Se o percurso da minha casa até o shopping era de 30 minutos, não gastamos nem 15. Enzo não economizou no acelerador, desrespeitando os limites de velocidade. Não havia muitos carros na rua. O que facilitou nossa locomoção. Como era feriado facultativo, muitas pessoas, como nossos pais, estavam trabalhando. E, quem estava de folga, aproveitava o dia em algum parque natural, ou dentro de casa.
Felizmente, chegamos ao shopping sem causar acidentes ou com algum arranhão. Enzo estacionou o carro de qualquer jeito. Apenas tirou a chave e saiu, acompanhado de Ícaro. Também sai atrás dele, mas antes dei um aviso a Erick.
— Fique aqui. Qualquer coisa, liga para Ícaro ou Enzo. — pedi, lhe entregando o meu celular.
Meu irmão mais novo assentiu. Fechei a porta do carro e corri atrás dos meninos. Não poupando os nossos pés e esquecendo os bons modos e a educação, corremos pelo shopping. Havia muitas pessoas circulando pelo local, aproveitando o feriado. Mas, nenhuma dessa gente era minha irmã.
Não sabíamos por quanto tempo estávamos circulando o estabelecimento. Mas, cada segundo que perdíamos, poderia ser tarde demais para Melissa.
O celular de Ícaro tocou. Sem pensar duas vezes, ele tirou o aparelho do bolso. Ele observou o nome da tela e olhou para mim, franzindo as sobrancelhas. Na hora, descobri do que se tratava. Era meu nome que estava na tela. E meu celular estava com Erick.
— Atende. — pedi, sentindo um pouco mais desesperada.
Ícaro me obedeceu. Ele deslizou o dedo pelo aparelho e levou a orelha.
— Oye… que?... Fala devagar… calma… fica quieto dentro do carro. Estamos indo. — Ícaro desligou o aparelho e colocou de volta no bolso — Estacionamento.
Corremos até o onde o carro estava. E devemos ter chegado lá em tempo recorde. Procurei com os olhos vestígios de Melissa. Onde ela estava? Onde Erick viu ela. Foi então que eu vi um homem estranho, de frente a uma menina de cabelos castanhos. Cabelos esses bem parecidos com o da minha irmã.
Sem esperar pelos meninos, fui na direção dele. E, quando consegui ver melhor o que estava acontecendo, meu corpo gelou. A palma da minha mão começou a suar e meu coração disparou com a cena. Um homem, que deveria ser mais velho que meu pai, estava segurando meu irmão mais novo, enquanto Melissa estava em sua frente.
Quando o homem percebeu minha presença, deu um sorriso maligno, que fez com que um arrepio percorresse todo o meu corpo. Ele sabia sobre mim. Sabia que os dois eram meus irmãos. E me perguntei o quanto Melissa falou de nossa família para ele.
O sorriso do homem se desfez quando viu algo atrás de mim. Não consegui me virar. Meu corpo estava paralisado. Ele jogou meu irmão contra um dos carros e correu. Felizmente, meus pés me obedeceram. Junto com Melissa, corri até Erick, enquanto via alguns vultos correndo. Agachei ao seu lado.
— Você está bem, Erick? — perguntei. Ele assentiu, assustado — Eu te pedi para ficar dentro do carro.
— Se eu ficasse, Melissa ia entrar no carro dele.
Olhei para minha irmã, que estava parada, de pé, ao meu lado. Chorando. Aquele não era o melhor momento para lhe dar uma bronca. Abracei Erick e puxei Melissa junto. Deixei que as lágrimas de alívio escorressem pelo meu rosto. Só de pensar na possibilidade de não ter os dois por perto, me sentia mal. Meus irmãos me abraçaram também. Erick estava calado. Eu chorava em silêncio. Mas, Melissa soluçava.
Outros dois braços envolveram a mim e aos meus irmãos pouco depois. Senti mais tranquila e calma nos braços dos meus irmãos. Melissa e Erick estavam salvos. Eu não estava mais sozinha.
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Conflitos de Carolina [Concluído]
Teen FictionCarolina Souza acredita que sua vida é cheia de problemas. Parte deles, causados pelos irmãos mais velhos, que a atormenta desde que era nova. Ícaro e Sabrina viviam em seu mundinho particular, impedindo que os demais se aproximassem. Graças aos doi...