Surpreendentemente naquela mesma tarde Chris ligou para Bárbara, dizendo que estaria na cidade e queria vê-la. Combinaram de se encontrar na cafeteria de sempre, mas ela sabia que nada seria como antes.
– Ah, mas que saudade! – Disse Chris enquanto a abraçava forte.
– Também estava com tanta saudade! – Ela respondeu.
Sentaram-se então, e Bárbara começou a procurar as palavras certas para contar a ele tudo o que havia acontecido em sua ausência.
– Chris, eu não sei por onde começar, mas vou direto ao ponto, pois nós nunca tivemos meias palavras. Vou me casar.
A expressão de Christopher mudou, e ele soltou um longo suspiro. De certa forma, ele parecia não se agradar com a notícia, mas não parecia surpreso. Como não disse nada, Bárbara decidiu continuar a falar.
– Você não parece se surpreender com a notícia.
– Não me surpreendo. E posso até adivinhar com quem. Daniel McCain, não é?
– Como sabe?
Chris refletiu por alguns segundos e só então respondeu:
– Não era difícil esperar por isso. Um cara como ele sempre consegue o que quer e ele sempre quis você.
– Como pode saber se o viu apenas uma vez?
Chris desconcertou-se momentaneamente, mas retomou a postura e completou:
– Ora, uma vez foi o suficiente para ver como ele ficou com ciúme ao nos ver juntos na sua sala. Além do mais, você ficou tão absorta nesse trabalho, que passou horas demais com ele. Uma linda mulher e um cara "boa pinta", o que era de se esperar?
– Quero que seja meu padrinho Chris.
Christopher acompanhou algo com o olhar por cima do ombro de Bárbara.
– O que foi? – Perguntou Bárbara virando-se.
– Nada, apenas um cliente meu que entrou aqui.
– Aquele homem gigante ali?
– Sim, ele mesmo.
– Mal-encarado né?
– Não é muito amigável, mas paga bem.
– Entendi. Chris, preciso de você. – disse Bárbara pegando-lhe a mão – Por favor, seja meu padrinho.
– Claro, não perderia por nada o seu casamento. – Respondeu ele, com menos empolgação de quem vai retirar um dente.
– Que bom. Fiquei com medo que não aceitasse, já que não gosta tanto assim do noivo.
– Não faria isso com você. Quanto a ele, queria que nunca tivesse cruzado nossos caminhos, mas fazer o quê? – Disse Chris tentando esboçar um sorriso.
"Eu também queria" – Pensou Bárbara, surpreendendo-se com a incerteza que parecia haver dentro dela sobre isso.
– Quero que seja feliz, apenas me garanta que será.
– Eu serei. – Disse ela, com evidente ansiedade.
– Tem certeza?
– Tenho. Tudo isso é muito novo para mim, mas vou me adaptar.
– Sabe que sempre pode contar comigo, não é? – ele disse apertando a mão dela entre as suas – Para qualquer coisa.
– Sei.
E naquele momento uma vontade enorme de contar-lhe a verdade gritou dentro dela. No entanto, como já estava acostumando-se a fazer, sufocou-a e apenas sorriu.
***
Na manhã do dia do casamento, Bárbara estava sentada junto à janela vendo o sol nascer. Não conseguira dormir sequer um minuto durante toda a noite.
O tempo havia passado muito depressa, e agora não havia como fugir de seu destino iminente. Na verdade, ela queria que tudo aquilo acabasse logo, a ansiedade de esperar pelos eventos daquela noite era torturante.
Caminhou lentamente até a cozinha e tentou comer alguma coisa, mas só conseguiu engolir alguns biscoitos. Os ponteiros do relógio insistiam em se arrastar lentamente, e as horas que até aquele dia haviam voado, ironicamente agora não passavam. Tomada pelo cansaço de uma noite em claro, arrastou-se para a cama e deitou a cabeça que já começava a doer no travesseiro. Caiu em um sono profundo e quando acordou a luz do sol já tomava conta do quarto e o interfone tocava insistentemente. Atendeu-o meio aturdida e foi comunicada que havia uma entrega para ela.
Foi então até a porta para recebê-la e deteve-se paralisada no corredor, de onde podia avistar a sala. Cada centímetro dela estava tomado por ramalhetes de rosas de todas as cores e sobre o sofá havia uma caixa branca com um laço dourado. Foi até ela e ao abri-la, havia um cartão, escrito à mão.
"Contei cada segundo, de cada hora, de cada dia em que esperava por este momento. Você é como um raio de sol vigoroso que ilumina e renova tudo o que toca. Então querida, brilhe sobre mim. Quero absorver cada pequena gotícula da sua alma. Quero senti-la como um orvalho refrescante que sacia minha sede infinita por teus beijos. Espero-te esta noite, para fazê-la minha mulher... Minha e de mais ninguém".
Daniel McCain
Aquelas palavras fizeram o coração de Bárbara disparar e um arrepio percorreu sua espinha. Embora entendesse cada palavra, simplesmente não conseguia assimilar o significado daquilo. As frases escritas naquele cartão pareciam palavras de um homem apaixonado, o que obviamente McCain não era.
"Sede infinita por teus beijos"? – pensou Bárbara –"Brilhe sobre mim"?
Daniel não tinha porquê tornar aquele momento romântico de alguma forma. Tinha sido tão manipulador até então, que poderia simplesmente seguir com seu plano, ignorando os sentimentos dela. Mas, por algum motivo ele parecia querer amenizar a dor, dando traços de realidade àquela farsa.
Por baixo do cartão havia um embrulho em papel dourado, que continha uma camisola de seda branca, delicadamente bordada com pequeninas flores em torno do decote.
"Então era isso o que ele queria dizer? Estava se referindo à noite de núpcias?" – Ela pensou.
Tomada por asco e se sentindo como uma mulher vendida a um mercenário, Bárbara arremessou a peça sobre o sofá, abraçou os joelhos e abaixou a cabeça sobre eles. Fez um esforço hercúleo para não chorar, mas quando estava prestes a ser vencida pelas lágrimas, o interfone tocou novamente.
Era o motorista que havia vindo buscá-la para levá-la até o local onde se arrumaria para o casamento. Tinha começado e não havia como voltar atrás. Que fosse, então.
Um dia aquele pesadelo acabaria e McCain pagaria pelo que estava fazendo. Sem nenhuma dúvida.
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O Protetor - Série case-se comigo - Livro 1
RomanceEle: Daniel McCain, um empresário de sucesso que comanda uma corporação gigantesca fundada e construída com cada gota de seu suor. Controlador, frio e extremamente estrategista Ela: Bárbara McNamara, uma publicitária bem sucedida, criada por uma fam...