Capítulo 23

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Na manhã seguinte, sexta feira, acordei um pouco diferente. Eu estava magoada com Enzo. Ou melhor, Gabriel. Passei horas chorando por causa dele. Mas, de forma alguma deixaria com que os outros pensassem que eu era fraca. Eu poderia sofrer por causa dele. Mas, não deixaria que ninguém soubesse. Muito menos ele.

Isso se ele fosse aparecer.

Acordei um pouco mais cedo. E me arrumei um pouco mais. Nada melhor do que estar linda para mostrar que tudo estava bem. Passei uma maquiagem básica, com o principal objetivo de disfarçar as horas que passei em claro, chorando. Peguei uma mexa de cabelo de cada lado e prendi na parte de trás, com uma presilha bonita. Escolheria a que George me deu, mas, ela me lembrava Enzo. Gabriel. Vesti meu uniforme com uma calça jeans. Olhei no espelho. Eu estava bonita, apesar de estar uniformizada. E estava me sentindo bem com minha aparência.

E eu estava mesmo. Até me deparar com aqueles cachos escuros que eu tanto amava fazer cafuné. Gabriel estava sentado, ao lado de George. Na nossa mesa. Como se nada tivesse acontecido.

Eu não me deixaria abalar. Meus passos, que estavam hesitantes a partir do momento que eu vi aquele garoto, se tornaram mais decididos. E foi dessa forma que cheguei até onde meus amigos estavam. Sem contar com um pequeno sorriso que estava em meu rosto. Quem me conhecia de verdade, como George, sabia que era forçado. Cumprimentei todos eles e se me sentei ao lado de Christina.

— Pelo visto, você estava mesmo com saudades de Gabriel. — Christina disse, sem imaginar o quanto aquele comentário me afetava de forma negativa — Hoje você está até sorrindo. — mesmo sem olhar, sabia que Enzo estava olhando para mim — Está mais do que estampado na cara de vocês dois que se gostam. Por que não estão juntos?  Quem é que está enrolando quem?

Olhei para Gabriel, tendo certeza de que ele me observava. Ele não disse nada. George também pousou os olhos em mim, e desviou para o primo. Entretanto, permaneceu em silêncio. E não seria eu a abrir a boca para responder ao questionamento de Christina. Porém, outra pessoa fez por nós.

— Não fica falando esse tipo de coisa, Chris. Você não percebeu como ele ficou desconfortável? Você fica pressionando ele. Não percebe que ele não quer ficar com ela, não é, Gabriel?

Não aguentei ouvir aquelas palavras. Nem aguentaria ouvir a resposta de Gabriel. Não conseguiria ser forte. Levantei, sem esperar que o primo do meu amigo abrisse a boca. Segui direto para o interior do nosso prédio, caminhando até a nossa sala de aula. Estando no local, sentei em meu lugar. Abaixei a cabeça na mesa. Eu não iria chorar. Eu não iria chorar. Não mais.

Alguém sentou em minha frente. Por um momento, a chama de esperança acendeu em mim, fazendo com que eu acreditasse que era Enzo. Que ele explicaria os motivos dele estar me ignorando. Porém, o perfume que senti não era dele, apesar de ser bem conhecido. Levantei minha cabeça o suficiente para perceber que era George. Meu amigo passou a mão pelos meus cabelos.

— Por que ele está assim comigo, George? Por quê? Eu não entendo.

— Nem eu, Carol.  Mas, eu vou descobrir. Nem que eu tenha que ameaçar jogar aquela bagunça dele pela janela. Não é porque ele é meu primo que pode te deixar assim e sair impune.

Acreditei em George. Ele era meu amigo. Mais do que isso. Ele era o irmão que o meu coração escolheu. Ele sempre demonstrou estar ao meu lado, em todos os momentos da minha vida. E, principalmente, nos momentos que eu mais precisava. Mas, naquele momento, eu não saberia dizer o que falaria mais alto: nossa relação afetiva, ou a relação sanguínea entre ele e Gabriel.

Durante as aulas, fiz o possível para ignorar o garoto atrás de mim. O que não estava sendo muito fácil. Principalmente por causa dos professores chamando sua atenção por não fazer nada durante as aulas. Eu também não estava em meu melhor dia. Mas, estava lutando com todas as minhas forças para não demonstrar.

Conflitos de Carolina  [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora