Capítulo 12

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Diferente dos demais dias em que eu e Enzo estudávamos juntos, George e seu primo não foram comigo para a minha casa. Meu amigo tinha que levar alguma coisa para os pais no restaurante. Claro que não precisava dos dois. Mas, eu ainda não me sentia confortável em ficar sozinha com Enzo e meus irmãos.

Depois de chegar a minha casa, e me trocar (uma blusa amarela e short jeans), me deitei no sofá e fiquei mexendo no FDN em meu celular. Aproveitei e comece a acompanhar Enzo. Visualizei tudo o que pude ver dele. O garoto não tinha muitas fotos. E, pelo que George me disse, seu primo não era um viciado em redes sociais, nem postava muitas coisas.

Distraída como eu estava, me assustei quando a campanhinha tocou. Levantei rapidamente e analisei minhas roupas. Passei a mão, tirando qualquer sujeira imaginaria que tivesse. Caminhei até a porta e girei a maçaneta com um sorriso no rosto. Mas, meu sorris logo sumiu quando percebi quem estava me esperando do lado de fora.

— Alicia? — perguntei, surpresa.

— Oi Carol. — ela disse, entrando sem ser convidada.

Se Enzo era o tipo de pessoa folgada que não incomodava, Alicia era seu oposto. Porém, dela eu não podia reclamar. Nossa amizade de quase quinze anos fazia com que fossemos intimas o suficiente para considerar a casa uma da outra como nossa.

— O que você está fazendo aqui?

Aquela não era a melhor maneira de recepcionar uma pessoa em casa. Eu tinha noção de que estava sendo mal-educada. Mas, Alicia não aparecia de surpresa em minha casa desde… desde sempre. Até mesmo quando criança, ela só me visitava quando convidada. E, aquela sua aparição, do nada, era de deixar qualquer um espantado.

— Você e os meninos não estão estudando à tarde? Vim ajudar vocês. — ela disse, como se não fosse nada demais. E não seria, se aquele não fosse seu comportamento rotineiro — Amigos se ajudam. Amigos se visitam. Não é?

— Sim. Mas, faz… faz tempo que você não aparecia aqui em casa.

Fechei a porta e fiquei parada no lugar. Apenas girei o corpo para encarar Alicia, que estava de pé no meio da sala, olhando para todos os lados, como se procurasse alguém. Eu tentei me lembrar da última vez que ela apareceu em minha casa, em outra ocasião que não fosse uma comemoração. E não consegui.

— Você não me chama mais. — ela reclamou.

— Depois de tantos “nãos”… — tentei explicar, mas ela me interrompeu.

— Isso não importa no momento. Os meninos já chegaram? Eles vão demorar? Vocês estão estudando onde?

Guiei minha amiga de infância até a sala de jantar. Respondi a ela as perguntas que me fez. Sentei na cadeira de sempre, enquanto ela sentou em minha frente, onde Enzo costumava ficar. Ela olhou para todos os lados, incapaz de esconder sua expressão de desdém.

— Você deveria ter uma área para estudar. Sala de jantar tem esse nome para ser usada justamente para as refeições. — ela criticou.

— Desculpa se nem todos têm o mesmo padrão de vida que o seu. — disse com ironia.

Ela revirou os olhos. Mas, não parou de reparar em cada detalhe da simples sala de refeições da minha casa. Não tinha nada demais. Apenas a mesa com oito cadeiras. E um pequeno armário, que também servia como bancada que ia de uma ponta a outra na parede atrás de mim, onde eram guardadas as louças. Minha mãe não gostava de decorações. Segundo ela, dava trabalho demais para limpar.

— Vamos mudar de assunto. — Alicia me disse, percebendo que não havia nada para reparar — Me fale mais sobre você e Gabriel. Vocês…

— Eu já disse. Somos amigos. Nada mais. — menti, interrompendo sua possível pergunta.

Conflitos de Carolina  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora