Capítulo 28

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Na manhã de segunda feira, a segunda feira que minha vida iria mudar completamente, acordei mais cedo. Ao contrário das últimas segundas, eu iria para a escola de bicicleta. Eu havia dito aos meus irmãos, no dia anterior, a minha decisão. Além disso, o carro não caberia todo mundo (apesar de que Ícaro disse que podia nos levar para a escola e depois passar em casa para buscar Regina e Sabrina). Mas, o motivo principal era que queria chegar mais cedo, conforme tinha combinado com os meninos.

Quando sai de casa, meus irmãos estavam tomando café com nossos pais. Os dois mais velhos e Regina me desejaram boa sorte. Meus pais pareceram não entender, mas não disseram nada. Provavelmente pensavam que se tratava de algum trabalho ou prova.

Chegando à escola, me sentei no lugar de sempre. E, por mais estranho que possa aparecer, eu não estava nervosa. Estava calma. Talvez, seja por causa das conversas com meus irmãos, Alex, Regina, Enzo e George. Eu estava disposta a não guardar raiva ou rancor de Alicia. Deixar que os sentimentos ruins tomassem conta de mim só me prejudicaria.

Alicia foi a primeira a chegar depois de mim. E, como os últimos dias, sorria de forma vitoriosa. Sorri da mesma forma. Se ela estava achando que eu não sabia de nada, ela sabia bem menos. Provavelmente, ela não compreendeu o motivo do meu bom humor em plena segunda feira. Até porque, o seu sorriso não vacilou.

Christina foi a próxima a chegar. E era a única que não sabia de nada. Mas, logo descobriria. E se havia alguma coisa que Alicia estava certa, era que eu estava deixando elas de lado. Mas, logo mudaria. Tentaria ficar mais próxima de Chris. Nem que eu tivesse que ir à confeitaria dos seus pais sempre que ela estivesse trabalhando, apenas para ficar próxima dela.

Vi de longe os meninos chegarem. Os dois caminhavam na nossa direção, como se nada de anormal estivesse acontecendo. Meu sorriso aumentou um pouco mais. E, notei que estava incomodando Alicia. George cumprimentou todas nós como sempre fazia. Enzo imitou. Entretanto, se aproximou de mim, dando um beijo em minha bochecha e sentando ao meu lado. Percebi o olhar ameaçador que minha amiga de infância (ou melhor, ex-amiga) lançou ao meu amigo (e futuro namorado).

— Algum problema, Alicia? — indaguei, como se não fosse nada demais.

— Não. Por que teria? — ela perguntou, tentando dar um sorriso.

Era essa a resposta que eu esperava que ela desse. Minhas palavras estavam todas preparadas, na ponta da língua, só esperando o momento certo de serem ditas. Coloquei o meu melhor sorriso irônico para ela.

— Não sei. Talvez, porque suas tentativas de me ameaçar com Enzo não deram certo? — perguntei, com ironia. Coloquei minhas mãos em cima da mesa, entrelaçando meus dedos e inclinei na direção dela — Agora, me tira uma dúvida Alicia: como você pretende acabar com minha vida? Criaria um perfil falso com meu nome nas redes sociais e acusaria outras pessoas? Diria a Enzo que eu estava tendo um caso com George, como você dizia a Alex? Ou tentaria me afogar como fez com Christina no dia da festa da sua mãe?

Alicia me olhava de olhos arregalados, surpresa com minhas palavras. E não disse nada em sua defesa. Aposto que sua inteligência elevada não funcionava quando ela era pega desprevenida. Christina também estava espantada com o que eu falei. Mais tarde, eu explicaria tudo a ela.

— Sabe, Alicia, eu demorei, mas agora consigo perceber quem você é de verdade. — disse, voltando a me sentar ereta — Você pode rir de mim. Me chamar de boba, como todas as pessoas dizem a aquelas que um dia foram enganados. Mas, nós, pessoas que somos enganadas, só nos deixamos enganar porque acreditamos nas pessoas que gostamos. E, sinceramente, as únicas que deveriam ser julgadas e terem o título de bobas são vocês, pessoas que enganam. Porque, acreditar nos outros não é problema algum. O problema está em pessoas sem caráter. Pessoas como você. Que jogam fora uma amizade de anos por nada.

Conflitos de Carolina  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora