Quando acordei pela manhã seguinte, Melissa ainda dormia. Sabrina não estava no quarto. Levantei, peguei uma roupa e segui para o banheiro, onde me preparei para mais um domingo. Após ficar pronta, usando uma blusa azul e calça jeans, desci para tomar café da manhã. Durante todo meu percurso, não ouvi voz de ninguém. A casa estava silenciosa. E vazia.
Enquanto comia uns biscoitos, acompanhado com um copo de leite com achocolatado, peguei meu celular e mandei uma mensagem para George. Queria muito poder conversa com um amigo. Desabafar com quem eu me abria com facilidade. E poderia me ajudar nesses momentos de conflitos.
[CAROLINA]: “Você está em casa hoje?”
A resposta veio rapidamente.
[GEORGE]: “Sim. Estou.”
[CAROLINA]: “Posso ir aí? Agora?”
[GEORGE]: “Claro! Minha casa é sua casa.”
Terminei meus biscoitos e meu copo de leite. Peguei um papel e uma caneta em uma das gavetas do armário da cozinha e escrevi um bilhete, avisando que eu passaria o dia com George. Deixei pregado no único imã que tinha na geladeira. Sai de casa, peguei minha bicicleta e segui na direção da casa do meu amigo.
Passando por atalhos criados para pedestres e ciclistas, consegui chegar rapidamente na casa do meu amigo. Bati na porta, mas ninguém atendeu. Mandei uma mensagem para ele, dizendo que eu havia chegado. Ele me respondeu, dizendo que poderia entrar pela porta dos fundos e que usasse a chave reserva que estava escondida no lugar de sempre. Segui suas instruções e entrei pela porta da cozinha.
A casa estava tão silenciosa como a minha. Supus que seus pais estivessem no restaurante, mesmo sabendo que aos domingos eles só iam para lá às dez horas. E ainda eram nove. E que os dois preguiçosos estivessem no quarto.
Passei pela sala, que estava um tanto quanto bagunçada. Subi as escadas e caminhei até o quarto que os primos dividiam. Bati na porta e entrei após ouvi duas vozes gritando “entre!”. Os dois estavam deitados, George em sua cama e Enzo na parte debaixo da bicama. Ambos olhavam para o teto. Olhei para cima, mas não havia nada de interessante. Ao menos não estavam debaixo da coberta e estavam vestidos.
— O que vocês dois estão fazendo? — perguntei, franzindo as sobrancelhas.
O quarto estava uma bagunça. Obra de Enzo. E os dois estavam deitados, como se o mundo não existisse.
— Preguiça de domingo. — eles falaram, juntos.
Revirei os olhos. Eles eram dois preguiçosos.
— E nem tomaram café. — supus. Eles assentiram — E, pelo visto, não vão levantar tão cedo. Cadê tia Duda e tio Marcos? — perguntei. Enzo fez uma careta.
— Viajando. Desde sexta. Só chegam no próximo domingo. Eu acho. — meu amigo respondeu.
Abri a boca e arregalei os olhos. Quer dizer que aqueles dois folgados, preguiçosos e crianções ficaram um pouco mais de uma semana sozinhos? Quero dizer, não era a primeira vez que os pais do meu amigo viajavam. Sempre deixavam pessoas de confiança tomando conta do restaurante. Porém, meu amigo não ficava sozinho. Às vezes ele passava um tempo na minha casa, ou na casa de algum tio, ou sua prima Victoria ficava com ele.
Talvez, a presença de Enzo fez com que eles tomassem uma decisão diferente dessa vez. Porém, eles pareceram se esquecer de um pequeno detalhe: aqueles dois tinham a maturidade de uma criança de cinco anos.
— Eles são doidos em deixar vocês dois sozinhos? Aposto que nem estão comendo direito. — disse, preocupada com o bem estar dos dois.
— Alivia, Carol. A gente sabe se virar sozinhos. Além disso, aposto que ela colocou aquela vizinha fofoqueira para vigiar a gente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Conflitos de Carolina [Concluído]
Ficção AdolescenteCarolina Souza acredita que sua vida é cheia de problemas. Parte deles, causados pelos irmãos mais velhos, que a atormenta desde que era nova. Ícaro e Sabrina viviam em seu mundinho particular, impedindo que os demais se aproximassem. Graças aos doi...