Capítulo 07

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A conversa super bizarra que eu tive com Melissa na sala de jantar da nossa moradia rondava minha cabeça desde o momento em que meus dois amigos fora para casa. Cada frase pronunciada por ela ainda trazia uma sensação se choque em mim. O que aconteceu nesses últimos anos que eu não notei?

Passando a observar ela o resto da tarde, notei o quanto minha irmã não se parecia em nada com aquela menininha pequena e franzina que adorava brincar de boneca e me chamava para brincar junto. Ela estava diferente.

Minha irmãzinha estava crescendo, em frente aos meus olhos, e eu não estava vendo. Eu me recusava a ver.

Entretanto, perceber que ela não era mais uma criança não significava que eu aceitava que ela beijava garotos. E que aproximava deles, se dirigia a eles com segundas intenções. Como fez com Gabriel. Ela flertou com ele. Bem na minha frente. Minha irmãzinha. Que absurdo!

Não era porque ela não era mais criança que significava que ela podia flertar com o primeiro menino que visse em sua frente. Quero dizer, eu deixei de ser criança aos 13 anos. E beijei o primeiro com quase 15. Mas, Melissa tinha 13. 13 anos. Não importava que dentro de três meses e alguns dias ela faria 14. Ela ainda tinha 13. E beijava.

Isso não podia estar acontecendo. Não mesmo.

Era um sonho. Não. Um pesadelo. Daqueles que eu tinha quando Ícaro e Sabrina apareciam em minha casa. Eu acordaria dentro de instantes. E encontraria Melissa brincando de boneca em cima da cama. E me importunaria até que eu cedesse.

Eu acordei. Mas, não era um sonho. Nem pesadelo. Minha irmã estava crescendo. Se tornando uma moça linda. Quando foi que aconteceu e eu não percebi?

O pior de tudo era que apenas eu não percebi que minha irmã não era mais uma garotinha. Os meninos já notavam Melissa. Notaram antes de mim. Enquanto meus olhos se fechavam, os deles estavam bem abertos e atentos. Eram como felinos. E atacariam na primeira oportunidade. Na verdade, já atacaram. Eu não fazia ideia de quantos. E quais foram os resultados.

Sentada em um dos bancos do lado de fora do prédio do Ensino Fundamental, enquanto esperava George e Enzo para irmos para minha casa, eu observava os passos da minha irmã. Ela conversava com duas garotas, também bonitas. Não sabia seus nomes, mas acreditava ser amigas e Melissa. Alguns meninos lançavam olhares para as três. Elas percebiam, e jogavam sorrisinhos para eles.

Não. Eu me recusava a acreditar. Melissa ainda era muito nova para receber esse tipo de atenção. Meu desejo era pegar ela e levar para casa. Para longe dos olhares daqueles abutres. Minhas mãos, fechadas em punhos, estavam loucas para socar a cara de uns moleques.

Estava cogitando a ideia de me levantar, quando George e Gabriel sentaram cada um de um lado, me impedindo de cometer tamanha barbaridade. Socar um garoto poderia me reder uma bela suspensão. E maiores dor de cabeça para mim, que ouviria um monte dos meus pais.

— Quem são aqueles meninos? — perguntei, apontando para um grupo de quatro meninos.

Não me lembrei dos bons modos quando mostrei o grupinho com o dedo indicador. Mais precisamente um deles, que não tirava os olhos de Melissa. Ele era fácil de ser identificado, mesmo depois de sair da escola. Possuía um cabelo vermelho, reunido em um topete. Ele era ridículo, assim como os outros três do grupo. Nenhum deles era merecedores de Melissa. Nem mesmo depois que ela completasse seus… 18 anos.

— Garotos normais. — George disse, dando de ombros.

Ele estava fugindo da minha pergunta. Ele sabia quem eram aqueles meninos. E, não era de duvidar que ele conhecesse seus pais, irmãos, tios, primos… enfim, a família inteira. George conhecia muitas pessoas graças ao restaurante de seus pais. Era pequeno, mas recebia muitas pessoas. E, às vezes, meu amigo dava uma força aos pais, trabalhando como garçom.

Conflitos de Carolina  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora