não estava presente. Ou Ícaro. Será que meu irmão continuava mal?

— Sabrina e Ícaro não vão descer? Ou já tomaram café? — perguntei a nenhum dos dois especificamente.

— Ícaro tomou café e voltou para o quarto. — Erick comentou, bebendo seu copo de leite — Ele está bem estranho.

— E Sabrina foi para Altermayer. Ela tinha trabalho hoje. Foi o que ela me disse. — Melissa explicou.

Melissa terminou o café rapidamente e voltou ao quarto. Eu comecei a tomar meu café da manhã. Erick continuou na cozinha comigo. Conversamos um pouco. Terminei a refeição matinal e meu irmão mais novo me deixou sozinha, dizendo que iria ler um livro novo.

Meu celular vibrou, indicando uma mensagem nova. Era de Sabrina. Fiquei preocupada. E abri imediatamente, visualizando seu recado.

[SABRINA]: “Oye, Nina. Eu tive que voltar para Altermayer. Ícaro ficou. Você poderia me dizer como ele está? Ele tomou café? Se não tiver tomado, tenta fazer ele comer alguma coisa. Qualquer coisa, pode me ligar. Beijos.”

[CAROLINA]: “Pelo que Erick me disse, ele tomou café e voltou para o quarto. Ainda não vi ele hoje. Mas, qualquer coisa que eu ver de errado, eu ligo para você.”

Enviei a mensagem a minha irmã mais velha e fui para a sala. Para a minha surpresa, Erick estava lá. Consegui convencer ele a deixar um pouco o livro de lado de jogarmos um pouco de videogame. A desculpa que usei foi que eu precisava treinar para conseguir vencer Enzo e George. Meu irmão, como um bom irmão, aceitou me auxiliar. E passamos o resto da manhã dessa forma.

Ícaro apareceu um pouco antes do almoço. Ele passou pela sala, dizendo que iria esquentar alguma coisa que nossos pais e Sabrina deixaram do dia anterior. Porém, seu animo era igual a zero.

O almoço foi simples e silencioso. Todos sentiam que havia algo de errado com o nosso irmão mais velho. Mas, nenhum teve coragem para perguntar alguma coisa. Ícaro estava com os cabelos bagunçados e olhos vermelhos. Sem contar com a roupa amassada. Ele estava em um estado deplorável.

Notei que ele pouco comeu e saiu do ambiente. Meus irmãos olharam para mim, como se soubesse que eu conhecia o motivo de ter deixado ele daquela forma. E eu conhecia. Mas, preferi dizer nada e ignorar os olhares questionadores deles.

Quando terminamos o almoço, cada um lavou a louça que sujou. Mas, claro que sobrou para mim as panelas. Lavei, enxuguei e guardei tudo em seus devidos lugares. Voltei para a sala de estar, na tentativa de voltar a jogar com Erick. Na maioria das vezes, ficávamos calados. Mas, ainda assim, sentia que era importante para nossa aproximação como irmãos.

Porém, quando cheguei ao local, não foi Erick que encontrei. Mas, Ícaro. Ele estava deitado em um dos sofás. Com a mesma aparência de minutos atrás. Era deprimente ver ele tão arrasado como estava. Ele já não chorava mais. Talvez, já havia eliminado toda a água do corpo e não havia mais lágrimas.

Naquele momento, não havia Sabrina. Nossos pais não estavam presentes. E duvidava que soubessem do que estava acontecendo com Ícaro. Meus irmãos mais novos eram jovens demais para entender o que estava acontecendo. Ele só tinha a mim. Eu precisava ser forte. E tirar meu irmão do fundo do poço, onde ele se encontrava.

Conflitos de Carolina  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora