Bárbara chegou desnorteada em seu apartamento.
O ódio que sentia havia invadido seu âmago de tal maneira, que suas lágrimas secaram e por mais que tentasse, não conseguia chorar. Tudo parecia desbotado, nada fazia sentido. Era como se o seu mundo conhecido estivesse desmoronando à sua volta.
Como se livraria da armadilha que McCain tão minuciosamente armou para ela?
Tentou raciocinar com clareza, traçar alguma estratégia, mas nada funcionava.
Para tentar virar o jogo precisaria de provas concretas da chantagem.
Mas como as conseguiria?
McCain havia deixado claro que caso ela tentasse gravar o que ele disse para usar contra ele, conseguiria se safar. E ela não duvidava disso, afinal ele tinha todo o dinheiro e influência necessários para comprar qualquer instância da justiça antes que ela pudesse ganhar a causa.
Também não tinha como fazer isso antes de ele iniciar a ação e qualquer coisa que fizesse depois de ele acusar seu pai de roubo, com certeza seria tachado como uma tentativa de livrar Gerard da culpa.
Isso sem levar em consideração a idade e saúde delicada de seu pai. Expô-lo a essa tensão seria destrutivo para ele. E para sua mãe por consequência.
Ela os amava demais para submetê-los a qualquer coisa que pudesse lhes tirar a paz.
Mas casar com alguém por chantagem? Eles não aprovariam que fizesse isso!
Suportar aquele monstro por três longos anos?!
Inimaginável.
E as horas se passaram, mas ela não encontrava uma solução.
Ironicamente, fez mesmo pesquisas na internet e livros, mas não encontrou nada que ajudasse. Algo como essa situação não possuía precedentes.
Por fim, quando já estava esbaforida, lembrou-se que Chris não ligava nem aparecia há dias. Não poderia dividir o que estava passando com ele, McCain com certeza tinha colocado alguém para segui-la, isso se não tivesse colocado escutas por todo o seu apartamento. Mas só de vê-lo, quem sabe já se sentisse melhor.
Ligou então para Chris, marcou um encontro no apartamento dele e chegando lá abraçou-o com tanta força que ele até estranhou.
– Ei, o que aconteceu? Você parece aflita. – Chris perguntou.
– Não aconteceu nada, só estava com muita saudade.
– Eu também, mas entra, vamos comer alguma coisa.
Enquanto Chris pegava coisas na cozinha, Bárbara se pegou imaginando o que seria de sua amizade com ele agora que tudo estava prestes a mudar.
Se por acaso aceitasse se submeter àquela oferta insana, como faria para vê-lo? Não teria mais liberdade para fazer isso quando quisesse com certeza. Com suportaria?
– Tem certeza que não tem nada para me dizer? – Disse ele enquanto colocava as coisas na mesa, percebendo seu olhar distante.
– Na verdade tenho. Gosto muito de você.
Ele sorriu.
– Também gosto muito de você minha querida, mais do que imagina. E é por isso que está me preocupando demais ver essa sua carinha triste. Lembre-se de que pode me contar qualquer coisa. O que foi? McCain te fez algo?
Finalmente depois de tanto esforço, as lágrimas voltaram a seus olhos. Não pôde segurar, começou a chorar copiosamente, soluçando.
Chris correu até ela e abraçou-a com muito ardor.
– Calma, calma. Está tudo bem, seja o que for vamos resolver.
– Acho que não Chris. Não é possível.
– O que não é possível?
– Em breve terei que tomar algumas decisões, mas ainda não estou preparada para falar sobre elas, se não se importa.
– Na verdade, me importo sim. Mas se não quer falar, não precisa. – Disse Chris torcendo interiormente para que ela falasse.
– Não posso ainda.
Ele tocou seu queixo e ergueu sua cabeça com delicadeza. Olhou-a profundamente, como que querendo descobrir o que se passava em sua cabeça.
Fitou-a por um longo tempo, com cada vez mais intensidade e de repente, para a surpresa dela, ele a beijou suavemente nos lábios.
Bárbara perdeu o chão, mas não se moveu.
Seu coração acelerava cada vez mais, enquanto ele prosseguia o beijo com cuidado, tocando levemente seus lábios.
Para Chris, o mundo poderia explodir naquele momento, com ela em seus braços. Nada mais importava. Não queria que o beijo acabasse nunca, pois isso significaria ter de olhá-la novamente e descobrir o que achou. Mas não havia como evitar.
Afastou-se lentamente dela e a encarou. Bárbara parecia aturdida, olhando-o com seus olhos verdes marejados.
Permaneceram em silêncio. Um silêncio ensurdecedor.
E então o telefone tocou.
Chris não se mexeu por alguns instantes, mas depois achou melhor atender, para evitar o constrangimento que pairava no ar.
Foi até o telefone, enquanto Bárbara tentava voltar a si. Aquela semana estava sendo demais para ela. Não conseguia assimilar o que havia acontecido antes e menos ainda o que acabara de acontecer.
Claro que ela era mulher e Chris um homem muito bonito, o que fazia com que, em alguns momentos, uma tensão estranha surgisse entre eles. Mas nada que pudesse levá-la a crer que o que tinham era mais do que uma amizade. Intensa, mas uma amizade.
Em alguns instantes ele voltou e pegou suas mãos.
– Bárbara, me desculpe por isso. Estou emocionalmente atordoado. Soube recentemente que terei de deixar a cidade por algum tempo e a perspectiva de ficar longe de você fez com que eu me desesperasse. Não quero que pense que não a respeito, ou que me aproveitei de como está fragilizada. Não foi minha intenção. Só queria demonstrar o quanto me preocupo e gosto de você, mas acho que acabei exagerando. Por favor, não deixe de ser minha amiga.
A cabeça de Bárbara dava voltas.
– Não se preocupe Chris. Acho que nós dois estamos expostos à muita tensão ultimamente. – ela conseguiu responder – Quando você vai?
– Hoje mesmo, infelizmente.
– Mas você não disse nada, nem me ligou nos últimos dias.
– Não consegui. Soube em cima da hora. Meu trabalho tem me tomado tempo demais, desculpe.
– Quanto tempo vai ficar fora?
– Ainda não sei.
Ótimo. Não bastasse sua vida inteira estar desmoronando, seu melhor amigo ainda estaria distante dela.
– Vai me ligar sempre, não é?
– Tentarei.
– Estará tão ocupado assim?
– Na verdade, tenho também alguns assuntos importantes para resolver, então acho que estarei bem ocupado na maior parte do tempo.
– Me mande mensagens ao menos.
– É claro.
Chris beijou suas mãos ternamente.
– Vamos comer? – Ele perguntou.
Ela assentiu com a cabeça e se sentou. A noite foi estranha e desalentadora. Como todo o resto seria a partir de agora, pensou Bárbara.
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O Protetor - Série case-se comigo - Livro 1
RomanceEle: Daniel McCain, um empresário de sucesso que comanda uma corporação gigantesca fundada e construída com cada gota de seu suor. Controlador, frio e extremamente estrategista Ela: Bárbara McNamara, uma publicitária bem sucedida, criada por uma fam...