Capítulo 31

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Não tiveram pressa em sair do quarto. Daniel pediu que fosse trazida uma refeição até antessala e que deixassem uma bandeja para café da manhã ali também, pois fez questão de servir sua esposa na cama.

- Puxa vida, que lindo isso. - Bárbara brincou - Não imaginava que era tão gentil.

- Ah, não mesmo? - Ele perguntou erguendo uma sobrancelha.

Ela o encarou com um olhar brincalhão enquanto pensava na resposta.

- Ok, talvez um pouco. Você tem feito muitas gentilezas desde que nos casamos.

- E pretendo fazer ainda mais. Você merece e vai ser tratada como uma rainha, sempre.

- Hum...está tentando me seduzir ou é impressão minha?

- Sim, está funcionando?

- Talvez...

- Mas que bom! Diga-me minha querida esposa, pretende demorar muito para terminar de comer? - Ele disse com um olhar mal-intencionado.

- Talvez... Mas por que a pressa? - Ela respondeu sorrindo, pois já havia entendido as intenções de seu marido.

- Estou com pressa para começar, mas não terei para acabar. Nunca mais vou deixar você sair deste quarto. - Daniel a provocou, dando um daqueles sorrisos que ela adorava.

Ela não tinha mesmo a menor vontade de sair daquele quarto. Ficaria ali para sempre, em parte porque não se lembrava da última vez em que tinha se sentido tão feliz e também porque não fazia ideia de como seria a convivência deles depois disso.

Os beijos de Daniel a despertaram de seus pensamentos, anunciando o que viria a seguir.

Mais uma vez, ele não a decepcionou. Cuidadoso e dedicado, apagou todos os rastros de qualquer ressentimento que Bárbara poderia sentir por ter cedido. Não fazia diferença, estar em seus braços era a melhor coisa que já havia experimentado.

Daniel igualmente se sentia completamente alucinado por ela. Não havia nada que importasse mais, tê-la por completo era fascinante.

Estabeleceram uma doce rotina, como se o amanhã não existisse e aqueles momentos fossem durar a eternidade inteira. E assim permaneceram durante uma semana repleta de descobertas de sentimentos e sensações únicas, que eles nunca haviam provado antes e nem poderiam, já que se completavam de uma maneira absolutamente perfeita.

Daniel sabia que já passara da hora de Bárbara saber o motivo de tudo, mas tinha medo que a verdade a afastasse dele definitivamente. Como sempre, decidiu postergar ainda mais esse momento, não queria que nada interferisse na completa felicidade que sentia. Ela saberia em breve, mas não agora.

***

Bárbara se olhou no espelho longamente. Não podia acreditar na decisão que havia tomado. Agora, que eles se preparavam para voltar à empresa, o que é claro não ocorreu sem protestos da parte de Daniel, tudo parecia nublado na mente dela.

Ele queria ficar mais. Ela também queria, mas não conseguia deixar de pensar em como seria o depois. Precisava sair daquele quarto e enfrentar novamente a vida real, para de fato entender onde é que havia se metido.

O que viria? Arrependimento? Raiva?

Não fazia ideia. Mas, precisava descobrir.

Absorta em seus pensamentos, foi trazida de volta quando seu marido a abraçou pela cintura.

- Ainda acho que deveríamos ficar pelo menos mais um mês aqui. - Ele disse enquanto enchia seu pescoço de beijos.

- E eu concordo. Mas, precisamos ver como estão as coisas lá fora, depois podemos voltar. - Ela disse sem encará-lo, o que despertou certa estranheza em Daniel.

- Bárbara.

- Sim.

- Me olhe.

- Como é?

- Olhe nos meus olhos.

Com muito esforço, ela obedeceu.

- Não é esse o real motivo de você querer ir à empresa, não é? Por que não me diz a verdade? Vejo em seus olhos que existe algo mais.

Bárbara suspirou.

- Sim, existe.

- E o que é?

Bárbara tentou escolher as melhores palavras, mas sabia que se não fosse completamente sincera, não convenceria seu marido.

- Quero saber como vou me sentir depois de tudo isso. Ou melhor, preciso saber.

- Se refere ao fato de ter se entregado a mim?

- Sim. Olha Daniel, não me leve a mal, mas você sabe exatamente todo o caminho de pedras que percorremos até aqui. Preciso saber como vai ser o depois.

- Pensei que tivesse tomado sua decisão.

- E tomei. Não me arrependo. Pelo menos não por enquanto. Mas só saberei realmente, quando não estiver mais dentro deste quarto, desta casa.

Suas palavras o feriram visivelmente.

- Certo. Era justamente isso que eu temia. Por isso me recusei por vezes a seguir em frente, não poderia aguentar o peso da culpa por ter te forçado. Só que agora vejo que de qualquer forma, era inevitável que você se arrependesse.

- Mas eu não me arrependi! Foi perfeito, esplêndido. Só tenho medo de como vou me sentir quando a vida voltar ao normal. Sempre pensei que dividiria um futuro com o homem que escolhesse para ser o primeiro. Que futuro nós temos Daniel?

- O futuro que você quiser Bárbara.

- Não é simples assim.

- É mais simples do que parece.

- Não, não é. Eu sei o que quero para o meu futuro Daniel. Quero constituir família, ser mãe. Me dediquei à minha carreira até agora e já chegou a hora de mudar o rumo.

- Você pode ser mãe dos meus filhos. - ele disse, tomando-lhe as mãos - Dos meus filhos, Bárbara.

Ela encarou-o surpresa, mas rapidamente o susto que sentiu diante do que ele disse foi substituído por sarcasmo.

- Ora, mas quanta generosidade! Posso mesmo? Que gentileza a sua me deixar ser mãe dos seus filhos.

- Você me entendeu errado.

- Não. Entendi perfeitamente. Não é essa a ideia que eu tenho de família Daniel. Estou falando de algo construído sobre uma base sólida de amor.

- Amor...

- Sim! Amor! Não terei filhos com qualquer um! - Bárbara exclamou em voz alta, antes mesmo que pudesse se aperceber do tom que usava.

- Qualquer um. É isso que sou para você, não é? Qualquer um.

- Não foi isso que eu quis dizer.

- Foi exatamente isso, Bárbara. Porque razão eu seria mais do que qualquer um para você?

Ela permaneceu em silêncio.

- Como eu imaginava você não tem uma resposta. Mas, fique tranquila minha querida, eu não a culpo. O que eu seria além do manipulador, invasor de vidas, que mudou completamente o rumo dos seus planos. Quer saber, é isso mesmo que eu sou. E tem mais, sou extremamente bom nisso, já que finalmente consegui forçá-la a ir para a cama comigo, não é?

Daniel virou-se e saiu e ela ficou ali, paralisada, sem dizer nada, sem nem mesmo conseguir pensar.

O Protetor - Série case-se comigo - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora